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Pivô de escândalo sexual, médico abusava de meninas na frente de seus pais

Larry Nassar chega para audiência na corte em Lansing, no Estado de Michigan - Brendan McDermid/Reuters
Larry Nassar chega para audiência na corte em Lansing, no Estado de Michigan Imagem: Brendan McDermid/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/01/2018 12h44

De acordo com reportagem do jornal inglês "New York Times", Larry Nassar, ex-médico da seleção americana de ginástica artística, tinha técnicas para abusar sexualmente de meninas na presença de seus pais. Ele é acusado de crimes do tipo por mais de 150 meninas e mulheres.

A reputação de Nassar ajudava a permitir que ele saísse impune de abusos sexuais durante seus atendimentos. Alguns pais não prestavam atenção nos métodos do médico – alguns ficavam no celular durante as consultas, por exemplo.

Durante o julgamento de Nassar, realizado no Michigan (EUA), houve quem testemunhasse dizendo que estava presente enquanto suas filhas eram abusadas. Entre os depoimentos, alguns estavam cheios de culpa.

"De boa vontade, dei meu presente mais precioso deste mundo para você, e você a machucou. Fisicamente, mentalmente e emocionalmente, e ela tinha apenas oito anos. Não consigo evitar pensar que perdi os sinais. Como eu interpretei sua má intenção de modo tão errado? Eu queria que minha filha melhorasse, alcançasse seus sonhos, participasse e tivesse sucesso em um esporte que ela amava", disse Anne Swinehart, mãe de Jillian Swinehart, uma das vítimas de Nassar.

Anne ainda afirmou que se lembra de um atendimento em que Jillian olhou para ela com expressão de dor. No entanto, a mãe pensou que se tratava de alguma dor muscular ou de algo decorrente de um tratamento médico rotineiro.

Segundo depoimentos prestados ao longo do julgamento do médico, a posição de seu corpo ajudava a esconder suas ações de abuso sexual, assim como a altura da maca e o uso de utensílios como toalhas, por exemplo.

"Ele abusou de mim por sete anos, muitas vezes com minha mãe ou meu pai na sala", disse Olivia Venuto, dançarina de 24 anos de idade, que acusa o médico de abusar dela desde 2006, quando ela ainda tinha apenas 12 anos.

Rosemarie Aquilina, juíza responsável pelo caso, se pronunciou pedindo que as vítimas e seus familiares não sentissem culpa pelos crimes cometidos por Nassar.

"Deixe a culpa para lá. Isso não merece mais tempo da sua família. Ele é uma mente brilhante em esconder abusos", declarou.

A sentença de Nassar deve ser anunciada nesta quarta-feira, quando os depoimentos se encerrarem. Em caso separado, ele já foi condenado a 60 anos de prisão por pornografia infantil.