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Liga Europa: Mariano quer manter reinado do Sevilla na competição

05/05/2016 07h20

A Liga Europa entra em seu momento derradeiro e pode ter na final um protagonista para lá de conhecido. Nesta quinta-feira, às 16h05 (horário de Brasília), o Sevilla recebe o Shakhtar Donetsk, na Espanha, e pode estar na decisão pelo terceiro ano seguido se empatar por 0 a 0 ou 1 a 1 (na ida, 2 a 2, na Ucrânia). Além do fator casa, com o apoio maciço da torcida no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, entra em campo também a experiência de saber jogar esse tipo de torneio, vencido pelos espanhóis nas duas últimas edições - com quatro conquistas no total.

O lateral-direito Mariano sabe bem a atmosfera que gira em torno do Sevilla quando o assunto é Liga Europa. Apesar de estar em sua primeira temporada no clube, o brasileiro já incorporou a essência da competição.

- A própria experiência de ter jogado duas finais seguidas motivou ainda mais os jogadores e, principalmente, quem chegou ao clube nesta temporada, como é o meu caso. Conseguimos manter o rendimento, de chegar bem nos principais campeonatos, como a Liga Europa. Estamos tendo uma força muito grande, principalmente em casa. Os jogadores que chegaram nesta temporada encararam de uma maneira positiva, com a mentalidade de conquistar títulos. Estamos na final da Copa do Rei, disputamos a Supercopa da Europa com o Barcelona e estamos brigando para chegar na final da Liga Europa - disse o lateral.

Nesta temporada, o Sevilla disputou a Champions exatamente por ter vencido a Liga Europa, fator que deu ainda mais importância à competição. Mas os espanhóis caíram em uma chave difícil, com Manchester City e Juventus, e terminou em terceiro no Grupo D, voltando à Liga Europa para as fases de mata-mata.

- A Liga dos Campeões não é fácil de jogar, caímos em uma chave bem complicada, com duas equipes grandes e que estão vivendo um grande momento. Uma delas é o Manchester City, que chegou às semifinais do torneio, e a Juventus, que já conquistou o Campeonato Italiano com antecedência e foi vice-campeã na temporada passada da Champions. Voltamos para Liga Europa e estamos fazendo o nosso melhor para chegar à final - disse Mariano.

O técnico Unai Emery já provou que sabe jogar a competição. É diferente quando um jogo é pelo Espanhol ou pela Liga Europa?

Muitos me perguntam isso. Até porque o Sevilla não está tão bem como merecia estar no Campeonato Espanhol. Está em sétimo e na Liga Europa, nas semifinais. É claro que é uma competição diferente. É como jogar o Brasileiro e a Libertadores. E você vai dar preferência em qual você estiver melhor. E estamos nas semifinais da Liga Europa, feito inédito do Sevilla chegar pela terceira vez seguida nesta fase da competição. O trabalho é o mesmo. A Liga Europa te dá uma grandeza maior, pois envolve times de vários países do continente, com grandes equipes. É o campeonato bonito de se jogar.

Enfrentar times de outros países, que não estão tão acostumados a enfrentar o Sevilla, pode facilitar para vocês?

Hoje, as outras equipes já conhecem o Sevilla. É o terceiro ano seguido que o nosso time está chegando nas finais e, com certeza, já sabem como a gente joga e a força que o Sevilla tem, principalmente na Liga Europa. Os outros time já buscam mais coisas sobre a gente. Por exemplo, conversei com os brasileiros do Shakhtar e eles falaram: 'Vejo vídeo de vocês há uma semana. O nosso treinador já vem falando do Sevilla há um tempo, tem mais respeito'. São poucos clubes que chegam por três vezes seguidas à semifinal da Liga Europa.

E desde o ano passado que o campeão da Liga Europa garante uma vaga na Liga dos Campeões...

Nós disputamos a Liga dos Campeões exatamente por isso. Ganhamos a Liga Europa na temporada passada e garantimos o acesso direto na fase de grupos. Espero que consigamos novamente o título, para jogar novamente a Champions, para dar uma erguida ainda maior no Sevilla. Jogar a Champions é para poucos.

Você considera essa partida diante do Shakhtar como a mais importante no Sevilla ou até da carreira?

Com certeza, pois ainda não disputei nenhuma semifinal deste nível. Ganhei um Brasileiro em 2010 pelo Fluminense, fico muito feliz por isso, até porque sou brasileiro. Mas era em pontos corridos. É uma competição que não é fácil. E ganhei também uma Copa da França com o Bordeaux, que também foi uma passagem ótima. Esse título foi muito bom para mim. Disputei a Supercopa Europeia com o Sevilla logo quando cheguei, infelizmente não ganhamos, e ainda temos a decisão da Copa do Rei. Mas esta semifinal é mais importante, pois é de um torneio que, para mim, é o segundo mais importante do mundo, atrás apenas da Liga dos Campeões. Jogam os grandes clubes. Creio que seja a partida mais importante, pois poderemos chegar à final, a terceira seguida do Sevilla.

O Sevilla perdeu o Krohn-Delli por oito meses após uma lesão gravíssima, como as fotos mostraram, parecida com a do Ronaldo Fenômeno pela Inter de Milão. Esse fato pode abalar os jogadores?

Creio que não. Claro que estamos tristes com o que aconteceu com o Krohn-Delli, mas temos a noção de que podemos ganhar esse jogo para ele. O que ele puder fazer para nos ajudar fora de campo, vai fazer. E faremos o impossível para dar essa felicidade para ele, neste momento difícil que está passando e que vai superar. Vamos dar esse presente e, quem sabe, também o título da Liga Europa. Estamos tristes, mas isso pode nos motivar para o jogo contra o Shakhtar.

