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Cubano despista sobre luta com Anderson e fala em 'longo caminho até o título' do UFC

Hector Lombard foi campeão dos médios do Bellator e estreia neste sábado pelo UFC - Divulgação/UFC
Hector Lombard foi campeão dos médios do Bellator e estreia neste sábado pelo UFC Imagem: Divulgação/UFC

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

19/07/2012 06h00

Hector Lombard ainda é um nome desconhecido do público, mas terá neste sábado a chance de mostrar seu cartão de visitas, em sua estreia no UFC. Uma das estrelas da edição 149, no Canadá, o nocauteador cubano encara Tim Boetsch e chega à organização com status de próximo desafiante do campeão dos médios, Anderson Silva. Apesar da fama, no entanto, Lombard escolheu um discurso mais modesto. Focado em seu trabalho dentro do octógono, ele fala em um “longo caminho” até o cinturão.

CONHEÇA HECTOR LOMBARD

  • Divulgação

    Nascimento: 02/02/1978 (34 anos) em Cuba
    Peso e altura: 84 kg e 1,75 m
    Categoria: médio
    Cartel: 31 vitórias (17 por nocaute, 7 por finalização), 2 derrotas, 1 empate e um no contest
    Títulos: Ex-campeão dos médios do Bellator
    Estilo: judô, boxe, muay thai e jiu-jítsu

Em entrevista ao UOL Esporte em que até arriscou um "portunhol", Lombard mostrou respeito e se disse um fã de Anderson Silva e também dos brasileiros. Seu técnico principal e boa parte de seus companheiros de academia são do Brasil, o que não impede de sonhar com um combate pelo cinturão - luta esta que o presidente do Ultimate, Dana White, abertamente estuda marcar.

Invicto desde 2006, o ex-judoca olímpico construiu sua reputação com uma série de 25 lutas sem perder, o que culminou na conquista do cinturão do Bellator e a contratação pelo UFC. Agora, fala em mostrar seu talento no maior evento da atualidade, colocando à prova os sacrifícios que passou desde a deserção de Cuba, com variados bicos para sobreviver na Austrália, até a firmação como lutador de MMA.

Confira a entrevista, em que Lombard comenta suas chances com Anderson Silva, fala da relação entre Cuba e Brasil e ainda desafia Mark Muñoz após as provocações do norte-americano:

UOL Esporte: O UFC 149 será sua apresentação para um novo público. O que você espera mostrar na luta contra Tim Boetsch?
Hector Lombard: É uma ótima oportunidade, será a chance de eu provar meu talento dentro do UFC. Sábado à noite, depois que eu vencer, terei mostrado a todos o lutador que sou. Quanto ao Tim, ele é um cara que tem muitas qualidades e está bem ranqueado. Meu talento e a agressividade do meu jogo serão fatores importantes para eu conseguir me apresentar bem neste novo desafio.

Muitos já falam que você será o rival de Anderson Silva se vencer bem neste sábado. Você acha que merece esta chance?
Ainda não estou pensando nisso. Tenho de mostrar a que vim e, pouco a pouco, ir conquistando o meu espaço. Eu respeito Anderson Silva, ele é o melhor do mundo, é como se fosse o Pelé do MMA. Se eu tiver a oportunidade de enfrentá-lo, será a realização de um sonho, mas vejo um longo caminho a percorrer.

Até o presidente do UFC, Dana White, já fala das chances de você enfrentar Anderson. Muitos tentaram, mas não tiveram sucesso contra ele. Você acha que seria diferente?
O Dana White falar isso me deixa muito feliz. Eu sou bastante fã do estilo de Anderson, assisto muito às suas lutas, mas teria que parar para estudar o que fazer para vencê-lo, caso tenha a oportunidade. Tenho muito trabalho até lá.

Alguns lutadores dizem que você venceu apenas rivais fracos, desmerecendo sua série de 25 lutas invicto. Isso te incomoda?
Alguns caras, como Michael Bisping, são provocados pelos entrevistadores. Não creio que ele realmente pense isso. Mas há caras como Mark Muñoz que vem falando muito mal de mim. Então, se vencer Boetsch, gostaria muito de enfrentar Muñoz.

Se vencer Boetsch, então, você lançará um desafio a Muñoz?
Muñoz é uma pessoa muito ingrata. Como todos sabem, ele foi companheiro de treinos de Anderson Silva por um tempo, mas mesmo assim vive o agredindo em entrevistas. Ele precisa mostrar mais respeito com os outros, e eu gostaria de enfrentá-lo.

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Suas únicas derrotas foram em 2006, no Pride. Quanto você mudou como lutador de lá para cá?
Eu treinei muito. Aquela era uma época difícil, eu ainda era muito imaturo como lutador de MMA. Hoje tenho a oportunidade de só treinar, mas na época não era assim.

O que você precisava fazer para se manter?
Fiz muitas coisas quando passei a morar na Austrália. Trabalhei com construção e em caminhões de mudança e também fui segurança. Às vezes podia treinar só uma ou duas horas por dia, e em outras ocasiões nem podia ir para a academia. Hoje não, tenho o MMA como uma profissão e posso me dedicar só a treinar.

Ainda em Cuba, você chegou a ir às Olimpíadas para competir no judô. Isso te ajudou no MMA?
Ajudou um pouco, mas tive de aprender muitas coisas novas que nunca tinha feito. O judô é muito diferente, tive de me adaptar a toda uma série de novos movimentos. Com o MMA foi mais um recomeço.

Como era sua vida em Cuba, e porque você decidiu desertar, passando a morar na Austrália?
Tive uma vida muito difícil. Cuba é um país duro de se viver, há muita pobreza e, mesmo se você se tornar um campeão olímpico, muitos ainda sofrem com isso. Com as Olimpíadas de Sydney, em 2000, eu pude conhecer um outro mundo que não conhecia.

Você treina na American Top Team (ATT) e tem muitos brasileiros ao seu lado. Tem um carinho especial pelo país? E como seria enfrentar um ídolo brasileiro, como Anderson?
Claro, eu gosto muito do Brasil. Meu treinador é brasileiro, Conan Silveira, e tenho muito companheiros de treino que também são. É muito bom ter essas pessoas ao meu lado, afinal, Brasil e Cuba são muito parecidos. Quanto a enfrentar Anderson, não seria um problema. Seria uma grande luta.