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Investigação revela no mínimo 368 de abusos na ginástica dos EUA em 20 anos

Do UOL, em São Paulo

16/12/2016 12h27

Pelo menos 368 ginastas foram abusados sexualmente em um intervalo de 20 anos nos Estados Unidos. A informação é fruto de uma investigação conduzida pelo jornal americano Indy Star, que revelou fatos chocantes sobre a formação de atletas do esporte no país.

Segundo a reportagem, o número pode ser ainda maior. 368 é a quantidade de casos registrados em arquivos policiais e casos de justiça espalhados pelos Estados Unidos. As vítimas foram abusadas por técnicos, donos de academias de ginástica e outros adultos trabalhando no meio, em um ritmo de uma ocorrência a cada 20 dias.

As violações iam de um técnico que tinha relações sexuais diárias com uma ginasta de 14 anos em uma das academias mais prestigiadas do país até outro que fotografou secretamente crianças de no mínimo seis anos nuas.

A investigação durou nove meses e apurou que a USA Gymnastics, entidade responsável por cuidar do esporte nos Estados Unidos, permitia técnicos que cometeram o crime mudassem de academias sem que fossem percebidos. As ocorrências contradizem como a organização se apresenta publicamente.

“Nada é mais importante para a USA Gymnastics do que proteger os atletas, o que requer vigilância constante de todos – técnicos, atletas, pais, administradores e funcionários. Ficamos tristes quando qualquer atleta é ferido durante sua carreira como ginasta”, escreveu a USA Gymnastics em um comunicado de resposta ao jornal.

A entidade se limita a educar seus membros em vez de aplicar punições, pois as academias são negócios independentes e punir profissionais contratados por elas estaria fora de sua jurisdição.

Os donos das academias, por outro lado, temem denunciar casos de abuso em suas empresas, optando por demitir os criminosos, contratados posteriormente em outros locais sem serem investigados pela polícia ou então suspensos pela USA Gymnastics.

As denúncias das vítimas também eram recebidas de forma cética pela entidade e seus funcionários, com ex-atletas declarando que se sentiram pressionadas pelo presidente Steve Penny a não irem adiante com acusações de abuso a técnicos renomados, como Don Peters e Doug Boger, este eleito “Técnico do ano” pela USA Gymnastics em 2009.

Como consequência da investigação, a entidade responsável pelo esporte contratou um ex-promotor para receber orientações de como fortalecer seu regulamento e suas políticas contra o abuso de ginastas.