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Campeão do UFC derrotado por Anderson defende atleta em caso de doping

UFC/Divulgação
Imagem: UFC/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

24/03/2015 18h53

Com o legado de Anderson Silva cercado por suspeitas após o atleta testar positivo para o uso de esteroides antes da luta contra Nick Diaz, pelo UFC 183, os lutadores que o enfrentaram ao longo de sua carreira estão refletindo sobre os confrontos. Um deles é Rich Franklin, lutador que era campeão dos pesos médios do UFC quando o brasileiro conquistou o cinturão em 2006.

Franklin, que atualmente é o vice-presidente do evento de MMA ONE Championship, foi brutalmente nocauteado por Anderson no UFC 64, quando perdeu o cinturão. Um ano após a primeira derrota, Franklin teve a oportunidade de enfrentar novamente seu algoz, desta vez pelo UFC 77, mas novamente foi derrotado em sua cidade natal, Cincinnati. Diante dos recentes testes positivos para drostanolone e androstane, Franklin admite que ele não pode ajudar a especular desde quando Silva usava drogas para aumento de performance.
 
Em entrevista ao programa The MMA Hour, o atleta disse que ele nunca vai saber se enfrentou Anderson Silva dopado ou não, mas que ele dará ao maior lutador do UFC de todos os tempos o benefício da dúvida. “Se eu disser que esta questão nunca passou pela minha cabeça, eu estarei mentindo. Mesmo se ele estivesse utilizando, eu não sei se isso teria mudado o desfecho das lutas que tivemos. Eu não quero ser tão atrevido a ponto de dizer ‘você sabe, eu penso que ele estava, e foi por isso que eu perdi’, pois não foi isso que aconteceu. Anderson foi um lutador melhor naquela noite e me derrotou”, avalia Franklin.
 
O atleta aproveitou para citar que, com os recentes escândalos envolvendo atletas pegos no antidoping no período fora de lutas, surge a dúvida sobre as condições reais dos adversários enfrentados ao longo da carreira. “Você começa a se perguntar sobre isso. Eu começo a pensar que todos os adversários que eu ganhei e perdi poderiam estar associados ao TRT e as drogas de aumentos de performance. Isso é uma coisa que faz você parar para pensar um pouco.”
 
A versão de Anderson Silva sobre o ocorrido deve ser apresentada para a Comissão Atlética de Nevada em abril. Diversas especulações sobre a severidade das penas que ele poderá receber são avaliadas, sendo que a principal delas aponta que o lutador deverá ser suspenso por 18 meses. Próximo de completar 40 anos, uma grande suspensão poderia significar o fim da carreira de Anderson.  Com uma carreira formidável, Anderson chegou a ter um cartel de 16 vitórias, sendo 10 delas em defesa de cinturão, e nenhuma derrota antes de perder para norte-americano Chris Weidman. Na revanche entre Silva e o atual campeão, o brasileiro quebrou a tíbia e a fíbula da perna esquerda. Para Franklin, a lesão pode ser a explicação para o possível uso de anabolizantes do brasileiro. 
 
“Eu não sei se esta foi a reação certa, mas eu me sinto mal por ele. Eu vou dizer apenas isso, minha reação a esta situação toda é de que o Anderson saiu machucado. Ele estava tentando voltar às competições o mais rápido possível, e o que restou foi recorrer ao uso destas substâncias. Eu estou apenas conjecturando, isso não é um fato, mas ele provavelmente deve ter usado estas drogas de melhora de performance para acelerar o processo de recuperação e as coisas para ele. E, nessa situação, ele acabou pego, e eu sinto muito por ele”, pontuou Franklin. 
 
Por fim, Franklin fez questão de enaltecer o legado deixado pelo atleta, considerado por muitos o maior lutador de MMA da história. “Eu gosto de pensar que isso foi o que aconteceu, e não que ele esteve fazendo isso durante toda a carreira dele. Apenas o pensamento de que algo do tipo tenha acontecido com ele, pode fazer algo como o que acontece no beisebol, em que certos jogadores tem asteriscos ao lado de seus nomes nos livros dos recordes. Este será aquele tipo de mancha pela qual ele sempre será lembrado. Por isso essa foi a minha reação”, concluiu.