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Apresentado, Doriva diz que não deve seguir filosofias de Osorio: rodízio e improvisações

08/10/2015 12h59

Saiu o colombiano Juan Carlos Osorio, entrou o brasileiro Dorival Ghidoni Júnior, o Doriva. E pelo menos em alguns aspectos, importantes, aliás, as mudanças no comando do São Paulo devem ser mais consideráveis. Em sua primeira entrevista no Tricolor, pelo qual fez história como jogador, Doriva afirmou que, a princípio, não deve seguir com as filosofias de rodízio e utilização de atletas em outras posições, duas marcas do trabalho de Osorio.

- Eu particularmente gosto de repetição. Manter uma equipe base. Claro que em alguns momentos, temos um centro de recuperação muito capacitado, que vai passar informações e no momento adequado que precisarmos fazer alguma troca, faremos. Mas não tenho hábito de mudar. Eu penso que com a repetição, vem o entrosamento - afirmou Doriva.

- Mas lógico que você tem que colocar o atleta que está 100%. Lógico que em algum momento, pela oscilação que os jogadores passam, cartões, lesões, nos momentos oportunos, a gente faz as trocas. Mas não tenho hábito de trocar com frequência - complementou o treinador de 43 anos.

Doriva seguiu a mesma linha ao falar da utilização de atletas em outras posições. Osorio fez isso e teve êxito em diversos casos. Os mais emblemáticos foram com o lateral-esquerdo Carlinhos, que cresceu de produção atuando como ponta direita, e o zagueiro Breno, que teve atuações consistentes como primeiro volante.

Doriva, novo técnico do São Paulo, em entrevista coletiva 

- A gente tem que trabalhar diretamente com atleta. A qualidade deles. Eu não tenho muito o hábito de improvisar jogadores. Mas às vezes as circunstâncias pedem isso. Vamos avaliar isso bem. Com certeza o Osorio tinha essas convicções por ele trabalhar com o atleta, viu perfil, qualidade. Mas de antemão não é a linha que utilizo - disse Doriva.

Doriva teve a oportunidade de conhecer um pouco mais do trabalho de Osorio no Campeonato Brasileiro, quando diria a Ponte Preta. No Morumbi, o São Paulo venceu por 3 a 0, gols marcados por Michel Bastos, Wilder e Ganso.

- Eu tive a oportunidade de jogar contra o Osorio, perdemos. Tem coisas interessantes e tem coisas que a gente vai descobrir. A gente tem o Milton, que trabalhou diretamente com ele. Tem detalhes que só quem trabalhou vai passar. Às vezes, monitorando o jogo, você não consegue pegar. Se tiver algo interessante que a gente achar, vamos manter - afirmou Doriva, perguntado sobre seu antecessor.

Antes de ser apresentado, Doriva comandou o primeiro treino e apresentou um pouco de sua forma de trabalhar. Sob calor forte, ele exigiu muita intensidade dos atletas em uma atividade técnica que durou mais de uma hora. O objetivo era aprimorar a retomada de bola para sair no contra-ataque. Ataque contra defesa e sempre orientando os atletas, chamando cada um pelo nome. Ele disse que a intensidade é uma das exigências para os jogadores.

Confira abaixo outros trechos da entrevista do treinador.

DESAFIO DE TREINAR O SÃO PAULO

É um desafio muito grande, o maior da minha carreira e a alegria é proporcional. A gemte tem dois desafios pela frente, que é a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. E vamos fazer o possível e o impossível para conseguir ser campeão e ficar entre os quatro primeiros no Brasileiro.

