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Muito gelo e até bife? O que Aldo pode fazer para curar o rosto amassado

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

28/10/2014 11h46

Quem acha que vida de lutador é dura só em treinos e na hora da luta, pode se esquecer do pós-combate, que pode ser até mais dolorido. José Aldo saiu do UFC deste fim de semana, no Rio, com as marcas de uma guerra contra Chad Mendes. A sensação é boa, de vitória, diz ele, após o triunfo por pontos, mas os ferimentos precisam de cuidados e alguns bons dias para ficarem curados. O manauara deixou o evento com o olho esquerdo muito inchado e um corte na pálpebra, e a cura vem com uso de muito gelo - que poderia ser trocado até por um bife congelado.

O cutman brasileiro Denis Simões explica que em caso de inchaço, apenas, a recuperação é de uma a duas semanas, até que a região fique normal e os hematomas desapareçam. Para Aldo, que ganhou um prazo de dois meses de suspensão de atividades, o corte na pálpebra esquerda aumentou este prazo.

Em casa, o maior susto fica ao se olhar no espelho, como José Aldo admitiu: “Nunca me machuquei tanto, estranhei ao me ver no espelho. Mas estou feliz de fazer esta sétima defesa. Se for para vencer, não importa ficar assim toda vez”. O tratamento é simples e sem mistérios.

“Para quem cuida é só gelo, porque ele diminui o inchaço. O gelo age por vasoconstrição. Fecha os vazinhos, diminuindo o inchaço e os hematomas”, explica Denis Simões, que era lutador de jiu-jítsu e boxe e virou cutman há oito anos, depois de cuidar dos próprios ferimentos e os sofridos por seus amigos.

Para quem curte filmes, vem a lembrança de películas antigas, em que a cura para estes ferimentos era colocar bifes sobre o rosto, ou sacos de comida congelada – ervilhas, por exemplo. Aldo certamente não usou a técnica, mas poderia.

“É verdade, antigamente o pessoal colocava bife. Mas é só porque é gelado. Na hora de socorro, principalmente ainda em cima do octógono, a solução é gelo, ou aquele ferro gelado que o cutman costuma usar”, adiciona Denis. Para o cutman, o procedimento com Aldo foi o correto, com o cuidado de não se usar o ferro na pálpebra esquerda, um local delicado e fragilizado pelo corte, que poderia espalhar mais os hematomas e o inchaço.

Maldonado: surra dá dor de cabeça, mas orgulho machuca mais

Fabio Maldonado está acostumado a participar de lutas sangrentas e geralmente sai do octógono ou com o rosto do rival desfigurado ou o dele próprio. O sorocabano explica que é preciso ter alguns cuidados nas duas semanas depois de um combate que acabe desta maneira.

“Sempre demoro uma semana a voltar a treinar, mas sem tomar soco, claro. Até bater saco eu evito nas primeiras semanas, porque causa impacto, inclusive na cabeça. No caso da minha luta contra o Glover Teixeira, eu não consegui fazer nem uma caminhada, dez dias depois, por conta de dor de cabeça”, afirmou o meio-pesado, citando o combate em que teve o nariz fraturado por golpes do mineiro.

Mas, para a maior parte dos lutadores, a aparência e as dores são um detalhe que passa batido. “Cara, isso aí não é nada... Isso é frescura, se o cara se preocupa. O que dói é perder, passar uma vergonha. A medicina de hoje conserta tudo. Você pode quebrar a cara, e fica tudo bom. O que dói é passar por meses de treinamento, fisioterapia e poder perder uma luta. Isso que dói, o orgulho”, disse o “Caipira de Aço”.