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Elvis foi faixa-preta de caratê. E o esporte até custou seu casamento

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

04/04/2014 06h00

É impossível pensar em Elvis Presley e não lembrar de seus movimentos no palco, que junto à sua música o transformaram no Rei do Rock. O que muita gente não sabe é que parte de suas requebradas e de seus trejeitos foram fruto de outra faceta do cantor: a de lutador. O norte-americano praticou por duas décadas caratê. Não só treinou, como virou faixa-preta na modalidade.

Foi durante o serviço militar que Elvis descobriu essa paixão, que ele conservaria por toda a sua vida – o certificado de sua faixa-preta, dizem, era mantido em seu bolso até sua (suposta?) morte, em 1977. O cantor nunca largou totalmente os treinos e acabou sendo visto como um difusor da arte marcial nos Estados Unidos, numa época em que a febre por Bruce Lee e Chuck Norris ainda estava por começar.

Mas nem tudo que envolveu a arte marcial acabou bem para Elvis, que ganhou o apelido de “O Tigre” como lutador, na década de 1970 - quanto também estudou o taekwondo. Foi também o caratê que motivou o fim de seu casamento com Priscilla Presley, por conta de uma traição cometida por ela. 

O estilo de Elvis Presley foi um choque para quem vivia o fim dos anos 1950. O cantor chegou aos palcos com seu requebrado e até capas de disco eram alvo da censura, para que ele aparecesse apenas da cintura para cima. A partir dos anos 1960, Elvis adicionou um “tempero” novo aos seus passos. Com chutes, simulação de socos e movimentos combinados, o caratê acabou se tornando uma marca registrada em suas apresentações, que às vezes tinham trechos específicos para ele fazer sua demonstração. A influência também apareceu muito em seus filmes, em que muitas vezes ele atuava sem dublês, e até nas roupas que ele levava aos palcos.

Raça para se tornar faixa-preta

Elvis Presley se tornou um faixa-preta de caratê em julho de 1960. Mas não foi fácil. À época, não se entregava faixas-pretas a esmo. Então, seu mestre o mandou treinar com outro técnico mais casca-grossa, chamado Hank Slemansky, da escola chito-ryu. Foram semanas de preparação e testes, que levaram o cantor à exaustão. Slemansky queria saber “do que era feito” Elvis. Assim, logo na segunda sessão o colocou em um treino com contato total, uma briga pra valer. O cantor apanhou um bocado, mas mostrou seu espírito. Em 1974, ele tomou sua graduação máxima, com o oitavo dan.

O filme perdido

O caratê trouxe a Elvis alguns projetos. Além da grande ligação que ele manteve com os militares, fazendo doações e ajudando ex-companheiros, ele também tentou investir em algumas ideias ligadas à arte marcial que iniciou como soldado. Em 1974, ele fundou o Instituto de Caratê de Tennessee, que era comandado por dois amigos. Mais tarde no mesmo ano, ele se envolveu nas gravações de um documentário sobre artes marciais. O cantor participou das gravações, parte delas retratando aulas de defesa pessoal. Mas na virada para 1975, o projeto chamado "The New Gladiators" acabou sendo descartado e restaram apenas as imagens registradas, sem que virassem realmente um filme (veja trecho na playlist de vídeos que abre a matéria).