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Fã com câncer é homenageada por Sonnen e mostra lado bom moço do falastrão

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

20/08/2013 06h00

Chael Sonnen é ágil e muitas vezes feroz com as palavras quando vende suas lutas, o que já gerou muitas críticas da torcida brasileira. Mas, lado a lado com seu estilo falastrão, o norte-americano dá mostras de uma faceta de bom moço que poucas vezes é revelada. Neste fim de semana, ele subiu ao octógono com um laço cor de rosa, em suporte a uma de suas  maiores fãs, que luta contra um câncer de mama. E deixou-a emocionada.

O gesto na entrada, que por si só já teria grande impacto, foi potencializado pela vitória no primeiro round, finalizando o ex-campeão Maurício Shogun. Assim, a enfermeira de 27 anos Alaina Danielle acabou recebendo um grande presente enquanto assistia ao evento.

“Minha vitória desta noite é dedicada a Alaina, que está numa luta bem mais dura que a entre mim e Shogun. E a todos que já tiveram que passar por um câncer. É para vocês”, disse Sonnen, na entrevista ainda em cima do octógono. Uma das avós do lutador passou pelo problema, o que o fez mais atento à causa.

Alaina, que é de Pratt, no Kansas, queria estar ali do lado do ringue, em Boston. Mas a quimioterapia para tratar um tumor maligno a impediu de assistir ao que seria sua terceira luta do ídolo. Com a proximidade dela e outros fãs com o lutador, surgiu a ideia.

“Alguns dos meus amigos tiveram a ideia de ele usar o laço para me apoiar, já que não pude ir a Boston por causa de uma sessão de quimioterapia, que fiz na sexta-feira. Várias pessoas usaram o laço, mas não sabia que ele dedicaria a vitória para mim. Foi fantástico!”, contou ela, ao UOL Esporte.

  • Arquivo Pessoal

    Chael Sonnen em foto com a fã norte-americana Alaina Danielle, que passa por um tratamento de câncer de mama e para quem a vitória contra Shogun foi dedicada neste sábado

Alaina descobriu um nódulo em um dos seios e em abril foi diagnosticada com câncer de mama. No momento, está no meio do processo de quimioterapia, até novembro, e depois passará por cerca de 30 sessões de radioterapia, um tratamento sofrido.

A paixão pelo UFC e por Sonnen é de longa data para a norte-americana. Ela tem três irmãos mais velhos e, com eles, praticou boxe e kickboxing. Mais tarde, passou a acompanhar de perto o ídolo na primeira luta contra Anderson Silva e esteve presente nos UFCs 148, na revanche contra Anderson, e 159, contra Jon Jones. Em ambos os combates, ele foi derrotado.

Para ela, as provocações não definem Chael Sonnen como pessoa. “O que ele fez (no sábado) mostra isso. Chael genuinamente se importa com os fãs e com o esporte. Não é porque você vende lutas que você é uma pessoa ruim. Chael se importa com o UFC. Ele quer as lutas, e, como sempre diz, vai enfrentar qualquer um, em qualquer, em qualquer lugar.”

Em entrevista recente ao UOL Esporte, a presidente do fã-clube brasileiro de Sonnen, Lu Moralete, lembrou que outro lado "bom moço" de Sonnen inclui seus trabalhos de cunho social em Portland. "Ele, gratuitamente, treina um grupo de crianças de 9 anos numa academia, duas vezes por semana, e além disso ajuda financeiramente e como treinador uma fundação que prepara jovens atletas para se tornarem profissionais do MMA. Acredito que no TUF (como técnico) ele trouxe ao conhecimento do público em geral um pouquinho deste lado do Sonnen que até então estava 'escondido', por vontade dele mesmo."

Sonnen x Shogun: ‘sabia que venceria’

Diante de Shogun, ela admite que a apreensão era grande e que a vitória no primeiro round não era esperada. “Claro que eu estava nervosa, mas em meu coração, sabia que ele venceria. Sempre acredito nele. Não fiquei surpresa, mas eu achava que ele finalizaria ou nocautearia no segundo ou no terceiro round”, explicou ela.

Agora, Alaina quer ver Sonnen encarando um outro veterano. O norte-americano lançou um desafio contra Wanderlei Silva, ainda no octógono, e é contra ele que ela quer ver. Eles têm um histórico de provocações, com um famoso vídeo em que o brasileiro dá um pito no falastrão por suas provocações em direção a brasileiros como os irmãos Nogueira.

Sem a quimioterapia, ela também espera ir para Las Vegas em dezembro, já que Sonnen prometeu acompanhar Anderson Silva x Chris Weidman 2. Ela, é claro, torcerá para o compatriota. “Eu não odeio Anderson, mas não gosto muito de alguns aspectos, de como ele se comporta numa luta, com suas provocações. Ele é um pouco arrogante demais também”, opinou Alaina.