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Falcão racha de novo com confederação e lidera boicote à seleção

Falcão em ação pelo Brasil Kirin - Reprodução / Facebook
Falcão em ação pelo Brasil Kirin Imagem: Reprodução / Facebook

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

23/03/2015 18h23

Maior jogador da história do futsal, Falcão diz que os atletas brasileiros vão boicotar a seleção brasileira caso o Marcos Madeira ganhe as eleições para presidente da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) marcadas para terça-feira da próxima semana. O craque afirma que mesmo o Mundial de 2016 na Colômbia não contaria com os profissionais. “Não pode ceder por causa do Mundial”.

O boicote deve ocorrer porque o atual presidente da Federação Mineira concorre em chapa única. As divergências entre atletas e cartolas remetem ao balanço da entidade referente ao período entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. As contas foram rejeitadas levando a perda de patrocinadores e proibição de firmar contratos com estatais. Enquanto a crise crescia no futsal, Madeira era oposição aos cartolas e repassava ao atletas o andamento da apuração das irregularidades. Mas no começo deste mês, aceitou em sua chapa uma das atuais vice-presidentes, Louise Bedé.

A decisão foi interpretada como mudança de postura e falta de compromisso com as reivindicações, declara Falcão. Ele conta que ouviu de Madeira frases como “os atuais dirigentes são caso de polícia e deviam estar presos”. Supervisor da seleção, Reinaldo Simões lembra que Madeira se referia a Louise como “chefe de quadrilha”.

Falcão está confiante com a coesão do movimento. Conta que a decisão de não atender convocações foi tomada pelos principais jogadores do Brasil e tem o apoio dos maiores clubes do Brasil. Representantes de outras equipes devem conversar com os atletas nos próximos dias. No momento, os clubes estão em Jaraguá do Sul (SC) para disputar a Taça Brasil de Futsal. “A base tá unida, confio nos jogadores. Os clubes estão unidos em não liberar jogadores”.

O grupo quer transparência dos dirigentes em relação ao uso dos recursos e pedem um gestor no comando para fazer o esporte crescer. Falcão declarou que não via restrição ao nome de Madeira até semana passada, quando houve uma reunião com presidente de 10 federações. Na ocasião, todos adotaram o discurso de que para ganhar as eleições precisavam se juntar aos atuais cartolas. Como compensação, os jogadores poderiam indicar nomes desde que Madeiro fosse eleito. Foi o motivo de um novo capítulo de uma crise que se arrasta desde maio do ano passado, data em que as contas da CBFS não foram aprovadas e quando houve o primeiro racha entre Falcão e os cartolas.

A rejeição do balanço fez a entidade trocar de presidente pela primeira vez na história. A confederação foi comandada por Aécio de Borba Vasconcelos desde a sua fundação em 1979 até o ano passado. Ele deixou o cargo sob suspeita de mau uso de recursos e nepotismo – três filhas ocupavam cargos de diretoria. Em seu lugar assumiu Renan Tavares, que poderia permanecer no cargo até 2017. A antecipação das  eleições ocorreu porque sem aprovas as contas os patrocínios sumiram e os Correios deixaram de estampar as camisas da seleção. "Hoje você fala que é do futsal e as marcas nem atendem", protesta Falcão.

Por causa desta situação, atletas como Falcão, Neto e Tiago recusaram convocações durante um período. A paz foi selada quando Serginho Schiochet assumiu o posto de treinador da equipe em julho do ano passado. Ocorre que ele e toda a comissão técnica entregaram os cargos nesta segunda-feira. Serginho diz que tomou a decisão para dar liberdade ao próximo presidente, mas o atual supervisor da seleção, que também deixou o emprego, adota um discurso diferente. Reinaldo Simões conta que está de saída porque não vê Madeira uma perspectiva de mudança. Acrescenta que ao se aliar com Louise Bedé ficou claro que nada será alterado na administração da CBFS.

A Confederação Brasileira de Futsal foi procurada pelo UOL Esportes, mas não respondeu se iria se manifestar. A Federação Mineira de Futsal informou que Marcos Madeira estava no médico e não podia dar entrevistas.