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Andrés nega candidatura e diz que Corinthians tem que ter "bandido do bem"

Ernesto Rodrigues/Folhapress
Imagem: Ernesto Rodrigues/Folhapress

20/10/2016 17h24

Quatro anos depois de deixar a presidência do Corinthians, Andrés Sanchez afirma que não tem interesse em voltar ao cargo. Ainda muito envolvido na política do clube, o deputado federal (PT-SP) declarou em entrevista nesta quinta-feira, à Rádio Bradesco Esportes, que não será candidato na próxima eleição do clube.

O pleito deve ocorrer no fim de 2017, caso os sócios do Timão aprovem uma série de mudanças estatutárias neste sábado.

"Vou deixar claro: não serei candidato", afirmou Andrés Sanchez, que disse estar relutando contra pedidos de aliados para se candidatar.

Sobre o atual elenco, Andrés Sánchez afirmou que o principal problema foi o fato de os jogadores de maiores nomes contratados para a temporada ainda não deram certo. O ex-presidente ainda aproveitou para provocar Atlético-MG e Santos, ex-time de Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel, respectivamente.

"Que vai ter um time competitivo (na próxima temporada), tenho certeza. Mas esse ano, os três jogadores que iriam desequilibrar, ainda não se acertaram no Corinthians. Jogar em time grande não é fácil, tem que dar tempo para se adaptar. Ainda mais vindo de onde vieram, de times que não tinham o mesmo tamanho", afirmou.

Na conversa, Andrés ainda disse que os jogadores baladeiros são os que mais ele gosta. Chamando de "bandidos do bem", o ex-presidente afirmou que é necessário jogadores com esse perfil para que o time dê certo.

"(Jogador baladeiro) São os que eu gosto. Fui junto (para balada) só com o Ronaldo e com o Edu, quando jogava. A maioria das vezes, encontrava o jogador lá. Desde que ele treine e jogue bem, não sou babá de ninguém. Time de futebol, principalmente o Corinthians, tem que ter uns bandidos, senão não vai", afirmou.

"Corinthians tem que ter meia dúzia, 10 bandidos do bem. O maior bandido que eu conheci foi Emerson Sheik, mas bandido do bem. Chegava e falava que no dia seguinte não ia jogar. Se fosse campeão dizia pra não contar com ele por dois meses. Vou falar o que? Foi campeão. Mas tem jogador que fica com a cabeça abaixada, quieto, é o que mais tem".

Relação com Roberto de Andrade

O ex-dirigente corintiano também negou ter rompido relações com o atual presidente alvinegro, Roberto de Andrade. Embora tenha admito que já não é mais consultado sobre as principais decisões do clube, ele garantiu que a relação entre ele e Andrade ainda é boa.

"Eu não briguei, não discuti, não rompi nem nada. Com o (ex-presidente Mario) Gobbi eu tive problemas no último ano. Com o Roberto de Andrade, depois de dezembro de 2015 eu só falei com ele quando ele me pediu opinião. Eu fiquei chateado e decepcionado porque o diretor de futebol (Eduardo Ferreira) tem que saber quem vai ser o treinador, não custava nada para o Roberto falar", disse Sanchez, se referindo à escolha por Oswaldo de Oliveira.

Na última semana o "Lance" mostrou que Andrés tem conversado com membros da oposição do clube e se aproximou ainda mais de Paulo Garcia, que pode lançar candidatura em 2017.

Confira outras declarações de Andrés Sanchez durante a entrevista:

ANDRÉ E RODRIGUINHO JÁ CHEGARAM BÊBADOS PARA TREINAR?

"O André eu nunca soube de ter chegado bêbado. O Rodriguinho chegou algumas vezes de ressaca. Isso é normal. Quer time mais baladeiro que o de 2009, quando fomos campeões invictos do Paulistão e ganhamos a Copa do Brasil? Elias, Jorge Henrique, Cristian, Liedson, Souza, Ronaldo".

PERFIL DO TORCEDOR NO ESTÁDIO

"Em todas as arenas novas mudou o perfil do torcedor. São brasileiros e corintianos iguais a nós. Não é porque ele é milionário que ele tem que ir na arquibancada e fazer xixi em banheiro químico. Tem direito de fazer em banheiro decente. É normal que com a globalização o público vá mudando. Se eu gosto ou não é indiferente. Eu gosto de bagunça, de bandeira. Mas não é culpa do Corinthians, é culpa do Ministério Público. Acho que o estádio tem que ser fatiado, metade para o povão e metade para ao povo rico".

CONTRATAÇÃO DE ADRIANO EM 2011

"(Perdi) Muitas horas de sono, mas depois que ele fez o gol contra o Atlético, foi tudo pago. Eu não queria o Adriano. A diretoria, o pessoal do time, que queria. Adriano eu não queria, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Já tinha dado certo o Ronaldo, Adriano não era possível".

TECNOLOGIA NO FUTEBOL

"Sou contra tecnologia no futebol, senão vai perder a graça. Tem que ter para ver se foi gol ou não. De resto, não tem que ter".