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Sonhos e aulas de italiano: Bruno Henrique se adapta à nova rotina

09/10/2016 07h55

Bruno Henrique começou a temporada sob desconfiança da torcida do Corinthians, já que ganhou a missão de substituir o ídolo Ralf. Em pouco tempo, porém, o ex-camisa 25 convenceu a torcida e especialmente o técnico Tite de sua importância e não saiu mais do time até a venda ao Palermo (ITA), concretizada em agosto. Xodó do atual técnico da Seleção Brasileira em seus últimos meses de Corinthians, o volante de 26 anos mantém o sonho da primeira convocação.

- Para pensar em Seleção, você tem que estar jogando em alto nível, independentemente do lugar onde esteja. O Campeonato Italiano é muito competitivo e isso me ajudará a manter um bom ritmo de jogo - diz, ao LANCE!, o ex-corintiano, e que garante não ter conversado com Tite desde que o treinador saiu do Corinthians.

Jogador do Palermo desde 29 de agosto, Bruno Henrique já entrou em campo cinco vezes pelo novo clube, sendo três jogos como titular (Crotone, Atalanta e Sampdoria) e dois saindo do banco (Napoli e Juventus), todos válidos pelo Campeonato Italiano. Em pouco tempo na Itália, o brasileiro tem recebido apoio do zagueiro Thiago, que nasceu em Curitiba, começou a carreira no Cuiabá, mas é naturalizado polonês e jogou até a Eurocopa neste ano com a camisa da seleção européia. Os dois jogadores nascidos no Brasil se concentram juntos, e o mais experiente ajuda o novato na adaptação.

- Ele vai me explicando como tudo funciona. Quando precisa traduzir alguma coisa dentro do campo ou alguma instrução do técnico, ele também me ajuda - conta Bruno Henrique, que tem família na Itália e se sente cada vez mais em casa.

- É muito legal estar passando por essa experiência. Eu estou estudando italiano, mas ainda não consigo me comunicar bem, então me viro no inglês. Na Europa quase todos os jogadores falam inglês, então dá para se comunicar legal.

Bruno Henrique começou nas categorias de base do Iraty, defendeu Atlético-MG (na base) e Londrina, onde se destacou e chegou à Portuguesa. Após uma boa temporada no clube paulista, foi comprado pelo Corinthians e entrou em campo 125 vezes, com sete gols marcados e o título do Brasileirão de 2015. A história agora é outra.

- O futebol italiano é um pouco diferente do Brasil. É bem tático, muita disposição física e intensidade. Estou me dedicando - ele diz.

BATE-BOLA com BRUNO HENRIQUE

VOLANTE DO PALERMO, ao LANCE!

Como resume sua passagem pelo Corinthians? Foi uma realização pessoal e profissional defender o clube por quase três temporadas?

Em 2014, passamos por um ano de reformulação de uma equipe muito vitoriosa. Foi uma temporada difícil, mas tivemos bons resultados. Em 2015, foi ótimo. Jogamos muito bem e conquistamos o Brasileiro, mas, infelizmente, sofri duas lesões sérias, que atrapalharam meu crescimento. E, em 2016, foi meu ano mais regular. Eu consegui jogar quase todas as partidas e tive um crescimento e amadurecimento muito grandeS. Sem dúvida nenhuma, ter ido para o Corinthians foi a realização de um sonho pessoal e profissional. Jogar no Corinthians é uma sensação inexplicável.

Você virou titular só neste ano. Acha que essa oportunidade podia ter chegado antes?

Ano passado também tinha conseguido uma boa sequência como titular no Brasileiro, mas sofri uma lesão no tornozelo, que me dificultou. No Corinthians é difícil você chegar e já ser titular, ainda mais na minha posição, onde só tinha jogadores importantíssimos e vitoriosos. Então leva um certo tempo pra você conseguir uma sequência como titular e isso é normal.

O que espera de sua passagem pelo futebol italiano? Como está sendo disputar o Campeonato Italiano e ajudar a resgatar o futebol no país?