COMO FOI A NEGOCIAÇÃO

Quando o Osorio ia se desligar, houve o contato. E ontem por volta de 1h da tarde, a gente chegou a um acordo. Eu me desvinculei da Ponte e imediatamente me coloquei à disposição. Gostaria de agradecer à Ponte Preta, que entendeu o momento, e a projeção que teria para minha carreira

VIVÊNCIA NO SÃO PAULO

A partir do primeiro momento que retornei aqui, passou um filme na minha cabeça. Porque já vivi aqui, como foi dito anteriormente, tenho identificação com esse clube. Pude fazer história com esse clube. Telê Santana me deu credibilidade, sou muito grato a ele. Foi por conta dessa gratidão. Foi uma pessoa que acrescentou muito na minha carreita, tanto dentro quanto fora.

POLÍTICA ATRAPALHA?

Claro que a gente quer ao máximo possível blindar os atletas. A gente sabe que clubes passam por momentos semelhantes, mas a gente está motivando os atletas para chegar aos objetivos

RELAÇÃO COM ROGÉRIO CENI

O Rogério se transformou no personagem do São Paulo. A gente sabe que a história dele é linda, maravilhosa. Nesse momento, conto muito com a ajuda dele. Ele é um líder nato. Já jovenzinho, mostrava esse potencial. Inteligente, diferenciado, sabe articular as palabras. Será im apoio. E é uma alegria, não só rever o Rogério como outros após 20 anos.

PREOCUPAÇÃO COM OS ATLETAS

É minha maneira de trabalhar, estou sempre puxando os atletas, exigindo intensidade. Porque entendo que essa intensidade faz o jogo ser intenso também. Gosto de encorajar os atletas, motivando, para o treino ficar prazeroso. Eu quando era atleta tinha prazer em treinar. E é um momento que a gente está bem, de buscar os objetivos e conquistar. Temos de priorizar isso.

TER TRABALHADO COM EURICO MIRANDA FACILITA COM AIDAR?

Diferentemente do que as pessoas pensam do Eurico Miranda, tive um relacionamento muito bem com ele. Uma pessoa fantástica. Ele tem uma maneira de ser para fora do Vasco, aí reflete na imprensa. Mas quem está dentro do processo, ele blinda muito e é muito sério. Em relação ao nosso presidente, a primeira impressão foi maravilhosa, tive um contato com ele, espero que a gente tenha essa harmonia, é importante isso. De hoje em diante a gente quer criar essa harmonia, essa afinidade, para os atletas também terem essa harmonia. Assim a gente cria laços para os irmos ao objetivo comum

INDICAÇÃO DE JOGADORES

Não, ainda não sentamos, Cheguei tarde, nem tive tempo ainda para conversar. Mas com o passar do dia vamos conversar, temos de pensar antes, sair na frente. Precisa mais tempo.

MÉTODOS DE TRABALHO

Gosto de equipe competitiva, comprometida. Ele exige isso. E o treinamento a gente normalente usa as variantes que vai usar no jogo. O treinamento normalmente vai ter o teor de jogo. Justamente para o atleta se adaptar e fazer as movimentações dentro do jogo. Normalmente utilizo um 4-2-3-1, variando para 4-1-4-1, em alguma circunstancia posso usar três volantes, mas raramente. Gosto muito de trabalhar o treinamento, que não é longo, porém, intenso. Mais ou menos isso que a gente procura cobrar.

PLANEJAMENTO PARA 2016

Entendo que a gente tem de correr contra o tempo para fazer o planejamento, a crise é geral, mas você tem concorrentes. Tem de conversar, provavelmente isso vai acontecer na próxima semana, até para pegar jogador que não está inflacionado.

TERCEIRO CLUBE NUM ANO

Infelizmente, a gente sabe que no Brasil há essa cultura de troca de treinadores. Aconteceu comigo. No Vasco tinha feito um primeiro semestre brilhante, com título, e no segundo teve a oscilação, e decidi que era o momento de sair. E na Ponte surgiu essa grande oportunidade. A gente sabe que no Brasil tem essas trocas. Ainda não há uma lei que proteja o treinador, ou que faça com que esse treinador tenha um tempo longo dentro dos clubes. A gente sabe que é muito em função dos resultados e produtividade. É isso que acontece no futebol brasileiro.