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'A decisão do COI sobre a Rússia é frágil e deixa buracos'

25/07/2016 08h05

Coluna publicada na edição desta segunda-feira do LANCE!

Qualquer que fosse a postura tomada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre a permanência ou não da Rússia nos Jogos Olímpicos Rio-2016, o resultado geraria controvérsia. Se o país fosse excluído do evento, os atletas russos considerados "limpos" reclamariam. Se o país não fosse banido, a chiadeira viria principalmente de outros países.

O que o COI tentou fazer em sua decisão anunciada ontem foi encontrar um meio termo, ao proibir qualquer competidor russo com histórico de doping na carreira de disputar a Rio-2016, mesmo que já tenha cumprido sua pena. No fim das contas, a Rússia celebrou a decisão, e a comunidade internacional de combate ao doping considerou isso uma "bagunça confusa", como declarou Travis Tygart, chefe da Agência Americana Antidoping (Usada), e responsável por banir o ex-ciclista Lance Armstrong do esporte.

Por um lado, o COI não tinha tempo para julgar o caso, e precisou tomar uma decisão rápida. Isto foi determinante na solução encontrada, e não se pode ignorar tal fator, já que a Olimpíada começará daqui 11 dias - embora tenha faltado pulso firme para o COI, ao passar para as federações internacionais a decisão final em cada esporte sobre a situação.

Mas, por outro lado, o resultado é frágil e deixa buracos. Certamente, diversos atletas russos ganharão medalhas no Rio de Janeiro. Você vai acreditar na lisura daquele competidor?

Para infelicidade dos atletas russos considerados "limpos", o caso acabou manchando todo o esporte do país. É aquela velha história de todos pagarem pela falha que poucos cometeram. Distinguir atualmente um competidor honesto de um trapaceiro na Rússia é algo complicado, já que nem mesmo o sistema de controle antidoping é capaz de determinar isso, ao se levar em conta que exames positivos eram substituídos.

Diante disso, é de se imaginar que a delegação russa sofrerá algum tipo de hostilidade no Rio de Janeiro. No mínimo, um olhar meio desconfiado de adversários. Isso se não vierem sonoras vaias das arquibancadas brasileiras.