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UFC economiza US$ 2 milhões em ano sem Anderson Silva e GSP

Sem Anderson e GSP em ação, Jon Jones é atualmente a maior estrela do UFC; ele luta sábado - Al Bello/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images
Sem Anderson e GSP em ação, Jon Jones é atualmente a maior estrela do UFC; ele luta sábado Imagem: Al Bello/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

24/04/2014 06h00

Uma das discussões mais fortes em torno do UFC é em relação aos valores que a organização paga aos competidores, cifras que não se comparam ao milionário mundo do boxe. 2014 marca uma nova realidade neste tema. Se o plantel do Ultimate só aumenta, com mais de 450 lutadores, duas das maiores estrelas deram uma ajuda para Dana White e companhia salvarem uma bolada só em bolsas.

Um estudo feita pela empresa brasileira de auditoria BDO analisando as bolsas pagas apenas em disputas de cinturão da entidade mostra dados que escancaram a disparidade de salários pagos a cada atleta. Sem Anderson Silva, lesionado, e Georges St-Pierre, parado por tempo indeterminado, a previsão de economia é de até US$ 2 milhões para este ano.

Nos últimos anos, a média das bolsas pagas em disputas de cinturão subia substancialmente. De US$ 90,7 mil em 2011 a US$ 148,2 mil em 2013, o crescimento é de 64%. Em 2014, com quatro disputas de cinturão já realizadas, a queda foi brusca: uma diminuição de 62,49%, com US$ 55,6 mil.

Para se ter uma ideia, Anderson Silva – que segundo o próprio deve voltar apenas no meio de 2015 – era o campeão mais bem pago do UFC até o fim de 2013, com uma bolsa de US$ 600 mil. Georges St-Pierre aparecia na segunda posição, com ganhos de US$ 400 mil, ao lado de Cain Velásquez. Se o Spider e GSP mantivessem o que fizeram em 2013 e realizassem duas lutas cada, fariam o Ultimate desembolsar US$ 2 milhões. Vale destacar que esses valores declarados pelas comissões atléticas não incluem ganhos com patrocinadores e outras fontes de renda.

Mas não é só a ausência de Anderson e GSP que mexeu nisso, mas a ausência de Cain Velásquez, por lesão, pelo menos até novembro. Outra falta nos dados é a de Jon Jones, que luta este fim de semana contra Glover Teixeira e seguramente alterará a média, já que é o campeão mais bem pago em atividade, ganhando US$ 400 mil por luta. No entanto, o valor ainda será inferior a 2013.

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Imagem: Arte UOL

É claro que a lesão de Anderson Silva e a parada por tempo indeterminado de Georges St-Pierre mexem muito mais a fundo com as finanças do evento, já que eles são os maiores arrebatadores de audiência da atualidade. Assim, o estudo reflete uma realidade de 2014 que é desafiadora para o Ultimate. Sem seus principais nomes em ação, apenas Jon Jones, resta ao UFC torcer – e trabalhar – para que os outros campeões consigam preencher o vácuo, atrair público e manter o “show” em crescimento, como vinha ocorrendo.

A preocupação do UFC é em relação à audiência e à venda de pay-per-views, fundamentais se a organização quer manter seu espaço e ainda crescer. O recorde na venda de pacotes de PPV já é muito antigo: 1,6 milhão no UFC 100, em 2009. Há um ano a marca não bate a marca de 1 milhão. Já a audiência do TUF e dos eventos na FOX (TV aberta americana) seguem caindo lentamente – o UFC on FOX 11, com Werdum x Browne, bateu recorde negativo.

Ronda Rousey (cujo salário é de US$ 55 mil) e José Aldo (US$ 120 mil) puxam a fila dos astros em atividade enquanto Velásquez (U$ 400,000) não retorna de sua lesão para encarar Fabrício Werdum. Anthony Pettis é outro que pode render bons frutos, mas só volta ao octógono após participar do próximo TUF como técnico, contra Gilbert Melendez. Renan Barão e Demetrious Johnson estão em crescimento junto ao público. E Johny Hendricks, mais recente campeão coroado pelo Ultimate ainda é uma incógnita quanto à popularidade.

"Facão" segue cortando cabeças

Outro ponto relacionado às bolsas são as demissões. Ultimamente o UFC tem cortado lutadores de seu plantel que eram veteranos da organização, mas sem futuro quanto a disputas de cinturão. Portanto, os gastos elevados que geravam já não compensavam. Os cortes de Jon Fitch, Jake Shields e Yushin Okami, por exemplo, comprovam isso.

Por meio do reality show TUF e de eventos internacionais, o Ultimate segue em expansão para Ásia, Oceania, América Latina (principalmente México) e, mais lentamente, na Europa. Portanto, o “facão” deve continuar vitimando lutadores, para que eles abram espaço para uma nova leva de competidores tentarem brigar por um espaço entre as estrelas da organização.