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Prass lembra como jogo do "Acabou, Petros" mudou sorte contra Corinthians

Reinaldo Canato/UOL
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

22/02/2017 07h00

Fernando Prass já tinha disputado quatro Dérbis até chegar ao seu clássico mais marcante contra o Corinthians. No dia 19 de abril de 2015, a semifinal do Paulista elevou o goleiro ao hall de grandes jogadores da história do Palmeiras e mudou a história do Palmeiras diante do maior rival: após anos em baixa, aquele foi o primeiro jogo da sequência de dois anos de invencibilidade alviverde. Para o camisa 1, aquela vitória por 6 a 5 nas penalidades foi sua participação mais marcante no duelo que completa 100 anos em 2017.

Questionado sobre o seu primeiro Dérbi - 2 a 2 no Pacaembu em 2013 -, Prass teve dificuldades para lembrar. Só que daquele clássico em Itaquera, dois anos depois, o goleiro conta os detalhes que antecederam a famosa imagem de "Acabou, Petros", antes de pegar o segundo pênalti e garantir a classificação do Palmeiras à final do Paulista na casa corintiana.

Depois do empate por 2 a 2 no tempo normal, a semifinal de 2015 parecia ter final feliz para o lado alvinegro, pois durante toda a série, o adversário esteve em vantagem. A sorte virou apenas na última cobrança antes da série alternada.

"O Elias era o último (a cobrar no Corinthians), o Robinho tinha errado o primeiro nosso. Depois a gente fazia e eles faziam e assim foi até o último pênalti. Se o Elias fizesse, acabava. Ele bateu no meu canto direito e eu peguei à meia altura", recorda Prass.

Kelvin foi o próximo a bater e colocou o Palmeiras em vantagem. Na sequência, Petros iria cobrar para o Corinthians, mas após indefinição o zagueiro Gil foi quem chutou - e bem. Nova série alternada, e Jackson fez para os visitantes. Finalmente era a vez de Petros. E Fernando Prass, movendo-se em cima da linha, avisava: "Acabou, Petros". Foi aí que o camisa 1 se consagrou.

"Era para o Petros bater, mas foi o Gil, e o Petros ficou para o outro. Lembro que o juiz apitou e o Petros ficou uns dez segundos parado. Ele não vinha para bater o pênalti, acho que para tentar me desconcentrar e eu também tentei desconcentrar ele de alguma maneira. Comecei a me mexer, a conversar com ele. Até vi uma entrevista dele falando que não teve culpa, que bateu bem, e bateu mesmo. Forte, no canto, mas consegui pegar e a gente passou", conta.

No ano seguinte, o goleiro voltou a ser protagonista do clássico quando pegou outro pênalti, desta vez de Lucca, e na sequência Dudu fez o gol da vitória alviverde no clássico do Paulistão de 2016. Após nove jogos contra o Corinthians (são três vitórias, cinco empates e uma derrota), o ídolo sabe como poucos a importância do jogo para o clube e a torcida.

"Faz quase dois anos que não perdemos o Dérbi e é um jogo diferente. Tivemos o Dérbi no Pacaembu, porque não poderíamos jogar em casa, em que vencemos por 1 a 0, teve o gol do Dudu, o pênalti do Lucca. É uma reação diferente quando se pega um pênalti contra o Corinthians, do que contra o Flamengo, contra o Grêmio... é diferente quando se ganha do Corinthians. É um gosto diferente", explica.

Veja um bate-bola exclusivo com Fernando Prass:

Qual sua lembrança do primeiro Dérbi que disputou?
Meu primeiro... qual foi o primeiro? 2013, Pacaembu, né? Não lembro de muita coisa. Falando agora me lembro de alguns lances do jogo, lembro de algumas defesas, principalmente no gol do outro lado do tobogã, mas as memórias mais vivas do clássico que eu tenho são as mais recentes (risos).

Naquele jogo era um time campeão mundial e vocês em reconstrução antes de disputar a Série B...
Era um momento difícil aquele. O torcedor estava por baixo com a autoestima, o clube também, era difícil. O Omar (Feitosa, hoje preparador físico) era diretor na época (gerente de futebol) e era difícil convencer o jogador a vir para o Palmeiras. Com dificuldades financeiras, na Segunda Divisão... o Omar teve trabalho para fazer naquela época. Era um momento de muita tensão por isso. O Corinthians vinha de um momento muito bom e eram quase extremos.

Como pode resumir o Dérbi?
Jogo grande. Jogo bonito, de estádio cheio, grande adversário do outro lado, de qualidade.

Por que o Palmeiras tem tido tanto sucesso em Itaquera?
Ah, não sei. Não tem segredo, cada jogo é uma história. Não tem uma fórmula para jogar lá.

Você já disputou Grenal, Atletiba, Vasco e Flamengo e o Dérbi. Consegue dizer qual é o maior?
Difícil falar, em Porto Alegre são duas equipes só. Na semana de Grenal, tem 20 mesas. Dez são do Inter, dez do Grêmio. Aqui vai ter são-paulino, santista, e como é uma metrópole vã ter até de outros estados, mas entra no hall de rivalidade com Grenal, Atletiba, Cruzeiro e Atlético, Bahia e Vitória, entra no top da rivalidade regional, ainda mais em São Paulo que as coisas ganham um tamanho maior.

Como é sua relação com a torcida do Corinthians?
Eu graças a Deus, apesar de ser rival, entre aspas inimigo dos corintianos, eu nunca tive problema e sempre fui muito respeitado. Pedem para dar autógrafo, pedem foto, dizem que gostam de mim, mas que são corintianos. Eu brinco que dá tempo de mudar (risos). Mas de modo geral sempre fui bem tratado pela torcida do Corinthians e a recíproca é verdadeira. Trato muito bem, se não for torcedor do meu time, já tirei muita foto com corintiano, para mim a rivalidade fica entre os jogadores no campo e a torcida nas arquibancadas. Fora de campo tem o respeito.