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Brasil fica abaixo do esperado no Mundial de judô. E ainda assim é 3º

Mayra Aguiar comemora o título mundial na categoria até 78 kg, na Rússia - Divulgação/CBJ/R. Burza
Mayra Aguiar comemora o título mundial na categoria até 78 kg, na Rússia Imagem: Divulgação/CBJ/R. Burza

Do UOL, em São Paulo

30/08/2014 15h08

O judô é a modalidade que mais medalhas já deu ao Brasil nos Jogos Olímpicos. No último Mundial, realizado no rio de Janeiro, o time nacional saiu com seis medalhas. É um patamar alto. Tão alto que uma performance que deixaria orgulhosa a maioria das nações virou um desempenho abaixo do esperado na edição deste ano do Mundial, disputado na cidade de Chelyabinsk, na Rússia.

O time brasileiro fechou a competição individual (no domingo será realizada a disputa por equipes) com quatro medalhas. Mayra Aguiar foi campeã na categoria meio-pesado feminino (78kg). Maria Suelen Altheman foi vice-campeã entre as pesadas (+78kg). Érika Miranda, nas meio-leves (52kg), e Rafael Silva, nos pesados (+100kg),completaram a lista.

Usando o critério de classificação por medalhas das Olimpíadas, o Brasil terminou o torneio em terceiro lugar. Só o Japão, com quatro ouros, duas pratas e três bronzes, e a França, com dois ouros, uma prata e quatro bronzes, foram melhor. Cuba teve desempenho idêntico ao da equipe verde amarela. A Rússia, dona da casa, não conquistou nenhum ouro (mas saiu com duas pratas e seis bronzes).

O problema era o objetivo da equipe antes do Mundial. Na última edição, foram seis medalhas.  Quatro atletas chegaram às finais (uma, Rafaela Slilva, foi campeã) e mais dois terminaram em terceiro lugar. A meta era superar esse desempenho, pelo menos no número de pódios. Fazer as mesmas cinco medalhas com a equipe feminina e levar pelo menos dois membros do time masculino ao pódio.

Talento para isso existia. Sarah Menezes, atual campeã olímpica, por exemplo, teve um raro campeonato ruim e acabou eliminada em sua estreia. O mesmo aconteceu com Tiago Camilo, duas vezes medalhista olímpico e campeão mundial em 2007, que disputou teve sérios problemas de lesão na temporada passada e chegou sem ritmo a Chelyabinsk.

Líder do ranking mundial, Charles Chibana segue em evolução, mas não foi o suficiente para ir ao pódio – ficou nas oitavas de final dos meio-leves (66kg). O mesmo pode ser dito de Felipe Kitadai, bronze nas Olimpíadas de 2012 nos ligeiros (66kg). Campeã mundial de 2013, Rafaela Silva fez um torneio respeitável, terminou em quinto lugar, mas saiu reclamando de decisões da arbitragem que poderia mudar sua colocação final.

“Mundial é uma competição muito forte. Tivemos uma participação brilhante no Rio e ficamos com uma expectativa muito grande de igualar ou até superar. Não dá para pensar diferente. Temos que entrar pensando com vontade. Mas no judô, quando você pisca, perde uma luta. Não foi um erro, acontece, é do esporte. É óbvio que eles [a Confederação] vão ver o que precisa mudar, se precisa mudar. Mas é uma equipe muito boa”, elogia Mayra Aguiar, a única brasileira que sai com ouro do torneio.

A declaração da gaúcha tem, sim, muito sentido. Olhando o desempenho de atletas que nunca tinham disputado o campeonato, é possível ver esperança. Neste sábado, por exemplo, David Moura chegou à semifinal dos pesados. Por pouco não foi à decisão, derrotado pelo japonês Ryu Shichinohe. Eric Takabatake também mostrou talento nos ligeiros, assim como Vitor Pennalber nos médios (81kg).

No fim das contas, o Brasil sai do Mundial sabendo que pode sonhar com mais. Nas palavras de Leandro Guilheiro, duas vezes medalhistas olímpico (e que se recupera de lesão para, provavelmente, tentar disputar mais uma Olimpíada no Rio-2016) que comentou as lutas no SporTV: “O bom de você não vencer como gostaria é que, na próxima vez, você volta diferente, volta melhor”.