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Em meio ao doping, Anderson mantém rotina de ator e se espelha em Santoro

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

26/02/2015 06h00

Vivendo um momento delicado dentro de sua profissão principal como lutador, por conta do flagra em exames antidoping do UFC 183, Anderson Silva ainda terá um bom tempo para se preocupar com o julgamento e a possível suspensão que poderá pegar. Mas nem tudo se resume a isso. Paralelamente a essa situação, o ex-campeão mantém seu projeto de ser ator de Hollywood e não interrompeu as aulas de atuação e as negociações de seus próximos passos. O sonho é estrelar um grande filme de ação.

O foco de atenção do Spider está em sua defesa e, como disse em comunicado, buscar “a verdade tanto quanto todos que se surpreenderam com os resultados divulgados”. Mas, segundo Talize Sayegh, a principal responsável pelo lado ator de Anderson, nem a recuperação da perna e a preparação para enfrentar Nick Diaz, e nem o caso de doping interromperam um trabalho que tem como inspiração a trajetória de Rodrigo Santoro.

O ator é um dos únicos brasileiros a entrar, de fato, em Hollywood, mas precisou de tempo e muito estudo para conquistar seu espaço. É com essa visão em que prega humildade e pequenos passos que o lutador e sua manager seguem.

“Se tudo der certo, logo o veremos em um filme de ação. Isso é um sonho do Anderson há muito tempo, mas ele entende que essa caminhada não é fácil. Então, estamos indo com calma”, explicou Talize, que é diretora do Festival de Cinema Brasileiro de Hollywood.

“O Rodrigo Santoro, quando começou aqui, demorou quase cinco anos para começar a entrar em filmes importantes. Fazia partezinhas, mas se dedicava de verdade. É uma carreira de dedicação, e o Rodrigo não é um exemplo só para a gente, mas para todos os brasileiros”, acrescentou ela. Rodrigo e Anderson são representados pela mesma empresa nos EUA, a ICM Partners.

Antes de decidir de fato pela carreira de ator, Anderson teve créditos por participações em "Jogo Mortal" e "Hell's Chain”, em 2009. Mais tarde, já de olho no cinema como trabalho paralelo, fez uma dublagem em “Minhocas” e teve participações maiores na produção brasileira “Até que a Sorte nos Separe 2” (2013), interpretando um segurança ao lado do humorista Leandro Hassum, e em "Tapped Out" (2014), ao lado de Lyoto Machida.

“A carreira de ator não tem nada a ver com o que ele está passando agora (com o doping). São outros desafios, como aperfeiçoar o inglês, virar um ator internacional e todas as coisas que um estrangeiro enfrenta para entrar no cinema dos Estados Unidos”, afirmou Talize. “O carisma do Anderson e a sua vontade são características perfeitas para ele começar essa caminhada”.

A princípio, o fato de Anderson Silva ter sido escalado como técnico do TUF Brasil 4 diminuiriam o ritmo, mas o afastamento do reality show deu mais tempo para Anderson retomar os trabalhos.

“Ele nunca parou, até quando estava treinando se mantinha ativo. Ser ator é algo que exige uma atenção continua nos estudos de atuação. Temos feito também algumas reuniões e logo ele deve começar a fazer testes, como qualquer ator. O fato de o Anderson ter perfil para filmes de ação é um facilitador, e há diretores que o enxergam desta forma. Não temos dúvidas de que ele terá sucesso, que fará filmes de ação e já temos boas conversas em andamento”, concluiu Talize.

Depois de uma audiência há uma semana, Anderson Silva segue suspenso preventivamente por conta das substâncias ilegais flagradas em exames realizados antes e durante o fim de semana do UFC 183. Foram encontrados no organismo do brasileiro dois anabolizantes e dois ansiolíticos, os últimos substâncias encontradas em remédios para relaxar ou dormir. Ele será ouvido pela Comissão Atlética de Nevada em março, quando deve conhecer a sentença a cumprir, possivelmente de 9 meses a um ano.