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Oswaldo é apresentado no Fluminense: "Não é um desafio, é um prazer"

Oswaldo de Oliveira foi apresentado no Fluminense - Lucas Merçon/Fluminense FC
Oswaldo de Oliveira foi apresentado no Fluminense Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/08/2019 12h52

O técnico Oswaldo de Oliveira foi apresentado oficialmente no Fluminense. Em sua chegada, o treinador, que já esteve com o grupo no empate sem gols contra o Corinthians, em São Paulo, pelo jogo de ida da Copa Sul-Americana, deixou de lado o discurso pronto e evitou falar a palavra "desafio". Para ele, seu retorno ao clube após duas passagens é um imenso prazer.

"Voltar ao clube era um sonho que eu acalentava há bastante tempo. Deixei amigos aqui e reencontrá-los tem sido um prazer sem medida. Não acho que é desafio, é um prazer. É uma coisa que vou fazer com muita satisfação. Temos obstáculos a serem transpostos, mas vou fazer isso com prazer e vontade. Não vejo o lado negativo da coisa. Vejo o lado bom de poder estar aqui, poder ajudar o Fluminense a passar essa situação e voltar ao lugar que ele merece que é disputando posições melhores no Brasileiro, além da possibilidade de passar às semifinais da Copa Sul-Americana", declarou.

O presidente Mario Bittencourt deu as boas-vindas ao novo treinador e destacou que Oswaldo foi um nome de "consenso" entre ele, o vice geral Celso Barros (com quem o treinador teve rusgas no passado) e o diretor de futebol Paulo Angioni.

"É um treinador que confiamos bastante. Já fez parte dessa casa, teve duas passagens muito boas por aqui. Foi uma escolha nossa e de todo departamento de futebol do clube, do Celso, do (Paulo) Angioni e com minha participação também. Tivemos o nome do Oswaldo como consenso depois de colocarmos as opções na mesa. E, dentro dos treinadores que estavam disponíveis no futebol brasileiro, era quem mais se adequava a nosso momento e a nosso perfil de trabalho. Falou-se muito na semana passada, mas quero deixar bem claro que foi uma escolha consensual e definida com critérios técnicos", explicou.

Oswaldo também destacou o trabalho de Fernando Diniz, seu "pupilo" à época de jogador. O novo técnico tricolor disse ter conversado com ele e enfatizou que utilizará boa parte de sua filosofia à frente da equipe.

"Assim que acertei tudo com o Fluminense, liguei para o Fernando de bate-pronto. Mas não consegui falar, ele estava ocupado. Depois ele me retornou depois, nos falamos bastante. Ele falou da equipe, dos jogadores. Dar continuidade ao trabalho do Fernando é um prazer. Além de tudo é meu amigo. Ele é o jogador que jogou comigo em mais clubes. Conheci no Corinthians, encontrei ele aqui, no Flamengo, levei ele ao Santos ... Passa do nível profissional. Tem uma relação muito próxima. Conversamos bastante sobre a filosofia dele. Nós vamos usar muito. Já usamos no jogo contra o Corinthians. Vamos usar muito a posse, a tranquilidade para iniciar a jogada, a coragem dos jogadores trocarem passe", disse.

O treinador, inclusive, admitiu preocupação especial com a defesa, a segunda pior do Brasileirão com 25 gols sofridos em 15 partidas. Para ele, é algo natural do futebol: primeiro se defender para depois organizar o ataque.

"A única coisa que fizemos referência é evitar correr riscos muito próximos de nosso gol. Coisa que tentaremos desempenhar aqui. Iniciei o trabalho ontem dando muito mais atenção à defesa. Mas muito menos pelos motivos passados, mas porque isso é um princípio básico do futebol. Procuramos organizar primeiro a defesa e depois irmos avançando", declarou.

