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Libertadores - 2019

Renato tenta manter status de rei do mata-mata após "destronar" Felipão

Cesar Greco/SE Palmeiras e Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Imagem: Cesar Greco/SE Palmeiras e Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Bruno Grossi, Jeremias Wernek e Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo e Porto Alegre

27/08/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Nos anos 1990, Felipão enfileirou 11 taças de mata-matas, por Criciúma, Grêmio e Palmeiras
  • Renato Gaúcho voltou só foi eliminado em 4 dos 29 confrontos de mata-mata desde 2016
  • Na volta ao Palmeiras, em 2018, Felipão já caiu de três torneios eliminatórios
  • Nesta temporada, o Grêmio de Renato ainda está vivo na Libertadores e na Copa do Brasil

Hoje (27), às 21h30, Luiz Felipe Scolari e Renato Gaúcho serão protagonistas de mais um embate entre Palmeiras e Grêmio na temporada. Em jogo, uma vaga na semifinal da Copa Libertadores da América e o posto de "rei do mata-mata". Uma honraria que Felipão ostentou nos anos 1990 e que agora tem ficado nas mãos do técnico gremista.

Nas últimas temporadas, Renato alcançou as glórias que o rival já celebrara no passado. Venceu a Copa do Brasil e a Libertadores consecutivamente, em 2016 e 2017. Felipão, na primeira passagem pelo Palmeiras, fez o mesmo em 1998 e 1999 - ele já havia conquistado as duas competições em sequência pelo Tricolor gaúcho, em 1994 e 1995, e o Brasileiro de 1996, quando o torneio ainda tinha o formato de mata-mata. Os dois também ostentam títulos estaduais conquistados no formato mata-mata.

Nesse crescimento de Renato em torneios eliminatórios, Felipão apareceu como um grande técnico em competições de regularidade. Vide a campanha vitoriosa no Campeonato Brasileiro do ano passado. Além disso, levou o Palmeiras a ter a segunda melhor campanha na primeira fase do Campeonato Paulista e à melhor da fase de grupos da Libertadores.

A fama de Felipão

Se por um lado Felipão pode ser considerado o "senhor Libertadores" no Brasil - é o técnico do país com mais vitórias na história da competição -, seu retrospecto recente em mata-mata desde que voltou ao Palmeiras tem sido o principal ponto de questionamento da torcida. Ele caiu nas quatro competições eliminatórias que disputou até agora: duas vezes na Copa do Brasil, uma no Paulista e uma na Libertadores.

Agora, porém, a situação é diferente. Se a cobrança maior em outras eliminações, especialmente contra o Boca Juniors na semifinal da Libertadores do ano passado, foi por uma postura supostamente defensiva demais fora de casa, desta vez o Palmeiras voltou da Arena do Grêmio com um grande resultado na bagagem. A vitória por 1 a 0, com golaço de Gustavo Scarpa, deixa o time em situação bem favorável para o duelo no Pacaembu.

Felipão - Pedro H. Tesch/AGIF - Pedro H. Tesch/AGIF
Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

Para evitar "sentar em cima" da vantagem, Felipão e o elenco já indicaram que vão tirar lições da última eliminação em mata-mata, para o Internacional, na Copa do Brasil. Em vez de tentar administrar o 1 a 0 desde o início, o Palmeiras deve fazer uso de sua tradicional pressão inicial, embalado pela torcida, para buscar um gol cedo. Depois, aproveitar os contra-ataques letais e tentar subir o ritmo no segundo tempo para matar o confronto.

Para manter vivo o sonho de ganhar seu terceiro título de Libertadores e se tornar o técnico brasileiro com mais conquistas na história do torneio, superando os também bicampeões Lula, Telê Santana e Paulo Autuori, Felipão não deve mexer muito no time. A única alteração deve ser a saída forçada de Felipe Melo, expulso no jogo de ida, para a entrada de Thiago Santos como primeiro homem de meio-campo.

A ascensão de Renato

A terceira passagem de Renato como treinador do Grêmio é totalmente voltada ao mata-mata. De setembro de 2016 até agora, o clube gaúcho jogou 29 duelos eliminatórios e levou a melhor em 25 vezes. O aproveitamento de 86,2% em confrontos do gênero se justifica pelo método de trabalho e a política de investir tudo nos torneios e deixar os pontos corridos de lado.

O título da Copa do Brasil de 2016 veio após Renato trabalhar a confiança do elenco. No ano seguinte, a campanha que culminou com a conquista da Libertadores chegou com a cartilha de mata-mata do Grêmio. Como nos velhos tempos. Partidas sólidas defensivamente, com ataque agressivo e atenção a todos os mínimos detalhes. Desde faltas na intermediária até sistema de segurança no desembarque, estadia fora de Porto Alegre e retorno ao Rio Grande do Sul.

Renato Gaúcho - REUTERS/Diego Vara - REUTERS/Diego Vara
Imagem: REUTERS/Diego Vara

Em 2018 a hegemonia estadual foi retomada de braçada, com vitórias incontestáveis em cima do Inter e goleadas contra times do interior. Na Libertadores, a fórmula de mata-mata do Grêmio quase deu certo. A vitória no estádio do River Plate não foi confirmada em Porto Alegre, onde os argentinos fizeram 2 a 1 no segundo tempo e foram à final.

Na atual temporada, o Grêmio tem histórico mais que positivo em mata-mata. A derrota para o Palmeiras foi a primeira em 2019, que foi precedida por seis classificações - somando Gauchão, Copa do Brasil e Libertadores.

O treinador criou uma rotina antes de decisões. Às vésperas de qualquer final, para descontrair o ambiente, o clube contrata um humorista para realizar show particular ao elenco. "Além do foco e concentração, descontração. Se não, eles piram. Eu sei como conversar e brincar com eles no dia a dia. Na hora do trabalho, seriedade. Depois, descontrair. Se ficar só focado e concentrado no trabalho, vai pirar", comentou Renato.