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Weidman vê coisas boas em Belfort, mas ainda o considera um "trapaceiro"

José Ricardo Leite

Do UOL, em Las Vegas (EUA)

21/11/2014 06h00

Nem as provocações, guarda baixa e desdém de Anderson Silva motivaram tanto a língua de Chris Weidman como o duelo contra Vitor Belfort. O americano, campeão dos médios do UFC, por várias vezes deixou de lado seu perfil bonzinho para atacar o brasileiro por seu passado com doping. Pedidos de testes via redes sociais e até a palavra “trapaceiro” foi usada pelo dono do cinturão.

Não é fácil para Weidman soltar elogios quando o assunto é Vitor Belfort. Porém, o lutador de Nova Iorque deixou um pouco de lado as críticas e mostrou também uma polida reverência.

Sem querer se aprofundar tanto, Weidman admitiu méritos técnicos do ex-campeão dos meio-pesados, como seu boxe afiado. E disse que mesmo sem fazer o TRT, terá pela frente um Vitor muito duro no combate do dia 28 de fevereiro, em Los Angeles, pelo cinturão dos médios.

“Ele tem um boxe muito bom e potente. Eu espero um combate contra o melhor Vitor possível, um Vitor que virá muito forte. Espero que terei pela frente no octógono um cara muito rápido, é um cara que tem resistências. Ele é um lutador que tem muita velocidade nas mãos. Tem muita experiência”, falou Weidman, em entrevista ao UOL Esporte. “Estou melhorando. Tenho tempo para me preparar e entrar em forma para esta luta.”

Weidman é um velho carrasco de brasileiros. Somente no UFC, além de tirar a longa invencibilidade de 17 lutas de Anderson Silva e vencê-lo duas vezes, bateu também Demian Maia e Lyoto Machida. A vitória sobre o carateca, em disputa de cinturão em julho deste ano, rendeu até desavenças com internautas brasileiros nas redes sociais.

E depois de criticar Belfort várias vezes, foi xingado e respondeu que não tinha culpa se era escalado para encarar os ídolos de brasileiros. Ele admitiu que a relação com os fãs do país não é mais a mesma. “Nas mídias sociais? A relação está mal, brutal. Mas eu gosto do Brasil.  Depois que ganhei do Machida vi fãs brasileiros bravos comigo.”

O americano ainda se explicou sobre uma declaração dada em um evento de perguntas e respostas com fãs na Austrália quando disse que uma terceira luta contra Anderson Silva seria “dinheiro fácil”. Afirmou que não foi em um sentido desrespeitoso e reafirmou que Spider é um dos melhores da história.

“Eu disse que seria dinheiro fácil em termos de retorno da luta (pela promoção). Foi num Q&A (evento de perguntas e respostas) na Austrália, mas não quis dizer que ganhar dele é dinheiro fácil. Não importa quem se lute, não é fácil ganhar dinheiro neste nível”, falou, para depois responder quem foi o melhor da história. “Anderson Silva. Jon Jones está a caminho. Eu diria Anderson Silva.”

Vitor ignora “trapaceiro”

O norte-americano chamou Belfort de "trapaceiro" esta semana e disse que não irá ceder o posto de melhor peso médio do UFC. "Ele já foi pego trapaceando e eu não vou deixar um trapaceiro tomar meu cinturão", disparou Weidman, no eventoUFC The Time Is Now, em Las Vegas, para a Fox Sports.

O primeiro problema com doping de Vitor Belfort aconteceu em 2006, quando ele foi flagrado usando um tipo de testosterona ilegal e acabou suspenso por nove meses. Em 2014, o TRT (um outro tipo de testosterona) foi considerado doping em Las Vegas e Belfort pediu o adiamento da luta para se acostumar com as novas regras.

Na última segunda-feira, em Las Vegas, Vitor declarou que não dará resposta ao americano por ignorar que se passa do outro lado. Diz nem dar bola para o que o atual campeão diz. "Nem presto atenção no que ele está falando. Ele tem o que é meu e vou pegar dele no dia 28 de fevereiro de 2015. Está decidido, não tem muito o que falar. O que ele faz é problema dele", falou Vitor.

A confiança para o duelo é tanta que Belfort foi até a encarada nesta semana acompanhado de uma camiseta em que crava a vitória no duelo com o americano. Junto do possível futuro triunfo, estão seus outros dois títulos no UFC, dos meio-pesados e da fase dos GP´s.

"Essa camiseta fala uma coisa diferente. Eu estava me consagrando campeão com duas lutas na noite, duas semanas depois de minha irmã ser sequestrada. E aqui vou ganhar meu terceiro cinturão ganhando história. Agradeço a Deus todo dia pelo que fiz. Eu estava nesse esporte há tempos e estar nele, de alto rendimento, até agora, agradeço a Deus todos os dias."

Vitor ainda disse não ter nenhuma preocupação com os que não creem que será capaz de suportar uma luta de cinco rounds depois de ser proibido fazer o tratamento de reposição hormonal TRT. Afirma ser capaz de ganhar até o final e não somente na base da explosão no primeiro round.

"Seria muita ignorância da minha parte entra para uma luta esperando que eu possa só ganhar no primeiro round. Às vezes eu ganho no primeiro round. É bom que eu ganhe, tenho que ter qualidade para ganhar no primeiro round. Mas você se prepara para cinco rounds. O que as pessoas pensam não decide nada em relação à minha vida. Estou preparado, a palavra é preparação e tenho feito isso durante anos", disse o brasileiro.