Topo

Diretor executivo estuda a criação de rede de monitoramento de atletas na América do Sul

06/12/2016 19h53

Com a temporada perto do fim, muitos clubes já começam a por em prática o planejamento para o calendário de 2017. A busca por jogadores em mercados estrangeiros novamente deve ser uma prática adotada pelas equipes brasileiras, que cada vez mais recorrem aos países vizinhos para reforçar o elenco. Para evitar a concorrência e os valores inflacionados, a alternativa é detectar os jogadores de talento antes dos concorrentes com maior poder aquisitivo.

A ideia é a defendida por Rui Costa, considerado um dos principais executivos de futebol do país e peça-chave na mudança do limite de estrangeiros por equipe, feita em 2014. Para o diretor, os brasileiros ainda estão bem atrás dos europeus na observação de atletas em ligas estrangeiras, tanto em abrangência quanto em qualidade de mapeamento. Mesmo com limitações de orçamento, ele acredita que investir nesse setor trará retorno técnico e financeiro ao clube.

- Ainda estamos atrasados na composição destas redes de observadores pelo mundo, o que é natural, eis que, historicamente, fomos sempre fornecedores. Na medida em que adotarmos uma postura mais agressiva, agora na posição de compradores, poderemos ter uma informação qualificada dos mercados estrangeiros antes dos concorrentes. Este será o grande diferencial para o futuro - afirma o executivo, à frente do Grêmio por mais de três anos, entre 2013 e 2016.

Desde que saiu do clube gaúcho, em maio, ele desenvolve modelos de gestão modernos enquanto analisa as possibilidades para 2017. Atualmente, um dos conceitos que avalia como indispensáveis é criação e manutenção de uma rede de observadores e parceiros em outros países, sobretudo na América do Sul. A inspiração para a proposta vem dos clubes portugueses - por exemplo, o Benfica possui quase 200 profissionais parceiros espalhados pelo mundo para a função.

- Ao meu entender, é necessário que se construam parceiras com clubes formadores de países de reconhecida capacidade de formação de atletas, para que possamos deter a informação antes dos europeus, ainda que tenhamos que lidar com os problemas orçamentários que nos retiram competitividade - interna e externa. A partir deste mapeamento, abrimos um leque maior para a descoberta de talentos por um baixo custo - e, posteriormente, obter lucros por valores maiores de revenda.

Estudioso do mercado de atletas dentro e fora do Brasil, ele foi um dos responsáveis pela contratação do atacante Miller Bolaños, que, à época, foi bastante desejado por times nacionais e europeus. Assim como o equatoriano trazido do Emelec, Rui Costa crê que o perfil do reforço deva ser adequado às necessidades específicas do clube.

- Penso que não exista um perfil ideal ou específico de atleta estrangeiro. Mais do que a nacionalidade do atleta, há de se observar suas métricas, profissionalismo, capacidade de enfrentamento de adversidades, perfil psicológico, e, sobretudo, a ambição diante do projeto de carreira que lhe é apresentado. É fundamental que tudo isso seja analisado em cada atleta antes de cada contratação - finaliza.