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Anderson e Belfort usam análise de DNA como a de Angelina Jolie para otimizar preparação

Angelina Jolie detectou propensão a desenvolver um câncer e decidiu fazer uma dupla mastectomia - UOL, Reprodução e Divulgação
Angelina Jolie detectou propensão a desenvolver um câncer e decidiu fazer uma dupla mastectomia Imagem: UOL, Reprodução e Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

08/08/2013 06h00

Anderson Silva tem 38 anos. Vitor Belfort, 36. A idade avança, mas os astros do UFC seguem em alta, driblando limitações físicas e lesões. Se a tecnologia e os avanços da ciência aparecem como uma parte importante da preparação dos lutadores de hoje, a dupla vai além e contará com uma novidade do mundo da genética para suas próximas lutas. Em um procedimento igual ao usado pela atriz Angelina Jolie - que detectou suas chances de ter câncer de mama-, Anderson e Vitor terão seu DNA analisado, como forma de otimizar cada detalhe que pode favorecê-los  antes da entrada no octógono.

Anderson e Vitor - arquirrivais no ringue - têm em comum o acompanhamento de Márcio Tannure, que é médico oficial nos eventos do UFC no Brasil e trabalha com o time do Flamengo. O processo é simples e recolhe amostras de saliva ou da mucosa bucal: Vitor teve colhido material genético na última semana, e Anderson o fará nesta sexta-feira. O material é mandado para um laboratórios nos Estados Unidos, que faz uma análise detalhada e específica para cada paciente.

“Este procedimento é bem novo e está chegando ao Brasil agora. Hoje existe um laboratório que colhe a amostra e a leva para os Estados Unidos, para a análise do material genético, já que ainda não temos laboratórios credenciados aqui”, explicou ao UOL Esporte o médico.

O foco, neste caso, é no uso que pode ser dado aos atletas de alta performance, com uma gama diferente de resultados que pode ajudar na montagem dos treinos e das dietas, na suplementação e na prevenção de lesões.

“É um exame feito através do perfil genético, em que podemos avaliar vários parâmetros sobre o metabolismo, doenças, intolerâncias alimentares e déficits de cada um através de seu DNA. Com ele, podemos montar o treinamento e suplementação específicos para cada atleta, de forma a otimizar os resultados”, destacou o médico.

No caso de nomes como Vitor e Anderson, o desafio é maior. Ambos estão fisicamente em grande fase, apesar de já estarem com a idade avançada. Mas a linha entre a manutenção deste bom momento e uma natural queda de rendimento é tênue. Para o médico, os dados que ele receberá permitirão levá-los ainda mais longe.

“O intuito é não apenas manter este bom momento deles por um bom tempo, mas se possível melhorar. É óbvio que não existe fonte da juventude e que há um limite. Mas com a ajuda da ciência podemos otimizar esses detalhes. Esta tecnologia permite você direcionar melhor o trabalho, errar menos e, com isso, tirar o melhor de cada atleta em particular”, afirmou ele.

  • AFP

Angelina Jolie e o exame para pessoas ‘comuns’

Não é só no esporte de alto rendimento que a pesquisa do material genético vem sendo usada. Pessoas comuns podem requisitar o exame, que, de acordo com o Márcio Tannure, custa cerca de R$ 1.300. Foi o caso da atriz Angelina Jolie, que retirou as mamas para evitar um possível câncer no futuro.

“Este exame pode ser usado pela pessoa comum, para avaliar o metabolismo e os genes que mostram propensão a câncer, por exemplo. Foi o caso da Angelina Jolie, que detectou uma herança familiar, mostrando genes que indicavam que ela podia desenvolver câncer”, disse ele. A atriz teve casos anteriores na família de câncer de mama e resolveu fazer uma dupla mastectomia, temendo também sofrer com a doença no futuro.

Anderson e Vitor também recolherão dados sobre a propensão a desenvolverem câncer.

É possível ainda saber se há tendência a doenças como osteoporose e diabetes, propensão a infarto e outros males. “Mas é bom deixar claro que os resultados mostram tendências e não certezas. E aí você trabalha em cima delas”, salientou o médico.

Belfort: TRT continua

  • AFP

    Vitor Belfort causa polêmica com seu tratamento de reposição hormonal, que complementa os níveis de testosterona em seu corpo devido a um hipogonadismo. O exame feito com supervisão de Tannure não vai mudar este aspecto e o TRT será mantido na preparação do carioca, contanto que seu uso continue liberado pelo UFC e as comissões atléticas que supervisionam o evento.

    "Não vai interferir, já que ele já vem fazendo. Deve continuar normalmente", disse Tannure. "Não é essa a necessidade por trás dos exames (resolver o problema de TRT). Para ele, estamos tentando ver os déficits que podemos achar e usar isso para otimizar ao máximo seu trabalho."