Vocês enfrentaram o Barcelona na final da Supercopa da Europa, na derrota por 4 a 3 com gol de Pedro na prorrogação, e jogaram no Campeonato Espanhol. O que esperar do duelo contra eles na final da Copa do Rei?

Espero que o Sevilla dificulte muito para o Barcelona. Até então, o normal era 90% para o Barcelona campeão e apenas 10% para o Sevilla. Vamos tentar jogar de igual para igual, sabemos a dificuldade do jogo, ainda mais em uma final, com a grandeza do Barcelona, que está sempre disputando títulos. E vamos buscar esse troféu. Jogamos contra eles em casa e ganhamos, mas perdemos no Camp Nou. É sempre uma partida equilibrada e tomara que a gente consiga esse título.

Muitos dizem que na Espanha é só Barcelona, Real e Atlético de Madrid. Mas vemos Sevilla e Villarreal nas semifinais da Liga Europa e com vantagem para chegar à final. O futebol espanhol está um passo à frente dos outros em termos de competição europeia?

Estamos mostrando isso. Está havendo uma crescente nas equipes espanholas. O Barcelona foi eliminado nas quartas de final da Liga dos Campeões para o Atlético de Madrid, que vai fazer a final com o Real, e Sevilla e Villarreal na Liga Europa, também com possibilidade de final espanhola. O Campeonato Espanhol cresceu bastante e vai continuar crescendo muito mais. O nível é bem alto aqui. Já pude perceber isso em uma temporada.

Vocês pegarão o Shakhtar após ter empatado em 2 a 2 na Ucrânia. Como vocês lidam com essa vantagem adquirida no jogo de ida?

É uma vantagem boa. O nosso objetivo era exatamente esse, sair da Ucrânia sem perder, ter alguma vantagem no jogo de volta. E vamos tentar levá-la até o final. Se no fim acabar 0 a 0 ou 1 a 1, vamos nos classificar e podemos dizer que valeu pela vantagem que tínhamos. Mas o Sevilla vai jogar para vencer e tentar matar logo o jogo, sem pensar apenas na vantagem. Estamos jogando bem em casa e precisamos aproveitar isso também.

Em que o fato de ter pela frente uma equipe com tantos brasileiros pode pesar para a partida do Sevilla com o Shakhtar?

São brasileiros bons, que estão fazendo o seu trabalho, e sabemos a dificuldade que será. Eles foram bem no primeiro jogo, fizeram uma pressão no primeiro tempo, mas depois soubemos administrar na etapa final. Temos que entrar um pouco mais concentrados na Espanha e tentar eliminar esses jogadores importantes do Shakhtar. Temos nossas armas, a força da nossa torcida em casa e o estádio vai estar lotado.

Você ainda marcou pelo Sevilla. O que falta para essa bola entrar?

Estou bem tranquilo quanto a isso, não sou de fazer muitos gols. Às vezes marco um, dois e até três por temporada. Sei que no momento certo a bola vai entrar, tive algumas chances, mas ela não entrou. Mas estou tranquilo, tenho que ajudar os companheiros, fazer minha parte dentro de campo, sem me importar se farei gol. Tento fazer o melhor para o Sevilla e ter tranquilidade. O importante é a equipe sair vitoriosa.

Quando saiu do Fluminense, você foi para o Bordeaux. Qual a diferença entre o futebol francês e o espanhol?

A diferença pode ser vista nesta temporada. O PSG foi campeão com oito rodadas de antecedência e o Campeonato Espanhol faltam duas rodadas, com Barcelona, Atlético e Real na disputa. Pode perceber a diferença por aí. O nível dos jogos é bem diferente. Na Espanha, há mais jogadores técnicos, com mais rapidez no toque de bola. Na França, é mais força, mais ligação direta.

Qual jogador mais chato ou mais difícil de marcar que você enfrentou na carreira? Por que?

No Brasil, tive a oportunidade de marcar o Neymar, que é um jogador fora de série. Aqui no Sevilla, na partida contra o Barcelona em casa, entrei no fim e não tive a chance de marcá-lo, uma vez que joguei de lateral-esquerdo. Cristiano Ronaldo, pelo nome e pelo currículo que tem, é um orgulho estar jogando contra ele, no mesmo campeonato. O Messi é diferente. Ele não fica apenas em uma posição, ele cai de um lado, do outro, vai pelo meio, volta para receber a bola... É um fora de série, foi melhor do mundo por cinco vezes, e com certeza para você marcar a dificuldade é imensa. Mas por ter marcado no Brasil, para mim o mais fora de série é o Neymar.

Você se arrepende de ter deixado o Fluminense?

Não me arrependo pelo que conquistei na Europa. Um título no Bordeaux, vim para o Sevilla e já disputei uma final de Supercopa da Europa, estou na final da Copa do Rei e nas semifinais da Liga Europa. Se arrepender por isso, acho que ninguém se arrependeria. O Fluminense estava em um momento bom, fui campeão em 2010 e terceiro colocado em 2011, além de ter sido o melhor lateral-direito de 2010 e um dos melhores no ano seguinte. Saí no momento certo, sou muito grato pelo Fluminense, torço para o clube, tenho alguns companheiros ainda atuando pelo Tricolor e consegui fazer amigos lá. Não me arrependo, era o momento de sair. Queria crescer, fui para França, depois Espanha. Não tenho do que me arrepender.