O tom só subiu quando Oswaldo ficou um pouco incomodado com uma questão sobre seu momento atual, por estar fora dos holofotes do futebol brasileiro na última temporada (o treinador estava no Urawa Red Diamonds, do Japão).

"Muito bem. Estou no melhor momento da minha carreira. Experiente, acompanhando tudo. Estou muito bem", declarou, um pouco mais ríspido que na forma serena que marca suas respostas.

Já sobre a recepção um tanto crítica do torcedor, Oswaldo de Oliveira contemporizou. O treinador preferiu uma lembrança carinhosa de sua primeira passagem, em 2001, quando a torcida tricolor o parabenizou em coro na vitória sobre a Ponte Preta, pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro. Naquele ano, o Flu cairia apenas nas semifinais contra o campeão Athletico, na Arena da Baixada, com um gol sofrido no último minuto do jogo.

"A torcida do Fluminense me prestou uma homenagem inesquecível para mim. Fora os títulos que conquistei, a lembrança mais forte e emocionante foi dada pela torcida do Fluminense naquele dia. Tenho um defeito muito grave: não procuro avaliar essas coisas, procuro trabalhar isento para tomar decisões sem interferência externa. Não posso dizer que eu não soube, porque as pessoas acabam dizendo. Eu vejo a torcida muito favorável. Eu fui para São Paulo para o jogo contra o Corinthians apenas na quinta de manhã e fui com mais de 30 tricolores no voo. Não posso dizer que foi uma festa, porque estavam todos muito tensos com o jogo, mas a receptividade foi maravilhosa, as lembranças foram trazidas novamente. Isso teve continuidade com o resultado que conseguimos lá", relembrou.

E como chegou com um bom resultado - o Flu foi comandado por Marcão na beira do gramado - na Copa Sul-Americana, o treinador foi otimista e disse ver a torcida ainda mais confiante em seu trabalho.

"Todos diziam que o Fluminense já estava desclassificado e que o Corinthians já estava escolhendo adversário, conseguimos, ao menos trazer a decisão para o Maracanã. Isso inspirou a torcida. Já tem mais de 30 mil ingressos vendidos e isso demonstra a confiança da torcida não em mim, especificamente, mas na equipe, para termos essa conquista, avançarmos na competição e termos uma aura de tranquilidade para o trabalho", pontuou.

Outros tópicos da coletiva de apresentação de Oswaldo de Oliveira:

Trabalho em andamento
Claro que eu preferiria iniciar com pré-temporada, com tempo disponível para escolher jogadores, mas sabemos que a realidade no futebol brasileiro às vezes não permite essas chances.

"Parabéns" no Maracanã em 2001
Em 2001 foi uma campanha excelente do Fluminense. Perdemos a semifinal em jogo único contra o Athletico-PR lá, em um jogo no qual o árbitro foi muito infeliz. Esse detalhe acabou perdendo para um fato que aconteceu um jogo antes, contra a Ponte Preta, no Maracanã, que coincidente foi no meu aniversário. A torcida do Fluminense me prestou uma homenagem inesquecível para mim. Fora os títulos que conquistei, a lembrança mais forte e emocionante foi dada pela torcida do Fluminense naquele dia.

Episódio com Celso Barros em 2006
Em meu primeiro encontro com Celso eu não me lembrava do acontecido e nem ele. Depois, é claro, as pessoas começaram a falar e essas reminiscências acabam voltando. Mas hoje, 13 anos depois, não faz diferença nenhuma. Estamos aqui alinhados, com mesmo objetivo, pensando da mesma forma. Vamos trabalhar juntos para fazer do Fluminense grande e vencedor.

Nenê e Ganso juntos?
Eles jogaram o último jogo. Se vão progredir jogando juntos eles que vão me dizer. Vamos ver a reação. De bate-pronto não tem nenhum problema, podem sim, pois são dois jogadores de altíssima qualidade. Sempre que for possível vamos utilizá-los. Qualquer coisa que aconteça e pensarmos fazer alguma alteração temos que estar preparados. Mas, de início, são dois jogadores importantíssimos para o Fluminense.

