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Bruno Rangel: 'Sou o maior artilheiro da Chapecoense e deveria ser titular'

31/07/2016 06h00

Maior artilheiro da história da Chapecoense e um dos aspirantes ao troféu de goleador do Brasileiro, o atacante Bruno Rangel não vive um bom momento no clube catarinense. Desde a saída do técnico Guto Ferreira e a chegada de Caio Júnior, em junho, o camisa 9 perdeu sequência no time titular e ficará no banco pela terceira rodada seguida da Série A, neste domingo, contra o São Paulo. O veterano de 34 anos se mostrou bastante insatisfeito com a situação.

- Joguei seis jogos como titular com o Caio, mas contra Figueirense e Botafogo, nas últimas rodadas, sequer entrei em campo. Ele não falou nada para mim, mas a imprensa diz que a equipe precisa de mais marcação e disputa no ataque. Eu respeito a opinião deles, mas não concordo, justamente por ser o artilheiro do time e estar brigando pela artilharia do campeonato e até do ano. São coisas que fogem ao meu alcance. Não dá para fazer nada, infelizmente, isso acontece - afirmou Bruno Rangel, em entrevista ao LANCE!.

O atacante assinalou sete gols nesta edição do Brasileiro - três a menos que o artilheiro Gabriel Jesus e quase um terço dos 23 gols da Chape no torneio, além de ter feito 18 dos 66 gols da equipe em 2016. Dez deles foram no Catarinense, em que foi campeão e artilheiro, e um na Copa do Brasil, na qual o Verdão foi eliminado na terceira fase pelo Atlético-PR, na última quarta. Os bons números, em contraste com a condição de suplente, motivaram a revolta do jogador.

- É uma coisa que tinha pedido ao clube. Em minhas passagens, nunca havia tido a oportunidade de começar o ano como titular e isso sempre me prejudicou, porque tinha que correr atrás da artilharia depois. Neste ano, consegui, alcancei minha meta de ser campeão e artilheiro estadual. E agora a comissão técnica tomou essa decisão. Eu, como jogador, não queria ter saído.

- Eu não entendo, mas não pretendo ganhar nada no grito. Sou o maior artilheiro da história time e deveria ser titular. Poderia estar brigando, reclamando, até teria razão, mas não vou reivindicar no grito. Tudo o que conquistei dentro da Chapecoense foi de forma merecida, com o suor do meu trabalho - acrescentou o atacante.

Rangel fez história no clube catarinense. Foi um dos pilares da ascensão da Chape à Série A, em 2013, e após uma rápida passagem pelo Catar, voltou para ajudar a manter a equipe na elite em 2014 e 2015. Em março deste ano, ultrapassou Índio, com 62 gols marcados, e tornou-se o maior artilheiro da história do agremiação. Atualmente, soma 73 tentos. Mais animado ao falar das conquistas e do carinho da torcida, o atleta admitiu que não imaginava que o Verdão do Oeste pudesse ir tão longe em tão pouco tempo.

- Não passava na minha cabeça, nem na do torcedor mais otimista, que aconteceria aquilo tudo, o time subir para a elite no primeiro ano de Série B, conseguir se manter na Série A, ganhar do River Plate em casa (pela Sul-Americana)... A Chape vem surpreendendo não só a mim, mas a todos no Brasil, e ainda tem muito a crescer - avaliou Rangel, que diz ser bastante tietado nas ruas de Chapecó e fica feliz por ter o "trabalho e esforço reconhecidos".

O camisa 9 acredita piamente que o alviverde se manterá na elite m 2017, mas não sabe se prosseguirá no time. Seu contrato termina no fim do ano e Rangel, que já teve passagens por clubes como Goytacaz, Macáe, Boavista, Paysadyu, Guarani e Joinville, sonha em defender uma equipe grande. No entanto, sabe que a idade - avançada para os padrões do futebol - pode ser um empecilho.

- Tenho vontade de passar por um clube considerado grande, mas, infelizmente, as pessoas hoje olham muito para a idade, e não para o futebol. Isso tem me impossibilitado de realizar este sonho, ainda mais porque não tenho experiência em times maiores, como Grafite e Zé Roberto. Ainda não apareceu nenhuma proposta - disse Rangel, novamente chateado ao lembrar que da condição de reserva que o faz perder fôlego na corrida pela artilharia.

- São coisas que fogem ao meu alcance. Eu continuo brigando para ser artilheiro, mas Kempes está tendo a oportunidade dele. Vou continuar fazendo o meu trabalho para que, no futuro, depois que eu sair daqui, se lembrem das coisas boas que fiz pelo time. Minha consciência está tranquila, sei que dei meu melhor. Se as pessoas não estão vendo e não querem ver, vou fazer o que? - questionou, da reserva, o maior artilheiro da história da Chapecoense.