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Demian relembra maratona de lutas e clima de Pride em 1ª visita a Barueri

Maurício Dehò

Do UOL, em Barueri (SP)

22/08/2013 06h00

Em 9 outubro, na cidade de Barueri (SP), Demian Maia voltará a liderar um card do UFC, numa luta que pode o colocar frente a frente com o campeão dos meio-médios da organização. Sete anos antes, em 7 de outubro de 2006, o paulista esteve no mesmo local, no mesmo ginásio, numa série de lutas que marcou sua carreira e que foi fundamental para que ele chegasse ao maior evento da atualidade.

O evento daquela ocasião foi o Super Challenge 1. E a particularidade dele é que Demian participou de um torneio e se sagrou campeão após ter de encarar três rivais na mesma noite, encerrando sua participação às 4h da madrugada, exausto, porém vitorioso.

“Foi este torneio que me lançou e que foi muito importante para depois eu chegar ao UFC”, contou Demian, ao UOL Esporte, com memórias vívidas da noitada de lutas, apesar de tanto tempo e tantas lutas terem se passado desde aquela época.

Demian, um astro faixa-preta e campeão mundial de jiu-jítsu, se lançou no MMA em 2001, fez uma nova luta profissional em 2005 e em 2006 se fixou no esporte, justamente com esta competição em Barueri.

"Eu ainda sabia muito pouco de trocação. Tinha feito treinos com o Josuel Distak, que treinou o Anderson Silva, e tinha uma noção. Mas era muito cru, meu negócio era o jiu-jítsu”, relembra ele.

“Foi um evento muito legal. Não estava tão cheio, porque a divulgação foi um pouco falha. Mas o clima foi fantástico. Ele era inspirado no Pride, então a gente descia num elevador, passava por uma plataforma... Tinha também uns telões de LED. A estrutura foi muito boa”, detalha ele, que agora curiosamente terá menos pompa, já que o UFC dá seu show com “apenas” luzes, música e a caminhada dos lutadores até o octógono.

Entre as lutas da noite - um total até exagerado de 17 -, nomes muito conhecidos por quem acompanha o UFC passaram pelo ringue em Barueri: Johnny Eduardo, Fabrício Morango Camões, Milton Vieira e até o campeão do TUF, Léo Santos.

Para Demian, era a chance de consolidar sua carreira no MMA, e diante de nomes respeitados. A primeira luta foi contra o especialista em muay thai Vitelmo Kubis Bandeira, que chegou a ser sparring de Anderson Silva. “Foi mais ou menos meia-noite. Começou a luta e eu entrei na perna dele. Ele estava esperando, jogou um chute e pegou no meu ombro. Mesmo assim, consegui derrubar, corri para as costas e finalizei em uns 3 minutos”, relatou ele, que lutou na divisão até 83 kg - peso do Pride.

Demian: se vencer, devo lutar pelo cinturão

A segunda foi a mais complicada. Gustavo Ximu, seu rival, passou o combate na defensiva, para não ser derrubado. Demian apostou tudo no final do segundo e último round, derrubou-o e garantiu seus pontos no ground and pound. “Faltava um minuto e meio e era o ‘agora ou nunca’. Eu derrubei, comecei a bater, passei a guarda, montei. Ele ainda deixou o braço, mas faltavam 15 segundos e, para não dar chance de ele virar e acabar o round por cima, eu continuei batendo.”

Mais um descanso e, lá pelas 4h da madrugada, o desfecho. E contra um amigo. “Na final eu enfrentei o Fabio Nascimento, com quem lutei 14 vezes no jiu-jítsu. E fomos coroar a última luta que tivemos no MMA”, riu Demian. “Ele era melhor na parte em pé, enquanto eu era muito cru. Dei dois chutes e ele veio para cima, me clinchou. Nessa hora, ele tentou ir para as minhas costas e eu consegui pegar seu pescoço. Como era começo de luta, consegui colocar muita pressão, fiz toda a força do mundo e ele bateu.”

Estava feito. De um lutador apenas de jiu-jítsu, Demian provou que poderia se lançar para valer no MMA, numa caminhada que o levou até a desafiar Anderson Silva pelo cinturão dos médios do Ultimate, em 2010. Uma maratona aliás, que ele diz que não repetiria hoje, pelo desgaste incomum de competir três vezes na mesma noite.

O cansaço do paulista e as lutas até altas horas não se transformaram em sono. Ele, que mora em Alphaville, muito próximo do ginásio José Corrêa, não pregou os olhos.

“Eu fui para casa e não conseguia dormir, fiquei acordado a noite inteira e de manhã saí para andar”, relembrou Demian Maia, que espera sentir a mesma missão de dever cumprido vencendo Jake Shields no reencontro com o ginásio de tantas memórias.