Legado de Diniz
Reconheço o trabalho do Fernando. Ele já tinha feito isso no Audax, por exemplo. Alguns jogadores que figuram em grandes equipes brasileiras eram desconhecidos e são oriundos daquele primeiro trabalho dele que acabou como vice paulista. Aqui, ele repetiu com alguns jogadores que conhecíamos pouco, como o Caio Henrique, o Allan, os meninos de Xerém... Isso é bacana e vamos procurar dar continuidade. Coincide com as minhas características. Em todos os lugares que passei eu revelo jogadores, promovo, dou força, tento recuperar jogadores que estão fora do mercado. É importante ter um grupo forte. Um jogador não sobrevive apenas pelo físico, o técnico e o tático. Existe o mental também. Corpo e mente precisam caminhar juntos.

Transição
A transição tem sido muito boa. Eu cheguei um dia antes da viagem, as ideais do Marcão sobre como formar a equipe e como jogar o jogo lá coincidiram com as minha. Na quarta-feira dirigimos o treino juntos, participei ativamente, fizemos juntos a preleção e o intervalo. Como ainda estou conhecendo o elenco, principalmente os mais novos, isso precisa de um pouco mais de tempo, mas tem sido feito de uma maneira muito boa. Com auxílio de Marcão, Marquinhos, Filé, Júlio e as pessoas que vieram comigo, Sidney, Luiz e Gabriel, temos trabalhado bastante e intensamente esses dias para que possamos fazer uma boa partida e dar boa continuidade no Campeonato Brasileiro.

Pressão no Brasileiro
Avaí teve muito perto da vitória contra o Corinthians ontem. Equipe que está crescendo com o Alberto (Valentim) e um dia ele acabará vencendo no Brasileiro. Espero que não seja na próxima segunda-feira. Vamos procurar adiar isso. Mas nesse momento não estou pensando nessa pressão não, estou completamente voltado ao jogo de quinta, porque é uma classificação para uma semifinal da Sul-Americana. Depois que passar isso vamos voltar nosso pensamento para o próximo jogo.

Renovação dos treinadores
Acho legal. A renovação tem que acontecer. Quase todos os que estão despontando eu tive a honra de trabalhar: Jair, Alberto, Carille, Zé Ricardo... Conheço muito bem. São pessoas de altíssima competência. Procuro não fazer essa separação (entre gerações). É uma coisa eventual. São parâmetros usados para divulgar, para dar um colorido. Mas a competência não pode ser medida pela idade. Ela dá mais experiência aos antigos. Mas a competência decorre de estudos e uma série de circunstâncias.

Relação com os jogadores
No desempenho da função, quando precisa aumentar o tom, aumento sem problema algum. A tranquilidade é uma característica que eventualmente sofre alterações, isso é normal. Mas essa calma, de certa forma, me ajuda no desempenho do que tenho de fazer. A minha função precisa de calma, de reflexão. Eu me sinto bem fazendo isso com calma.

Estilo de jogo
Sou o mesmo de sempre. Vou trabalhar como sempre trabalhei. Se olhar minhas equipes anteriores que foram vencedoras, quando o time é muito bom, pode propor, pode jogar ofensivamente, pode correr riscos, vamos fazer. Quando se precisa ter cuidados, é claro que vamos fazer isso. Isso não pode ser encarado de forma definitiva. Você joga cada jogo contra um adversário com as forças que se tem e tentando neutralizar a força do rival. Esse é o jogo. É claro que existem equipes com uma supremacia absurda que dentro ou fora de casa jogam da mesma maneira. Acho o futebol brasileiro muito equilibrado, tem equipes muito forte. Temos que avaliar sempre seu momento e o momento do adversário. Vamos jogar analisando o adversário e as nossas condições de jogar a partida.

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