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Zanetti comemora status de segundo colocado: "Campeão não pode errar"

Arthur Zanetti, com sua medalha de prata do Mundial de Nanning, na China - Divulgação
Arthur Zanetti, com sua medalha de prata do Mundial de Nanning, na China Imagem: Divulgação

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

14/10/2014 17h57

Arthur Zanetti passou mais de dois anos sem perder nas argolas. A invencibilidade acabou no Mundial da China, na semana passada. O chinês Yand Liu levou o ouro, deixando o campeão olímpico com a medalha de prata. Problemas? Pelo contrário: o brasileiro e seu técnico comemoraram. Sem o rótulo de campeão mundial, a dupla vê a pressão diminuir no caminho até o Rio-2016.

“Sabe, um campeão não tem o direito de errar. Sempre esperam que você ganhe tudo. E não pode fazer nenhum teste pelo caminho, tudo tem de estar sempre perfeito. Agora, toda essa pressão estará no chinês. Eu prefiro correr atrás de um cara do que ter que evoluir com alguém sempre no seu pé”, analisou o técnico Marcos Gotto nesta terça-feira. “Eu não estou nada decepcionado pelo resultado. Pelo contrário. Ser vice-campeão mundial é excepcional. E ainda tira a pressão um pouco de mim e coloca no chinês”, completou Zanetti.

Essa oportunidade de trabalhar com menos pressão chega em um bom momento para os dois. Até 2016, o ginasta precisa evoluir bastante se quiser manter o ouro olímpico. Há dois anos, a série do ginasta tem a mesma nota de partida, com dificuldade de 6,8 pontos. O objetivo é chegar aos 7,0 até os Jogos do Rio. Liu, por exemplo, já faz uma série com dificuldade de 6,9. O terceiro colocado, o também chinês Hao You, tinha uma nota de partida ainda mais alta, com 7,0,

“A ideia é aumentar dois décimos na dificuldade e entre 0.9 e 1 ponto em execução. Com isso, podemos nos manter nesse patamar. O problema é que essa evolução é muito difícil. Na ginástica, quando você chega a um certo nível, aumentar um décimo, que para todo mundo pode parecer pouco, exige muito trabalho. É isso que vamos fazer a partir de agora”, comentou Zanetti.

Para o técnico, a meta do brasileiro é realista. “Acho que o teto das argolas é 7,1 de dificuldade. O problema é que, se você chega a ele, a execução perde muito. O Arthur ainda pode evoluir, ganhar esses dois décimos, mas não vejo os dois chineses com o mesmo potencial. Acho que eles já estão no limite para as Olimpíadas”, explicou.

Zanetti tem uma temporada e meia até os Jogos para mostrar se pode manter o ouro. Até lá, tem um Campeonato Mundial e uma edição dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, pela frente. “O objetivo vai ser o Mundial, pelas vagas olímpicas. Mas, para o Arthur, acho que o Pan é importante, também. É o único título que ele ainda não tem”, disse Marcos.