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Único algoz de Aldo volta a lutar depois de deixar o MMA para ser policial

Luciano Azevedo finalizou José Aldo em 2005, com um mata-leão - Arquivo Pessoal
Luciano Azevedo finalizou José Aldo em 2005, com um mata-leão Imagem: Arquivo Pessoal

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

22/08/2014 06h00

Luciano Azevedo tem uma marca invejável em seu cartel no MMA: ele é o único lutador a derrotar o campeão dos penas do UFC José Aldo. E com propriedade, já que o finalizou com um mata-leão. Já são nove anos que isso aconteceu, e a vida de Luciano mudou muito. Quase o arrastou definitivamente para longe do MMA. Hoje o carioca é policial, costuma passar seu tempo de guarda em favelas, mas retorna para sua antiga carreira neste domingo.

O peso leve é uma das atrações do Shooto 49, no Rio de Janeiro, em sua primeira luta em três anos. Foi exatamente este período em que ele se viu tentado a largar tudo por uma carreira mais segura, e deixou os combates profissionais para se tornar um policial.

“Eu tenho muitos amigos que são policiais. Você vai ficando mais velho como lutador e pesa a responsabilidade, começa a pensar em outros planos. Ser lutador estava muito difícil, então consegui fazer a prova, passei e virei policial, funcionário público, recebo todo mês certinho...”, explicou o carioca.

Luciano se manteve treinando, mas com intensidade muito menor. Como o Bope do Rio é parceiro do Shooto, ele acabou sendo convidado a fazer mais uma luta. Sem compromisso para o futuro, ele aceitou e foi liberado de boa parte de suas funções para treinar para o combate.

O lutador/policial conta que seus ensinamentos nas artes marciais foram importantes no seu trabalho na rua. Ele por um ano esteve na favela do Jacarezinho, que antes de ser pacificada era considerada a mais perigosa do Rio de Janeiro. Mesmo após a UPP, a situação ainda era arriscada, com o agravante de os policiais praticamente não poderem usar suas armas contra bandidos.

“Trabalhar em favela é difícil, porque tem muito morador conivente com o crime. Enfrentamos situações difíceis, mas a equipe era boa e sempre conseguimos controlar bem as coisas. Momentos perigosos têm, a favela tem muita criança, muitos civis, e você não pode reagir”, explica ele. “Os criminosos atiram e se escondem em becos. E somos instruídos a só atirar próximos de suspeitos e com visão, para defender os civis.”

“Ser um lutador acrescenta muito ao trabalho na polícia. Hoje em dia a pessoa precisa saber se defender. Quanto menos você usar sua arma, melhor. Tem que ter a defesa pessoal em segundo plano”, completou.

A luta com Aldo

Hoje Luciano tem um cartel de 16 vitórias e 9 derrotas, com três triunfos, dois reveses e um empate nas suas últimas seis lutas. Ele enfrenta Alejandro Solano Rodriguez, da Costa Rica, sempre mantendo a imagem de ser “o cara que fez José Aldo bater”.

Mas Luciano sabe que essa fama não lhe garante vitórias. “É bom ser lembrado. Mas quem me conhece sabe que sou uma pessoa que nunca usei isso. Naquela época o MMA não era tão famoso assim, e é um grande orgulho ter conseguido isso”, contou o carioca, que hoje torce por Aldo em sua caminhada como campeão do UFC.

“Para aquela luta, eu estudei as lutas e a característica é como a de hoje. Como em pé eu era inferior, sabia que tinha de levar para o chão. Me preparei bem, e tentei botar para baixo algumas vezes. Ele defendeu bem, mas uma hora botei para baixo, passei a guarda, fui para as costas e peguei no mata-leão”, detalhou Azevedo. Aquela foi a oitava luta da carreira de José Aldo. Depois da derrota, o manauara embalou até chegar aos títulos do WEC e do UFC, e está invicto há 17 combates.