Espero continuar crescendo muito aqui. O futebol italiano tem um jogo muito tático e será importante para ganhar experiência, evoluir a leitura de jogo e melhorar cada vez mais na carreira.

Como vê o nível dos volantes do Corinthians hoje? O time está bem servido?

O nível está muito bom. Na minha opinião, o Corinthians está bem servido nessa posição porque são excelentes jogadores.

Conhece o Jean, o novo reforço? Como você, ele começou no futebol paranaense, veio de divisões inferiores...

Não o conheço, mas fico feliz por ele ter saído do mesmo estado que eu e ter chegado ao Corinthians. Espero que ele trabalhe forte todos os dias e tenha paciência para estar preparado quando a oportunidade aparecer para entrar e arrebentar.

Como vê o momento do Corinthians, que perdeu tantos jogadores no ano. Há força para se recuperar? Acredita que o time dispute títulos neste ano?

Vejo que o clube vive um momento difícil por todas essas situações, mas o Corinthians é muito forte e sempre aparecem jogadores que entram e dão conta do recado. Ano passado pouca gente acreditava na nossa equipe e conquistamos o Brasileiro. Acredito que brigará por títulos, sim.

Como foi sua relação com o Fabio Carille nos anos em que trabalharam juntos? Acha que ele está pronto para a missão de ser técnico do Corinthians?

Sim. Desde quando cheguei ao Corinthians, tive a oportunidade de trabalhar com ele. O Fabio é um cara muito sério e competente, que vem se preparando há bastante tempo para ser técnico. Acho que ele tem tudo pra ser um grande treinador. É um cara que exige muito dos atletas no dia a dia, cobra sempre para fazer algumas coisas a mais porque vão melhorar o desempenho de cada um. É um grande profissional.

Seu substituto no time titular é o Camacho, que já é um dos principais desarmadores no time. Acha que sua herança está sendo bem aproveitada? O que acha dele?

Que bom que ele está conseguindo jogar bem. É um ótimo jogador e tem bastante técnica. Torço pra que ele consiga crescer muito no Corinthians e ajudar o time da melhor maneira.

Você já tem cinco jogos no futebol italiano, sendo três como titular e dois como reserva. Se sente adaptado ao clube e ao modo de jogar do país?

Apesar do pouco tempo, já me sinto bem adaptado ao país. Todo mundo do clube me recebeu muito bem e isso me deixou bem feliz. Quanto ao futebol, ainda não me adaptei totalmente porque cheguei há um mês. Aos poucos, vou conhecendo a maneira de jogar, aprimorando algumas coisas e logo estarei bem adaptado.

Você é o único brasileiro em um elenco que tem africanos e europeus de diversos países. Como tem feito em relação às diferenças culturais? Já está entrosado, próximo de todos? Como?

Na verdade, tem um brasileiro no elenco. Ele chama Tiago, é naturalizado polonês, e tem me ajudado bastante. Nós concentramos juntos e ele vai me explicando como tudo funciona. Quando precisa traduzir alguma coisa dentro do campo ou alguma instrução do técnico, ele também me ajuda. Sobre a questão cultural, é muito legal estar passando por essa experiência. Eu estou estudando italiano, mas ainda não consigo me comunicar bem, então me viro no inglês. Na Europa, quase todos os jogadores falam inglês, então dá para se comunicar legal.

Para encerrar, queria que você fizesse uma reflexão: o que mudou no Bruno Henrique destaque do Paranaense pelo Londrina em 2013 para o Bruno Henrique de hoje? Em que você cresceu e mudou? Onde você pretende chegar?

Nossa, muita coisa. Cresci muito, tanto pessoalmente como profissionalmente. Sempre trabalhei muito forte e com pensamento positivo de crescimento. E continuo com esse objetivo. Espero me adaptar o mais rápido possível ao futebol italiano e evoluir muito por aqui. Pretendo chegar o mais alto que eu puder.