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Hypolito supera ano sem expectativa e briga por pódio no Mundial: "Lucrei"

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

04/10/2013 19h05

Diego Hypolito tinha tudo para chegar desacreditado ao Mundial de Ginástica. Depois de se recuperar de quatro cirurgias e ficar sem clube no começo do ano, o ginasta fez uma reflexão. Diante do cenário que tinha, sequer pensava em disputar a competição na Bélgica. Estava consciente de que era um ano para riscar de sua vida em termos de resultado.

Aos poucos, porém, conseguiu se recuperar. Conseguiu a vaga e se credenciou a disputar o salto e o solo. Na terça-feira, o brasileiro surpreendeu até a si próprio. No solo, sua especialidade, conseguiu a segunda melhor nota das eliminatórias, e no salto, a quinta melhor. Neste sábado, a partir das 9h30 (de Brasília), ele brigará pelo pódio no primeiro aparelho. 

"Eu não tinha expectativa nenhuma. Tinha na cabeça que era um ano para voltar, recuperar das cirurgias e do ano ruim que foi 2012. Eu vi o nível mundial do solo e fiquei preocupado, pois subiu muito. Achava que ia ficar muito para trás nesse ano, não ia ter condição de brigar por nada. Eu já lucrei aqui no Mundial. A partir de agora, o que vier é mais lucro ainda", afirmou Hypolito, em entrevista ao UOL Esporte

Um dos fatores que contribuíram para a baixa expectativa do ginasta foi a aparelhagem. Treinando no Pinheiros, em São Paulo, ele não conseguiu ter contato com os aparelhos oficiais que estão sendo usados no Mundial. Há duas semanas, porém, quando começou a fase de aclimatação na Alemanha, viu que poderia fazer boas apresentações, mas continuou não pensando em pódio.

"O grande problema é que foi um ano cheio de dificuldade, de mudanças, de dúvidas, e isso me deixou preocupado. Eu não vinha com pensamento de competições grandes. Mas acho que por estar sem expectativa, eu fiquei mais tranquilo na prova. Na final vou tentar fazer a mesma coisa. Meu objetivo não é ser ouro, prata ou bronze. Eu quero acertar. Se acertar a minha série, vou estar satisfeito. E se vier medalha, fico mais feliz ainda", disse o ginasta, de 27 anos. 

Em 2012, Diego passou por quatro cirurgias (ombro esquerdo, joelho direito e duas vezes no pé esquerdo). Quando estava 100% recuperado, no começo do ano, ficou sem clube, já que o Flamengo acabou com a equipe de ginástica. Treinou 'de favor' no Pinheiros para se preparar para a temporada, até chegar ao Mundial. Para o ano que vem, pretende arrumar logo um clube para ter tranquilidade de treinar o ano todo.

Na final deste sábado, o grande rival do brasileiro é o japonês Kenzo Shirai, de 16 anos, que nas eliminatórias fez uma apresentação quase perfeita e ficou com a nota 16,233. Diego rasga elogios ao asiático e o coloca como favorito ao ouro.

"Foi bom para ver que voltei a estar entre os melhores do mundo. Mas o primeiro colocado está muito distante, é um fenômeno. Para chegar ao nível dele, tenho que evoluir demais. O terceiro é o Ushimura [Kohei, japonês campeão do individual geral], que já disputa no solo comigo há anos. Ganhei bastante dele, mas ele tem mais ginástica do que apresentou", finalizou.