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Nick Diaz não está animado em encarar Anderson Silva. E explica por que

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

30/07/2014 15h42

Para muitos lutadores, ter a chance de ficar frente a frente com Anderson Silva, considerado o maior ícone do MMA na história, seria o maior feito de sua carreira – e independentemente do resultado. Não para Nick Diaz. Novo rival do Spider, o norte-americano atendeu à imprensa por cerca de 30 minutos, por telefone, nesta quarta-feira. Não se esquivou de perguntas e mostrou um lado diferente. Filosofou, abriu-se e afirmou que não está animado em enfrentar o ex-campeão dos médios do UFC. O motivo?

“Eu não gosto de lutar”.

Foi esta a razão dada pelo ex-campeão do Strikeforce. Mas como assim? Então, ele faz isso para ganhar dinheiro, certo? “Eu não preciso do dinheiro, consigo sobreviver, mas quero fazer meu melhor, como todos os outros.”

“Lutar não é algo que eu goste de fazer, é algo que eu acho que tenho de fazer, é como as coisas são”, disse ele, refletindo sobre a própria carreira. Para o norte-americano, é como se o seu histórico na adolescência, quando foi de um jovem que sofria bullying a um praticante de caratê, wrestling, jiu-jítsu e boxe tivesse desenhado seu caminho naturalmente. E, de certa forma, o tivesse prendido nele.

“Muitas gente faz coisas que não gosta, mas se esforça para fazer algo por sua família, não fala porcarias, coloca um sorriso no rosto e faz. Eu não gosto de dar surras nas pessoas, sou um cara pacífico. Não gosto de machucar outros. Tem gente que acha que amo trocar porrada com outro cara, mas isso é um monte de m... Eu acho que faço porque tenho que fazer, por diversas razões por trás de tudo, porque estou nas artes marciais, porque elas me trouxeram até aqui... É isso que sinto.”

Para Diaz, enfrentar Anderson Silva foi o melhor meio que achou para conseguir se manter em evidência. Sua meta não é exatamente vencer, nem ganhar dinheiro. É apenas conseguir ser o melhor no que faz. No momento, isso o leva ao octógono do UFC 183, em Las Vegas. No futuro, pode ser uma nova chance de lutar pelo cinturão, o que teve contra Georges St-Pierre, mas foi derrotado.

“Eu só olho para as grandes lutas, e se for uma luta por cinturão (no futuro), será por isso que vou aceitar. Uma vez que você tenha um título, você pode se sentir importante. E se for assim, se vender ingressos, todos se beneficiarem, inclusive minha família, seria sim um aspecto importante para eu me motivar, treinar e encarar mais uma luta”.

Em tempo, dinheiro não é o mais importante – ainda que certa vez ele tenha dito que só enfrentaria Anderson pela quantia certa - mas sua conta só está ficando mais cheia. “Eu acabei de conseguir um contrato. Sentamos e negociamos, então não posso reclamar do que consegui no novo acordo”, disse o norte-americano, que tem três lutas no novo contrato.

Sobre Anderson e o peso

Nick Diaz foi bastante vago ao dizer o que espera do combate. Preferiu não cravar que se verá um duelo mais focado no boxe, ainda que ambos tenham essa escola como uma das principais. 

Ele explicou a questão do peso, já que ele é um meio-médio (até 77 kg) que já lutou no peso leve (70 kg), enquanto Anderson Silva é um peso médio (84 kg) que já lutou no meio pesado. 

“Eu estou pesado agora. Naturalmente tenho trabalho para descer para o meio-médio, costuma ser difícil, mas também consigo ganhar peso rapidamente. Eu costumo pesar no dia a dia uns 88 kg, quando não estou correndo ou treinando. Para mim, essa é uma das minhas forças, acho que consigo lutar em qualquer peso. Já fiz combates em várias categorias, posso lutar mais pesado e quero provar isso contra o Anderson. Não será um problema para mim”, analisou.