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Novato da seleção de futsal é comparado a Messi e veste a 10 do Barça; veja

Bateria - Luis Domingues/CBFS - Luis Domingues/CBFS
Bateria com a camisa 11 da seleção, a mesma que usará na Copa do Mundo
Imagem: Luis Domingues/CBFS

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

11/09/2016 06h03

Ele veste a camisa 10 do Barcelona, dá dribles desconcertantes, é canhoto, mas finaliza bem com as duas pernas e tem o cabelo loiro. A descrição se aplica muito bem a Lionel Messi. Mas o jogador em questão é brasileiro e defende a equipe nacional na Copa do Mundo de Futsal da Colômbia.  Seu nome é Dione Veroneze, mas quase ninguém o conhece assim. Para todos, ele é o Bateria.

O jogador de 25 anos de idade tem sido um dos principais destaques do clube catalão desde que chegou – há duas temporadas – e também é apontado como o sucessor de Falcão na seleção, que estreia no Mundial neste domingo, às 20h (de Brasília), contra a Ucrânia.

“Lá na Espanha o pessoal até brinca e faz alguns comentários que lembro Messi por causa de alguns lances e gols e pelo fato de usarmos a mesma perna. Agora ficou até mais parecido porque ele também está loiro (risos). Mas estou longe disso. Se eu jogar 50% do que ele joga já estou feliz. O que ele faz é incomparável”, disse Bateria ao UOL Esporte.

“Sobre o Falcão, ele sempre foi o meu ídolo, desde criança. Cresci vendo jogos dele e tudo o que fez. Sempre foi meu sonho poder atuar ao lado dele e agora estou tendo esta oportunidade”, disse.

Bateria vive momento de ascensão na carreira. Nascido na cidade de Palmitos (SC), o ala atuou no Brasil até 2011, defendendo o Krona Futsal, de Joinville. Naquele ano, mudou-se para a Espanha. Foi contratado pelo Inter Movistar, clube no qual ficou até 2014 e pelo qual se consagrou campeão espanhol. De lá, seguiu direto para o Barça, onde conquistou a torcida e títulos, como Copa Cataluña e a Cataluña Cup da Indonésia. Também foi vice-campeão da Copa da Uefa.

Bateria 2 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
“Evoluí muito jogando na Espanha. A estrutura que temos é fantástica, estou atuando na melhor liga nacional do mundo e também tendo a oportunidade de jogar a Copa da Uefa, que é um torneio que todo atleta deveria jogar ao menos uma vez na vida. O meu aprendizado ao longo destes anos foi enorme”, afirmou.

Na seleção principal, seu currículo ainda é curto. As únicas competições oficiais que fez até hoje foram o Grand Prix de 2013 e as Eliminatórias para a Copa do Mundo, quando foi campeão, artilheiro e eleito o melhor jogador.  O Mundial da Colômbia será o seu primeiro. Ele é o mais novo entre os 14 convocados pelo técnico Serginho.

 “É um privilégio poder vestir a camisa da seleção em um Mundial. Espero poder ajudar bastante a equipe para buscar mais uma medalha de ouro e seguir com esta tradição”, disse o jogador, que em 2010 foi campeão sul-americano sub-20 justamente na Colômbia.

“Acredito que ele possa ser um sucessor do Falcão na seleção. O Bateria vem em um momento muito bom. É um jogador de dribles rápidos e que tem uma finalização muito forte com a perna esquerda. Espero que possa fazer um grande Mundial e se consolidar ainda mais”, afirmou Serginho.

"O Bateria é um grande jogador, mas precisa construir seu próprio histórico. Há tempo se fala de um sucessor mas não é uma coisa assim tão simples. Não pode ter comparação, porque isso só cria uma grande pressão. Ele tem muita capacidade, mas terá que ser o Bateria, com seus próprios números", disse Falcão.

Todo o seu destaque no futsal e o fato de atuar há anos na Espanha fez com que Bateria recebe algumas sondagens para se naturalizar espanhol, a exemplo do que já fizeram outros brasileiros, como o pivô Fernandão, que disputará o Mundial da Colômbia. Ele, entretanto, prontamente descartou a possibilidade.

“Foram rumores, nada oficial. Mas eu nem cogitava esta possibilidade. Sempre quis defender a camisa da seleção brasileira”, disse.

Próximo, mas longe dos astros do campo

Bateria e seus companheiros do Barça treinam semanalmente no Centro de Treinamento de La Masía, o mesmo onde ocorrem as atividades do time de futebol. Apesar de dividirem o mesmo espaço, o brasileiro não teve uma interação tão grande com os atletas da equipe de Luis Enrique.

"Treinamos no mesmo local, mas em horários diferentes. Então, infelizmente, ainda não tive a oportunidade estar com o Messi, com o Neymar. O contato é bem pequeno. Mas sei que eles apoiam a equipe de futsal. Um que já esteve em nossos jogos e conversei foi o Iniesta. O Adriano, lateral que jogava aqui, também costumava acompanhar as partidas", contou Bateria.

Apelido é por causa de loja do pai

Dione é conhecido como Bateria desde a sua infância. Isso porque seu pai era proprietário em Palmitos de uma loja para assessórios de carro e caminhões e baterias.

"O meu pai tinha uma loja de Bateria conhecida na cidade que morávamos, em Palmitos, e ele jogava bola e tinha o apelido de Bateria. Então, quando acompanhava meu pai nos jogos amadores da região, sempre me chamavam de Bateriazinho. E isso foi pegando. Hoje em dia ninguém me chama pelo meu nome. O único que faz isso é o Dyego, que joga comigo no Barcelona e está na seleção. Nós crescemos juntos. Mas quando ele fala meu nome no treino o pessoal até estranha", contou.