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Ex-boleira, musa do WWE credita títulos na luta livre ao futebol

Com 37 anos, Trish foi a pessoa mais jovem a entrar para o Hall da Fama do WWE  - Divulgação/WWE
Com 37 anos, Trish foi a pessoa mais jovem a entrar para o Hall da Fama do WWE Imagem: Divulgação/WWE

Rodrigo Farah

Do UOL, em Nova York (EUA)*

11/04/2013 06h00

A canadense Trish Stratus atingiu o status de principal mulher da história do WWE – liga de luta livre profissional. Mas a carreira esportiva da musa de 37 anos poderia ter tomado um rumo bem diferente: no futebol. Em entrevista ao UOL Esporte, a lutadora relembrou os tempos em que atuava como zagueira e afirmou que o passado dentro de campo é um dos principais responsáveis por seu sucesso nos ringues.

“Joguei em times pequenos apenas, mas o futebol era o principal esporte na minha cabeça. Quando fiz a transição para a luta foi bem natural. Se não fosse o futebol, não teria chegado tão longe na luta livre. Tanto, que sou mais conhecida pelos meus chutes, ganhei muitos campeonatos graças a eles”, comentou a lutadora.

No último fim de semana, Trish Stratus se tornou a pessoa mais jovem a entrar para o Hall da Fama do WWE. Sete vezes campeã da liga, a beldade também conversou sobre o início da carreira e deu sua opinião sobre a entrada das mulheres no UFC.  Confira os principais trechos da entrevista:


UOL Esporte – Você jogava futebol como zagueira antes de entrar para o WWE. Como isso te ajudou na luta livre profissional? Você tinha o perfil de durona dentro de campo?

Trish Stratus - Eu amava, joguei futebol desde criança até meus 21 anos, sempre foi importante para mim. Joguei em times pequenos apenas, mas o futebol era o principal esporte na minha cabeça. Quando fiz a transição para a luta foi bem natural. Se não fosse o futebol, não teria chegado tão longe na luta livre. Tanto, que sou mais conhecida pelos meus chutes, ganhei muitos campeonatos graças a eles. Além disso, saber atuar sob pressão é fundamental e isso foi outro elemento que me ajudou bastante. 

UOL Esporte – E como você se tornou uma lutadora profissional? Por que escolheu este caminho?

Trish Stratus - Estava estudando medicina, mas minha faculdade entrou em greve. Foi nessa época que recebi um convite para atuar como modelo de fitness. Isso deu muito certo e rapidamente fui parar em capas de revistas e coisas assim. Um dia, fui em um show de esportes em Toronto como convidada e lá anunciaram a transmissão do WWE no Canadá. Depois disso, não sei por que, começaram a me perguntar quando começaria a lutar. Começaram a rolar uma série de boatos de que eu iria para a luta livre e era totalmente falso, mas esses rumores cresceram muito e decidi treinar. Até que eles me convidaram e eu já estava pronta.

UOL Esporte – Você é uma estrela feminina em um universo dominado pelos homens. Qual conselho dá para as mulheres que desejam seguir seu caminho na luta livre profissional?

Trish Stratus - Sempre digo às mulheres para elas terem consciência que este é um trabalho muito difícil, apenas poucas pessoas no mundo conseguem fazer o que fazemos. Tendo dito isso, o mais importante é o treinamento. Você precisa corresponder dentro do ringue e estar pronta para tudo. Depois, o mais é importante conhecer o produto que você está vendendo e amá-lo. As pessoas vão se conectar a isso.

UOL Esporte – Recentemente, o UFC abriu suas portas para as lutas entre mulheres. Como ícone da luta feminina, o que você achou desta novidade?

Trish Stratus - Achei demais. Acho fantástico quando as mulheres ganham espaço em lugar onde não tinham antes, principalmente em um esporte masculino. Sou grande fã de MMA e fiquei feliz com essa notícia. É ótimo ver quando as mulheres conseguem ficar no mesmo patamar dos homens, pois ralamos da mesma forma que eles. No começo também era bastante difícil para nós na luta livre, mas provamos que podemos fazer o mesmo que o homens em cima do ringue.

UOL Esporte – Você acha que o WWE está à frente do UFC nesse sentido? Por já ter disputa entre mulheres há décadas...

Trish Stratus - Acho que sim. A empresa sabe como capitalizar e usar a imagem das mulheres. Quando encontramos o ponto ideal para usar as mulheres, tudo cresceu rapidamente. Vimos que tínhamos como unir o elemento da sensualidade com a habilidade da luta em si. Além disso, podemos nos tornar modelos para outras mulheres por ai, temos exemplos de figuras femininas que podem servir de inspiração.

UOL Esporte – E como é a rotina de treinamentos de uma “Diva” do WWE? Você treina com homens também?

Trish Stratus - Não tinha muita experiência no começo e tive que aprender na estrada mesmo. Para fazer isso, só treinando com os homens, eram eles que me ensinavam os movimentos e golpes. Toda vez que tinha um show queria apresentar algo novo para os fãs. Então, chegava a ficar até cinco horas por dia dentro do ringue, era algo bem exaustivo, mas gratificante.

UOL Esporte – Você já teve problema com algum torcedor que fez alguma gracinha com você?

Trish Stratus - Os fãs da luta livre são muito apaixonados e leais. Sempre fui fã do WWE, mesmo antes de entrar para a franquia. Já estive do outro lado, então os entendo. Alguns ficam animados demais quando nos veem, mas entendo isso perfeitamente. Eles ficam tão excitados, pois não terão outra chance de nos conhecer, então sempre penso nisso e não me incomodo. Mas tirando abraços e coisas assim, nada de muito maluco aconteceu comigo ainda, tive sorte.

UOL Esporte – Se um dia precisasse, você se defenderá sozinha de um ataque? Usaria algum golpe de luta livre para isso?

Trish Stratus - Acho que os movimentos de luta livre são meio coreografados, então não sei se dariam muito certo. Mas já treinei muay thai na Tailândia, foi a primeira vez que realmente aprendi a lutar. Recentemente, trabalhei em um filme e tive que treinar krav-magá. Então, posso dizer que tenho meus golpes especiais, usaria alguns deles antes de apelar para os movimentos da luta livre.

*O repórter viaja a convite da organização