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Belfort passa em exames e tem nível normal de testosterona mesmo sem TRT

Gustavo Franceschini e Jorge Correa

Do UOL, em São Paulo e Las Vegas (EUA)

21/05/2015 20h19

Vitor Belfort reclamou que terá de lutar com baixos níveis de testosterona para o seu histórico. Os exames antidoping feitos antes da luta contra Chris Weidman, porém, mostram que os índices do brasileiro, mesmo sem o TRT, são normais. Os testes aos quais o UOL Esporte teve acesso mostram que os dois lutadores passaram ilesos pelo exame antidoping. 

Ambos fizeram dois exames de urina antes da competição. Na aferição, o valor que mais importa é a proporção de testosterona (hormônio masculino natural) por epitestosterona (espécie de testosterona inativa), que não pode passar de 4:1, limite estabelecido pela NAC (Comissão Atlética de Nevada, na sigla em inglês.

Em 16 de março, Belfort tinha 1,7:1 de T/E, como se diz na sigla médica. Em 28 de abril, o número caiu para 1,5:1. Weidman, por sua vez, testou 0,92:1 em 30 de março e 0,13 em 28 de abril. Para efeito de comparação, o nível considerado normal para um homem comum é 1:1.

“Os dois, então, passaram no teste. O limite estabelecido pela Comissão e pela Wada [Agência Mundial de Controle Antidoping] é de 4:1”, disse Chris Eccles, procurador-geral da Comissão Atlética, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

A informação é importante para Belfort, que esteve no centro da polêmica do tratamento de reposição hormonal (TRT), que foi proibido pelo UFC. Nesta quinta, Belfort chegou a dizer que estranha lutar com menos testosterona do que estava acostumado e que preferiu não olhar o resultado dos exames.

Os números mais estranhos, porém, foram os do americano. Em uma das aferições, Weidman estava com uma proporção muito distante daquela considerada normal. Ao ser questionado sobre o assunto, ficou surpreso com os números. “Sério? Eu tenho 30 anos e ele tem quanto? 38? Isso varia, os resultados de exames variam... Eu fiz um exame cerca de três anos atrás para checar testosterona. Foi a primeira vez que eu fiz esse exame e minha testosterona estava em cerca de 280, 300 [0,28:1, para efeito de comparação]”, disse o lutador, para prosseguir na explicação.

“E eu fiquei pensando ‘Como eu estou conseguindo fazer qualquer coisa? Como estou treinando?’ E eu estava mentalmente abatido com isso, eu fui de cansado a muito mais cansado. Mas eu estava no camp de treinamento nessa época. Um ano depois, eu fiz um novo teste e estava tudo normal, então eu pensei ‘Eu sou normal, estou bem!’ Então, sim, acho que definitivamente varia muito”, disse Weidman. 

A reportagem consultou Leandro Almeida, médico especialista em modulação hormonal para prática esportiva, que explicou o baixo índice. "Pode ser reflexo da paralisação do uso de hormônios, mas também pode ser um queda na produção natural do corpo", disse ele, ressaltando que não é possível caracterizar qualquer irregularidade nos resultados.