Da desconfiança à afirmação: como "chineses" viraram pilares da seleção
"Quando o cara fala 'ele convocou um ou outro porque é queridinho dele' vocês não sabem como isso me dói, porque isso não é legal. Se tem uma coisa que na minha vida procuro fazer é não dar privilégio.
A frase é de Tite, que omite sobre quem está falando. Contudo, é fácil decifrar que o técnico da Seleção se refere às críticas recebidas quando, há pouco mais de um ano, convocou Renato Augusto e, sobretudo, Paulinho para a seleção brasileira. O tempo tratou de mostrar quem estava certo. Se nesta terça-feira o Brasil pode se classificar para a Copa do Mundo ao vencer o Paraguai (e Equador e Chile tropeçarem), muito se deve à dupla de "chineses", que foram de contestados a pilares da equipe canarinho.
De fato, a dupla é "queridinha" de Tite, mas não apenas por ter trabalhado com ele no Corinthians. O papel tático dos meias, que marcam, criam e chegam na área para finalizar, é visto pelo treinador como fundamental para o sucesso da equipe. E a intensidade com que fazem isso é imprescindível. Mas como os jogadores de Beijing Guoan e Guangzhou Evergrande, ambos da China, conseguem ter tanto vigor físico mesmo jogando em uma liga considerada menos competitiva que as europeias e a brasileira? Parte dos méritos é do próprio técnico e sua comissão, mas muito se deve aos atletas.
Cientes de que o ritmo do futebol chinês é mais leve, Paulinho e Renato Augusto contrataram profissionais para os acompanharem na Ásia. Eles cuidam de treinamentos, alimentação e todos os detalhes para que eles estejam "voando". Paralelamente, o fisioterapeuta Bruno Mazziotti e o preparador físico Fabio Mahseredjian, ambos levados à Seleção por Tite, acompanham índices da dupla e cobram que eles estejam em alto nível.
O emocional também influi. Após separar-se da mãe de seus dois filhos, Paulinho está em novo relacionamento e recentemente renovou contrato com seu clube. Ele diz a amigos que se sente melhor na China do que na Inglaterra, onde era pouco aproveitado no Tottenham.
Por falar em emocional, a partida das 21h45, terá um caráter especial aos meias, que voltarão à casa do clube em que viveram momentos grandiosos da carreira. Paulinho não chegou a defender o Corinthians na Arena, mas certamente será ovacionado pelos alvinegros nesta noite. Já Renato Augusto foi campeão brasileiro em Itaquera e se firmou na Seleção justamente após brilhar pelo Timão.
A Rússia nunca esteve tão perto para a Seleção - e também para Renato e Paulinho. Os "queridinhos" de Tite já conquistaram todo o Brasil.
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