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Pós-doping, sem TRT e prestes a operar, Pezão se testa contra ex-campeão

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

13/09/2014 06h00

Apesar de estar voltando de doping, Antonio Silva, o Pezão, tem moral com os chefões do UFC, a ponto de ser escalado para ser a estrela principal da estreia da organização em Brasília. A luta contra Arlovski, no entanto, apresenta um Pezão diferente do que nocauteou Overeem, perdeu para Velásquez e empatou com Hunt. O paraibano terá de provar que consegue manter o nível de suas performances sem o uso do TRT, para permanecer com um espaço de destaque no top 5 da categoria peso pesado.

O desafio do brasileiro é contra um ex-campeão, Andrei Arlovski, que reinou no Ultimate entre 2005 e 2006 e que retornou recentemente à organização, já aos 35 anos, querendo uma última chance de retomar o título. Independentemente do resultado, Pezão já tem algo marcado para seu pós-luta, uma cirurgia por conta dos seus problemas hormonais – que foram prejudicados sem a chance de ele fazer o tratamento de reposição de testosterona.

A questão de saúde do paraibano data de 2006, quando ele descobriu um tumor no cérebro, na glândula pituitária, que fazia seu corpo secretar hormônio de crescimento em excesso. Isso lhe causou acromegalia (gigantismo) e Pezão foi operado para tirar o tumor benigno.

A cirurgia dificultará a Pezão o trabalho de preparação física, já que a glândula produz substâncias que deixarão de existir em seu corpo após a retirada. A reposição poderia ser feita com o uso do TRT, que foi banido pela comissão atlética de Nevada, nos Estados Unidos, no começo de 2014.

Apesar disso, o paraibano tem evitado reclamar e afirma que compensa de outras formas a falta de algumas substâncias.

"O problema é no futuro, quando eu tiver uns 50 anos, que essa falta de testosterona pode fazer mais diferença. Hoje não prejudica a minha saúde. Eu consigo tirar da alimentação e da suplementação a diferença que preciso. Consegui baixar meu nível de hormônio de crescimento, mas não tem trazido nenhum mal, até ao contrário, porque eu me lesiono pouco, me recupero rápido", disse Pezão.

Segundo ele, a única vez que ele pediu a permissão para o TRT foi antes da luta contra Hunt, quando ele foi pego no antidoping justamente por excesso de testosterona.

A maior diferença deve ser após a cirurgia, mas Pezão tem também o longo tempo de inatividade (nove meses) como obstáculo, ainda mais tendo em frente uma luta de cinco rounds.

A expectativa é de que combate não dure isso. Tanto Pezão quanto Arlovski tem punhos pesados. O primeiro é mais raçudo, já o bielorrusso é mais técnico e tem ainda chutes e joelhadas em seu cardápio originado no kickboxing. O problema de ambos é o queixo. Pezão é um pouco mais resistente, mas já foi nocauteado. Arlovski não aceita bem ser golpeado: perdeu sete vezes por nocaute.

Vale lembrar que o combate é uma revanche, com Arlovski interessado em dar o troco. O europeu perdeu por pontos para Pezão no Strikeforce, em 2010. Agora, precisa mostrar serviço, já que reestreou com uma vitória polêmica no UFC, triunfando sobre Brendan Schaub sobre vaias.

"Eu já esqueci que fui um campeão, não gosto de ficar ligado ao passado. Eu vivo o presente e o futuro. Nesta luta, vou ouvir muitas vaias, mas tudo bem. Pezão é duro, tem mãos pesadas, soca bem e é faixa preta. Mas estou treinando muito forte, estou bem e preparado para essa luta, que é muito importante para mim”, afirmou Arlovski.

Confira o card completo do UFC Brasília

Card principal

Pesado: Pezão x Andrei Arlovski
Leve: Gleison Tibau x Piotr Hallmann
Leve: Leonardo Santos x Efrain Escudero
Meio-médio: Santiago Ponzinibbio x Wendell Negão
Galo: Iuri Marajó x Russell Doane
Galo feminino: Jéssica Andrade x Larissa Pacheco

Card preliminar
Pena: Godofredo Pepey x Dashon Johnson
Meio-médio: Igor Araújo x George Sullivan
Leve: Francisco Massaranduba x Leandro Buscapé
Meio-médio: Paulo Thiago x Sean Spencer
Galo: Rani Yahya x Johnny Bedford