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Estudo feito nos EUA será base da defesa de Anderson Silva contra doping

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

05/02/2015 06h00

Anderson Silva negou que tenha usado qualquer substância dopante, mas ainda não explicou por que um exame apontou a presença de dois itens proibidos no seu organismo. Se tudo correr como planejado, apresentará sua justificativa até a próxima sexta. Até lá, o lutador e seu estafe, com a consultoria de um farmacólogo, estudam todas as possibilidades de defesa.

A análise dos materiais coletados e dos exames feitos em Anderson Silva está sendo feita nos Estados Unidos, explica Claudio Dalledone, advogado paranaense que está trabalhando no caso para o lutador. Segundo ele, o parecer do profissional contratado pelo ex-campeão dos médios já tem 50 páginas e deve ser concluído em breve.

Esse estudo deve ser a base da defesa de Anderson Silva. No dia 17 de fevereiro, o lutador será ouvido pela Comissão Atlética de Nevada, que é quem o acusa de doping – o UFC, embora seja o empregador do brasileiro, apenas acompanha o caso. Nessa audiência, Spider terá de provar por que seu exame antidoping acusou positivo para as substâncias drostanolona e androsterona.

Anderson fez três exames antes da luta contra Nick Diaz, que ele venceu por pontos no último sábado. Nos dias 9 e 19 de janeiro, a Comissão Atlética colheu amostras de sangue do brasileiro. O primeiro mostrou a presença das substâncias drostanolona e androsterona - o resultado do teste do dia 19 ainda está pendente. O Spider também foi testado em 31 de janeiro, cedendo uma amostra de urina, que voltou limpa.

“Eu estou perplexo, o Anderson está perplexo. Ele jurou que não ingeriu nenhuma substância. Uma das conjecturas, e por enquanto está só no campo da conjectura, é a de que possa existir o ‘falso positivo’, tendo em vista a carga enorme de anti-inflamatórios que ele teve de usar para superar a lesão. Isso está sendo investigado”, disse Dalledone.

O “falso positivo” em questão é uma teoria levantada pelo advogado. Segundo ela, Anderson teria usado medicamentos permitidos ao longo de 2014 para ajudar na recuperação da fratura na canela esquerda que o tirou dos octógonos após a segunda luta contra Chris Weidman. Em excesso, essas substâncias teriam aparecido no exame antidoping como anabolizantes por conta de uma alteração metabólica. Por enquanto, porém, o argumento não passa de uma hipótese. A teoria só será usada na defesa do brasileiro se for esse o parecer do farmacólogo contratado por Anderson Silva. Até que o estudo seja concluído, nada deve ser dito de forma definitiva.

A notícia do doping foi divulgada na noite da última terça e Anderson se manteve calado por quase um dia. Quando se pronunciou, na noite seguinte, limitou-se a negar o uso de doping, sem explicar, no entanto, o que levou ao teste positivo para as substâncias anabolizantes. A ideia é que ele volte a falar, dessa vez com mais a dizer, quando o estudo for concluído.

“Nós estamos em compasso de espera por causa desse parecer. Ele vai dar elementos suficientes para o Anderson dar uma versão. [Ele falar sobre o assunto] é uma hipótese que está ganhando corpo. Ele é um homem público, uma personalidade brasileira”, disse Dalledone.

Além da audiência do dia 17, o estafe do lutador espera que ele possa fazer uma contraprova, que na verdade representaria um terceiro exame. “Comissão Atlética de Nevada vai dar o contraditório. Queremos que seja tudo publicado, que seja acompanhado por técnicos indicados pela defesa do Anderson”, completou o advogado.

A argumentação à Comissão de Nevada, porém, será definitiva, conforme diz o próprio Dalledone. Como já fez em outros casos, deve ouvir as explicações do acusado para depois se pronunciar sobre uma eventual punição. No caso da substância de Anderson Silva, a praxe é de ganchos entre nove meses e um ano.