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Jornalistas sul-americanos dão pitacos sobre as Eliminatórias

07/10/2015 21h45

Nicolas Erazo, "Olé", da Argentina

Todos esperam que seja uma Eliminatória parecida com a anterior. Depois do que se passou na Copa América, a Argentina precisa garantir a classificação o mais cedo possível, para dar uma resposta, e buscar uma renovação, e ao mesmo tempo manter o que estiver bem. Partida a partida aparecerão diferentes aspectos e novos jogadores, como Emmanuel Más, do San Lorenzo, Ángel Correa, do Atlético de Madrid, Dybala, da Juventus...

Messi não está, e isso será bom para ver como a equipe se comporta. De 2007 para cá, Messi foi sempre titular, é uma figura indiscutível, é o melhor do mundo, e a seleção se apoia muito nele. Obviamente vai pesar. É uma oportunidade para Gerardo Martino criar um time que sobreviva sem ele. O desafio será armar uma equipe que funcione, que tenha uma base, e que quando ele voltar, possa dar mais potência. Sua ausência tem que ser vista desta forma. A Argentina precisa mostrar que não é dependente dele.

Isso é até bom para o funcionamento. Martino deve armar um meio com Mascherano, Biglia e Pastore, que funcionou bem na Copa América. Agüero comanda o ataque, tendo Di María como ponteiro, e o jovem Correa deve ter uma oportunidade. Aos poucos, Tata deve também optar por jogadores mais jovens, até para testar pensando nos Jogos Olímpicos de 2016.

Ao lado da Argentina, o Brasil será favorito. Tem uma renovação profunda, e precisa recuperar a confiança depois da Copa do Mundo e da Copa América. O Chile também vem muito forte com a empolgação de vencer a Copa América. Grande jogo coletivo e ótimos valores individuais. Equador tem um bom time, o Paraguai sofre uma revolução e mostrou resultado no torneio continental deste ano. A Colômbia também é outra seleção que tem a obrigação de se garantir no Mundial. Peru e Bolívia são outras boas equipes.

Yeison Fajardo Bohorquez, "El Periodico Deportivo", da Colômbia

A Colômbia está pronta para iniciar o caminho ao Mundial de 2018 e chega com expectativas muito grandes pelo seu desempenho nas Eliminatórias anteriores. Porém, a lista de convocados aponta algumas dúvidas, pelo baixo nível de Falcao García e a mudança recente em posições importantes, como nas laterais.

A Colômbia tem como trunfo a manutenção da base de quatro anos atrás. Seguem entre os selecionáveis nomes como David Ospina, Carlos Sánchez, Fredy Guarín, Cristian Zapata e Juan Guillermo Cuadrado, que conhecem plenamento o estilo de jogo do técnico José Pékerman.

No entanto, nomes como Perea, Yepes e Mondragón já não estão tão cotados (o último, por já ter se aposentado do futebol). Para este momento de transição, chegam à seleção cafetera atletas como Jeison Murillo, da Inter de Milão, Santiago Arias e Helibelton Palacios, que concorrem ao lugar deixado por Zuñuga, e Frank Fabra e Johan Mojica, cotados como substitutos de Armero, que perdeu ritmo de jogo.

James Rodríguez, que não estará nestas partidas contra Peru e Uruguai devido a uma lesão, terá um grande desafio: mostrar um desempenho superior do que na Copa América. Seu desempenho aquém do esperado evidenciou outro problema colombiano: a precariedade de criação e alternativas diante de adversários fechados.

James e Cuadrado ficavam muito isolados, mas faltava um clássico "camisa 10", papel que Edwin Cardona e Macnelly Torres podem fazer. Afinal, por mais que a Colômbia tenha goleadores fantásticos, como Teófilo Gutiérrez, Carlos Bacca, Falcao García e Jackson Martínez, será difícil que eles façam a diferença sem que alguém os deixe diante do gol.

Outro aspecto que a Colômbia deve levar em conta nas Eliminatórias é o mando de campo. Na edição anterior das Eliminatórias, os colombianos venceram cinco das oito partidas em casa, e perderam apenas uma. É crucial contar com o Estádio Metropolitano de Barranquilla.

Carlos Silva, "El Grafico/Publimetro", do Chile

Chile levou a última Copa América e venceu o torneio pela primeira vez (Foto: AFP)O time de Jorge Sampaoli chega a uma Eliminatória como nunca esteve antes. Como campeão continental e com emblemáticos jogadores que são destaques no futebol europeu, situação que nos permite pensar numa classificação antecipada e na terceira consecutiva para o Mundial, algo que nunca aconteceu com o Chile.

A fortaleza da seleção se baseia em três pilares: Bravo, Medel e Sánchez. O goleiro pe garantia de segurança dentro e fora de campo. O Pitbull é o jogador mais querido da torcida. Já o terceiro está em estado de graça no futebol inglês. Os gols do atacante ameaçam até a melhor seleção da história do futebol, o Brasil.

Parágrafo extra para Vidal. Apesar de ser fundamental para o Bayern de Munique e para a seleção, a indisciplina do jogador assombra o time. Veremos o que ele pode aprontar.

Pablo Benítez, "El Observador", do Uruguai

Para o Uruguai, Eliminatórias significam crescimento. Está no gene. Com o formato de todos contra todos, o sofrimento se redobra. A situação atual indica que o país não está entre os candidatos a levar uma vaga direta para a Rússia. Brasil e Argentina, apesar de sofrerem duros golpes recentes, estão acima da Celeste, grupo que ainda conta com o melhor Chile da história e com a Colômbia, apesar de sua fraca Copa América.

Paraguai e Peru cresceram. A Venezuela segue progredindo. Equador é indomável em Quito. Só a Bolívia não sabe onde vai chegar.

O Uruguai ainda jogará sem Suárez e Cavani nas primeiras rodadas , mas dará a cara a bater porque não conhece o impossível. Veremos muita entrega e pouco individualismo neste início de torneio.

Marcos Bonilla, "La Razón", da Bolívia

Acho muito pouco provável uma classificação da Bolívia. O futebol local passa por problemas internos, o atual treinador não teve um bom início e ainda teve desentendimento com jogadores, como o Marcelo Moreno.

Logicamente que tem o fator casa, onde a Bolívia consegue vencer seus jogos até mesmo contra adversário fortes e que têm dificuldades de atuar aqui como Uruguai e Brasil. No entanto, outros sabem como atuar aqui. Então, não vamos vencer todos os jogos como mandantes. Sinceramente, não creio na vaga.

Wilmer Molina, "La Hora", do Equador

O Equador não traz grandes mudanças em seu sistema tático. Gustavo Quinteros mantém a mesma linha dos técnicos colombianos que passaram pela seleção entre 1998 e o ano passado, no qual o ponto ofensivo mais forte é a jogada pelos lados. A equipe terá uma baixa no setor neste início de Eliminatórias: Enner Valencia, seu atacante mais perigoso, sofreu uma lesão.

A mescla entre juventude e experiência será outro trunfo para o Equador na busca por uma vaga para a Copa do Mundo de 2018. Nomes como Alejandro Castillo, que voltou a ser convocado após um período em baixa com Quinteros, e Walter Ayoví, são algumas das referências atuais.

O único setor que promete trazer preocupações nos três anos de Eliminatórias é a defesa. Mas creio que, pelos jogadores que a equipe vem apresentando, o Equador tem possibilidades de chegar ao Mundial.