Brasileiro nega traição por treinar Sonnen e revela lado 'leal' após morar com o lutador
Chael Sonnen tem até fã-clube brasileiro, mas está longe de ganhar apoio maciço da torcida no UFC 148, neste sábado, na revanche contra Anderson Silva. O lutador virou uma espécie de inimigo do Brasil por causa das declarações apimentadas contra o país. Até quem está perto dele nos treinos sofre com isso. É o caso do carioca Vinny Magalhães. Especialista em jiu-jítsu, ele é uma das armas da preparação de Sonnen para o combate, mas já foi chamado até de “traidor” por fãs do Spider.
Campeão mundial de jiu-jítsu, Vinny treinou na equipe de Chael Sonnen de 2005 a 2008 e, pelas suas habilidades na arte suave - e as deficiências do norte-americano -, foi chamado para incrementar a preparação para a luta em Las Vegas. Além de ser técnico e companheiro de treinos, o brasileiro morou por cerca de um mês na casa do “pupilo” e revelou em entrevista ao UOL Esporte um lado bem diferente do falastrão das entrevistas coletivas.
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“Essa parceria com o Chael foi uma coisa nova, apesar de já termos treinado na mesma equipe, mas em cidades diferentes. Também já ajudei o Dan Henderson (derrotado por Anderson em 2008) e, como o Sonnen perdeu no chão a primeira luta com o Anderson, ele quis alguém específico para isso”, explicou Vinny Magalhães.
A ótima oportunidade de trabalho não foi bem vista por todos. “O pessoal começou a me chamar de traidor na internet. Mas não vejo assim, não levo as coisas para esse lado pessoal. Até entendo quem é patriota, mas as brincadeiras que o Sonnen faz são coisas bobas, vejo como brincadeiras idiotas. E nunca treinei ou fui amigo do Anderson”, afirma o lutador. “Não posso dispensar um trabalho como esse, não são as outras pessoas que pagam as minhas contas.”
As impressões são de quem viu de perto Sonnen, bem longe das câmeras. Vinny confirma a tese de que o lutador falastrão que dá entrevistas quentes é bem diferente da personalidade mais “light” dos bastidores. E que tudo aquilo não passa de uma maneira de vender as lutas, algo comum na tradição norte-americana.
Após início fraco, Vinny embala: 5 triunfos
Vinny Magalhães surgiu como uma força no jiu-jítsu, com títulos mundiais e em tradicionais torneios como o ADCC, mas encontrou dificuldades no MMA, modalidade que procurou devido às ofertas mais interessantes financeiramente. No começo, teve problemas e venceu só duas das primeiras sete lutas. Agora, vem embalado.
“Nunca tinha focado no MMA como treinamento completo. É preciso de dedicação para misturar as lutas e não ser só ‘o cara do jiu-jítsu’. As derrotas não estavam me deixando feliz depois de vencer tanto no jiu-jítsu e, a partir disso, comecei a melhorar”, afirmou Vinny, que tem 9 vitórias e 5 derrotas, com cinco triunfos seguidos. O brasileiro chegou a lutar no UFC e foi derrotado, mas negocia para retornar ao evento em breve.
“Fiquei morando na casa dele e é totalmente diferente do que os outros veem. Muita gente diz que o Anderson faz imagem de santinho, mas nem sempre é assim. O Chael é ao contrário. Ele tem uma imagem que as pessoas não gostam, mas quem está próximo vê que não é isso. Tanto que a mãe participa dos treinos, a irmã dele filma a preparação para ele estudar... Ele é um cara muito leal, já me ligou algumas vezes para me parabenizar por vitórias. Chael é um cara bem tranquilo”, descreveu o carioca.
Defesa de triângulos e ataque para finalizar
Sonnen tem 11 derrotas na carreira e, apesar de gostar de levar os rivais para o ground and pound, chama a atenção o número de finalizações tomadas nesta posição. Só em lutas do UFC, levou três triângulos (de Anderson, Demian Maia e Renato Babalu).
Apesar de ter feito um trabalho específico para não cair mais neste erro, o foco dos treinos foi outro: “Eu fui como treinador e também como parceiro de treinos, por ele não ter ninguém de jiu-jítsu na academia. Como ele tomou muitos triângulos, treinamos para evitar que ele fique naquela situação e saiba se defender. Mas focamos, mesmo, é em atacar. Se a luta for como a primeira e o Anderson bobear, ele pode finalizar”, avisou Vinny.
Segundo o brasileiro, o histórico no wrestling, desde criança, fez de Sonnen um grande lutador, no termo geral da palavra, por também aprender bem novos movimentos. “Dá para ensinar para ele muito rapidamente. O Chael não é um cara que deixa para depois. No mesmo momento ele já está fazendo os golpes. Ele confia no treinador e mostra que aprendeu”, completou.
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