Mestres falam em "fatalidade" em caso de jovem que ficou tetraplégico
O caso do garoto Gabriel, 15 anos, que ficou tetraplégico durante uma luta de jiu-jitsu no Espírito Santo, o último dia 4 de agosto, é tratado como uma "fatalidade" por dois mestres do esporte. O jovem ficou de cabeça para baixo durante ação do adversário, de 20 anos, e caiu por cima do pescoço, quebrando duas vértebras próximas do pescoço e sofrendo uma lesão grave na medula, perdendo o movimentos dos braços e pernas.
Para Demian Maia, que fará luta em Barueri pelo UFC no próximo dia 9 de outubro, a situação “é rara, mas acontece”. “Sinceramente, não acho que a diferença de idade tenha sido fundamental. Pode ter influenciado, mas poderia ocorrer o contrário", disse.
Segundo Demian, a diferença de peso pode ter influenciado mais. "Penso que o peso tenha mais importância, até porque no jiu-jitsu um peso pena pode enfrentar um superpesado, na categoria absoluto (sem limite de peso)", opinou, para depois completar: "Vi acontecer com amigos duas vezes, em 2000. Com um deles, houve o tratamento adequado e ele se recuperou bem. No outro, houve alguns erros médicos e ele ficou paraplégico. Em qualquer esporte que tenha a chance de ocorrer quedas, o atleta está sujeito a ter lesões no pescoço. Judô, jiu-jítsu, rúgbi..."
Gabriel, juvenil, se inscreveu na categoria adulto para a disputa do Campeonato Estadual do Espírito Santo porque não possuía competidores na própria categoria. O ES, depois do ocorrido, proibiu que um juvenil se inscreva no adulto, algo que a federação brasileira da modalidade já adota.
Outro mestre da modalidade que acredita que a lesão tenha sido uma fatalidade é Roberto Godoi, três vezes campeão brasileiro e uma vez campeão mundial de jiu-jitsu. "É até rotina esse tipo de situação, mas nunca aconteceu (uma lesão mais grave). Acredito ser uma fatalidade. Em competições temos jovens lutando com jovens, adultos com adultos. Mas o juvenil pode se inscrever na categoria adulto, e como ela é mais premiada, mais valorizada, quem visa se tornar profissional compete em tudo", disse.
Sobre o golpe, ele afirma que o ato não é ilegal. "Não foi um golpe de finalização. Foi uma passagem de guarda. Não tinha o intuito de ganhar a luta ali. O que aconteceu foi que, ao tentar passar a guarda, ele puxou o adversário até certo ponto e tropeçou, caiu com o peso em cima do outro atleta. Não foi desleal", explicou.
"O que não valeria seria o ‘bate-estaca’, quando se faz a guarda com a perna na cintura e ao se levantar joga o rival de cima. É passível de desclassificação esse golpe", completou.
Gabriel já passou por duas cirurgias em um hospital de Vila velha.. Os médicos que cuidam do caso afirmaram que não é possível saber se ele poderá voltar a andar. Em vídeo divulgado na internet, o garoto mostrou esperança em sua volta: "Tomara que consiga logo uma vaga para fazer a reabilitação e possa voltar aos tatames", disse, com dificuldades na fala.
A federação do Espírito Santo afirmou que dará ajuda financeira ao garoto lesionado. "Temos acompanhado a situação, eu fui ao hospital. Buscaremos ajuda financeira, reunindo os professores do Espírito Santo, para fazer um seminário para arrecadar ajuda", afirmou Agnaldo Góes, presidente da federação local.
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