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Anderson Silva admite medo de não voltar e refuta vitória de Weidman

Do UOL, em São Paulo

12/01/2014 23h42

“Foi uma fatalidade”. Assim o lutador brasileiro Anderson Silva classificou a fratura na perna esquerda que ele sofreu no dia 28 de dezembro, em luta contra o norte-americano Chris Weidman, válida pelo cinturão dos médios do UFC. Passados 15 dias da lesão que encerrou o combate em Las Vegas, o “Spider” deu uma entrevista exclusiva neste domingo ao “Fantástico”, programa da TV Globo. Na conversa, admitiu medo de não voltar e assegurou que teria vencido se o duelo tivesse ido até o fim.

“Ele não venceu. Foi uma fatalidade. A regra é clara. Eu tenho plena certeza que teria vencido ele. Tenho plena certeza disso”, disse o lutador de MMA.

A entrevista foi realizada na casa que Anderson mantém em Los Angeles (Estados Unidos). Acompanhado da família, o lutador revelou que já começou a dar alguns passos com auxílio de muletas e que ainda não conseguiu dormir uma noite inteira por causa da dor da fratura.

“Ainda não comecei a fisioterapia. Não consigo levantar, movimentar o calcanhar como eu movimento o outro. Acabei perdendo força e musculatura da perna. Tudo isso, até melhorar 100%, pode ser que o médico diga: ‘Não, olha, você não pode voltar’. Pode ser que ele fale isso. Tenho de estar preparado”, disse o “Spider”. “Tenho medo de não poder colocar carga na minha perna de novo. Tenho 38 anos, faço 39 em abril”, adicionou o lutador.

Anderson sofreu uma fratura no segundo round da luta contra Weidman, válida pelo UFC 168. O confronto era uma revanche – em março, o norte-americano havia nocauteado o brasileiro e tomado o cinturão dos médios do UFC.

Conduzido a um hospital em Las Vegas depois da luta, Anderson precisou passar por uma intervenção cirúrgica. O procedimento incluiu a inserção de uma haste intramedular na tíbia esquerda. O brasileiro também fraturou a fíbula, mas ela acabou sendo estabilizada e não precisará de uma operação à parte.

“A dor está sendo uma coisa insuportável. Quando eu olhei e vi que a minha perna estava quebrada eu fiquei apavorado. Eu falava para o juiz que ficou ali comigo para que eles colocassem minha perna no lugar o mais rápido possível”, disse o brasileiro. “Eu só pensava em uma coisa: será que acabou? Será que eu vou voltar a andar? Será que eu estou bem”, completou.

As dores causadas pelas fraturas ainda incomodam Anderson. A situação chegou a ponto de o lutador ter pedido para a mulher para dar uma volta de carro à noite. “Fiquei chorando para não acordar meus filhos. Eles estão acordando com os meus berros de dor. Está sendo muito ruim para eles ver isso”.

Segundo o brasileiro, a fratura transformou a derrota para Weidman no pior momento da carreira dele: “Eu nunca tinha voltado para casa machucado. Foi a coisa mais triste chegar em casa machucado, olhar para minha esposa e para os meus filhos e estar assim. Foi uma coisa que me entristeceu e mexeu muito comigo”.

“A todo momento eu estou tentando entender o porquê. Por que eu tinha de quebrar a perna e passar por essa situação? Estou tentando entender qual é a mensagem que Deus está tentando me passar nesse momento”, afirmou Anderson.

O processo de recuperação do lutador tem sido acompanhado por muita autoanálise. Anderson tem revisto frequentemente o vídeo da luta com Weidman. Em meio a essas sessões, o brasileiro encontrou subsídios para questionar afirmações do norte-americano.

Depois do término da luta, Weidman disse que havia treinado o bloqueio de chute que gerou a fratura em Anderson. “Ele está protegendo um chute da linha da cintura para cima, mas se desequilibrou. O chute foi forte a ponto de desequilibrar. Eu acredito que, se as pessoas perceberem os detalhes técnicos, vão ver que foi uma coisa instintiva. Não era algo que ele tinha treinado para fazer”, analisou o brasileiro.

Anderson classificou o desfecho da luta como um erro técnico: “Eu precisava ter desviado a atenção dele com um soco no rosto. Fico feliz de ter a humildade de ver isso”.

Entre tantas análises sobre o passado, Anderson ainda teve tempo na entrevista para falar um pouco sobre futuro. O brasileiro deve ficar afastado dos ringues por pelo menos seis meses, mas evitou falar em aposentadoria.

“Se o UFC achar que deve me dar uma oportunidade para lutar com ele [Weidman], se eu me credenciar de novo para lutar com ele, eu quero fazer o que eu faço bem, independentemente de ser pelo cinturão ou não. Quero fazer o que eu faço bem, que é lutar”, afirmou o lutador. “O que eu quero dizer para vocês é que eu vou voltar. Estou me fortalecendo a cada dia. Vou voltar”, finalizou.