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Barbudo por aposta e fã de mulheres que atiram: conheça o rival de Werdum

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

17/04/2014 12h00

Seis vitórias em sete lutas e três nocautes consecutivos no primeiro round fizeram de Travis Browne o novo homem a se temer entre os pesos pesados do UFC. Neste sábado, ele faz uma eliminatória contra Fabrício Werdum para saber quem será o desafiante ao cinturão de Cain Velásquez. Mas além do lado nocauteador, o norte-americano tem uma faceta tranquila e deveras engraçada.

A começar pelo visual, com sua vasta e bagunçada barba – da qual ele tem falado mais do que de Werdum e que, garante, não é superstição. Mas não só. Esbanjando bom humor, o lutador bateu um papo com o UOL Esporte em que além de analisar o combate e rebater declarações polêmicas de Werdum falou de como é lidar com uma namorada que tem verdadeira “tara” por armas. Sexy, mas perigoso, ponderou ele, aos risos.

Questionado sobre o que ele acha de responder tantas perguntas sobre seu visual, ele não se incomoda.

“Eu adoro minha barba. Literalmente e figurativamente, é algo que simplesmente cresceu em mim. Eu não trocaria ela por nada”, brincou o norte-americano, que há cerca de um ano trocou o visual cara limpa pelo estilo “lenhador”.

“Só tem quatro ou cinco pessoas que podem me convencer a tirá-la: meus dois filhos, minha namorada e Dana White ou Lorenzo Fertitta”. Sério, Dana White pode fazer isso? “Bom, ele não pode me fazer raspar tudo. Mas se me mandar dar uma aparada, aí tenho que obedecer...”

Travis Browne conta que sua barba não surgiu do nada. Ela foi fruto de uma aposta com um primo. Quem cortasse primeiro teria de pagar ao outro 500 dólares – as regras permitiam aparadas, o que o peso pesado faz regularmente. “Mas ainda não dei 500 pratas a ninguém”, garante o lutador, que admite que o visual veio acompanhado de vitórias, mas não crê em superstição.  “Acredito apenas em trabalho e dedicação.”

Quem acompanha Browne nas redes sociais vê que Browne também é ligado em outro assunto: armas. Ou melhor, o negócio dele são mulheres que atiram. Tanto que sua namorada, a modelo de biquínis Jenna Renee sempre ganha armamentos de presente do lutador e “retribui” com fotos em seu Twitter testando os brinquedinhos.

“É verdade, eu gosto de mulheres que atiram. É sexy, na minha opinião! E a Jenna faz um bom trabalho atirando. Nem precisa de mim por perto, sempre dorme com uma arma do lado da cama”, conta o lutador, que sabe que o gosto tem seus perigos. “Tenho que me comportar, você sabe como as mulheres podem ser malucas (risos).”

O lutador e a luta

Sobre Werdum, Browne diz que prefere climas mais amenos com seus rivais, mas não deixa de responder às provocações do gaúcho. Recentemente, Werdum sugeriu que foi superior ao norte-americano durante um treino entre eles, há alguns anos. A declaração fere uma ética seguida pela maioria dos lutadores, de não comentar o que acontece dentro da academia.

“Não gosto de caras que agem desta forma. Se algo aconteceu há quatro anos, é muito tempo. Hoje é 2014, não 2010... O que ele viu e o que aconteceu no treino permanece lá. Agora é diferente, na hora da luta vamos ver o acontece”, ameaçou, em tom mais sério.

Por outro lado, Browne disse que gostou da chance de enfrentar o vice-líder do ranking dos pesados, já que Cain Velásquez está lesionado e deve voltar só em novembro.

“Sabe, eu gostei dessa oportunidade, fazia sentido. Não tinha motivos para nós fazermos qualquer outra luta. Prefiro me manter ocupado. E Werdum melhorou muito em sua trocação, tem feito ótimas lutas, então será um grande combate. Tenho minha estratégia e mesmo que o combate para o chão não é algo que me preocupa”, analisou ele.

“Sobre o cinturão, minha carreira é feita de metas de longo prazo. Quero lutar pelo cinturão, mas não desaparecer em seguida. Quero conquistá-lo e defendê-lo muitas vezes. Não importa com quem eu lute agora, porque quando eu chegar lá, vou ter de lutar com todo mundo: Werdum, Cigano, Overeem, Miocic, podem vir todos. Não importa”, acrescentou o peso pesado.

Travis Browne está com 31 anos e entrou no UFC em 2010, invicto com nove vitórias. Desde então, venceu seis de oito lutas: empatou com Cheick Kongo e perdeu para Antonio Silva, o Pezão – o brasileiro viu que Browne havia sofrido uma lesão no meio da luta e partiu para o nocaute, com sucesso.

Desde o revés para Pezão, foram três nocautes rápidos: contra Gabriel Napão, a estrela Alistair Overeem e em dezembro contra o veterano Josh Barnett.

Antes de se descobrir nas lutas, Browne cresceu no Havaí. Ele costuma contar que nem tudo é lindo por lá e que as drogas e gangues são perigos reais. Seu pai, viciado em álcool e ligado a uma gangue local, morreu cedo por decorrências da bebida. Ele próprio passou a ter um comportamento violento e quase foi preso por fraturar a mandíbula de um homem em uma briga.

Restou a ele tentar ganhar a vida de outra forma. Ao mesmo tempo em que se dedicou ao MMA com seriedade – “era melhor bater em alguém profissionalmente em vez de pagar US$ 25 mil pra não ser preso” -, abriu também uma empresa que treina cães para particulares e para órgãos governamentais.

O MMA surgiu quando um amigo lhe mostrou o que era o jiu-jítsu. Em três meses ele já estava ganhando torneios de luta agarrada e menos de um ano depois, em 2009, estreou vencendo um rival de 130 kg, dez a mais que ele, em 43s. Era o começo da arrancada, em que ele tenta engatar a próxima marcha com novo nocaute, agora sobre Werdum.