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Zanetti criou elemento e o abandonou. Mas 1ª derrota vai forçar a volta

Ricardo Bufolin/CBG
Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Do UOL, em São Paulo

11/10/2014 12h00

A primeira derrota de Arthur Zanetti como campeão olímpico deve ter um resultado claro. O elemento Zanetti, criado pelo brasileiro para o Mundial do ano passado e abandonado para o campeonato de Nanning, na China, deve voltar a ser usado. Na marra.

Neste sábado, o brasileiro perdeu o rótulo de imbatível. Defendendo o ouro de 2013, Zanetti foi superado pelo chinês Yang Liu. Ele tinha passado o fim de 2012 e toda a temporada de 2013 vencendo todos os torneios que disputou. Em 2014, até agora, o resultado tinha sido o mesmo.

A confiança era tão grande que ele e seu técnico, Marcos Goto, decidiram abandonar o elemento, criado em 2013, para esta temporada. O Mundial de Nanning marcou o início de novas regras na ginástica, que exigiam maior dinamismo nas apresentações.

O Zanetti é um movimento de força extrema, em que o atleta precisa manter o corpo reto, paralelo ao solo, em dois momentos, abaixo e acima do nível das argolas. Ao ser usado, o ginasta “gasta” boa parte do gás que tem para usar na série. Anteriormente, existiam pausas para respiração no meio das rotinas. Com as novas regras, esses descansos representam descontos.

Na final deste sábado, apenas dois décimos foram a diferença entre o ouro e a prata, 15,933 e 15,733. O chinês, porém, foi melhor não só em execução, mas em dificuldade. Outro chinês, o medalhista de bronze Hao You, tinha uma série ainda mais complicada que a da dupla – nota 7, contra 6,9 do campeão e 6,8 do brasileiro. Esses números mostram que o campeão olímpico não pode abrir mão de uma série com maior dificuldade.

"Vou conversar com o meu técnico e vamos analisar o que é possível fazer para a minha série ficar um pouco mais difícil. Tenho uma com o Zanetti e nota de partida de 6.9, mas estamos analisando. Podemos também mudar a saída. Mas ainda está no pensamento. Voltando do Mundial, é começar a colocar isso em prática para que no ano que vem a gente possa estar bem preparado para fazer boa pontuação", admitiu o brasileiro.

É bom frisar, porém, que a prata do brasileiro foi sendo construída antes mesmo do início do Mundial. Quem analisasse todos os detalhes poderia prever que Zanetti teria dificuldades para repetir a conquista de 2013. Primeiro, as novas regras da ginástica fizeram com que ele tirasse da sua série o elemento que inventou. Depois, vieram as exigências dos juízes durante o campeonato, com descontos maiores do que o esperado. Para terminar, o campeonato era na China, levantando dois pontos: os chineses se lembravam da derrota de Yibing Chen nas Olimpíadas para o brasileiro, em decisão muito questionada, e o fator casa fez a diferença durante todo o campeonato – na final por equipes, uma nota altíssima no último aparelho deu o título aos donos da casa, em reviravolta surpreendente.

Tudo isso fez com que o brasileiro saísse da competição reclamando. "O errinho que antes era penalizado com um décimo agora tem desconto de três. Mas nessa edição, mesmo se eu cravasse na saída, não ganharia o ouro. Era para ser a prata", analisou. "Eu sempre espero o melhor resultado, que é o ouro, mas eu sei que em competição tudo por acontecer. É difícil, o chinês é um bom atleta e competiu em casa, o que aumenta ainda mais a dificuldade. Mas a medalha foi importante e agora é treinar para fazer as demais competições que virão pela frente".