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'Funileiro' de lutadores é demitido do UFC após crítica e detona Dana White

Do UOL, em São Paulo

22/07/2015 09h52

O acordo entre UFC e Reebok não causou problemas só para parte dos lutadores, que não podem mais mostrar seus patrocinadores pessoais em semana de luta e dentro do octógono. Uma das perdas marcantes desta novidade - aplicada desde o UFC 189 - foi a de Jacob “Stitch” Duran. Ele não luta, mas é um ícone do Ultimate, pelo papel de principal “cutman” da organização e pelo tanto de histórias que viveu nela. Trocando em miúdos, ele é o “funileiro”, o profissional que entra no octógono para estancar sangramentos e diminuir o prejuízo com cortes adquiridos durante o combate.

Mas, desde terça-feira, Stitch está fora da organização, após quase 14 anos. Sua estreia foi no UFC 33. Pouco antes do anúncio da demissão, ele havia falado abertamente em tom crítico do acordo entre a empresa e a Reebok, e acabou pagando o preço, causando revolta em muitos lutadores acostumados a ser tratados e terem suas mãos enfaixadas - outra função do cutman - pelo norte-americano. Ao deixar o Ultimate, ele não poupou críticas a Dana White, “que não teve culhões” de anunciar a demissão diretamente, de acordo com o cutman.

O entrevero entre as partes aconteceu quando Stitch tuitou em resposta a um seguidor, falando dos reflexos do acordo com a marca de material esportivo para seu trabalho. “Perdi tudo em relação a patrocínios, do pagamento à bela roupa. Agora não tenho pagamentos e uso uma roupa genérica”, diz ele, que sempre teve marcas divulgadas em seu colete.

Não tardou, e veio a notícia da demissão, mais uma vez respondendo a um seguidor no Twitter. “Você será o primeiro a saber que o UFC me liberou por causa do que falei sobre o acordo com a Reebok. Agora tenho de procurar um trabalho novo!".

Em entrevista ao MMA Fighting, ele ampliou o tema e simplesmente detonou Dana White. “Isso foi uma coisa que me irritou: ele não teve culhões para me ligar diretamente. Mandou outras pessoas ligarem.”

Adicionou: “Não é que vai faltar trabalho. Mas eu gostava de trabalhar com os lutadores e o pessoal do UFC. Mas tomar essa de Dana, de não ter culhões para me fazer uma ligação, isso só mostra o caráter das pessoas com quem eu lidava. Dana definitivamente mudou. Agora é tudo sobre dinheiro. Costumava ser um ambiente amigável de lutadores.”

Stitch não trabalha apenas com o UFC. Ele faz muitas lutas de boxe - apareceu no último filme de Rocky Balboa - e é onde ganha maiores salários, sendo contratado por lutadores, e não pela organização, como no caso do Ultimate. Agora, ele já prevê se voltar mais à nobre arte para seus trabalhos.

A demissão do cutman gerou uma enxurrada de tuítes, lamentando sua saída. De fãs a lutadores, como Chris Weidman, alguns lembrando que o UFC também perdeu, recentemente, sua “babá dos lutadores”, o sessentão Burt Watson, por causa de um entrevero nunca esclarecido nos bastidores da organização.

"Tãããão desapontado de saber sobre Stitch. Ele é o cara e é a quem eu procurava quando precisava. Ele enfaixou as minhas mãos em todas as lutas de título”, disse Weidman. "Então nós lutadores nos ferramos porque Stitch resolveu falar o que tinha na mente? Quando uma porta se fecha, outra se abre. Muito respeito por Stitch", afirmou Anthony Johnson.

Veja, em vídeo de 2012, o trabalho do cutman:

Outra crítica veio de Wanderlei Silva, que aproveitou para pedir a demissão do UFC, já que, apesar de não lutar e estar afastado do MMA por conta de seu caso de doping, está amarrado à organização.

"Demitiram-no, isso mesmo, demitiram o Stitch por se posicionar contra esse roubo que está sendo feito, contra os atletas. Aí pergunto: por que não me demitem? Eu já disse que não quero e não vou trabalhar mais pra esse event, e não me demitem. É isso que acontece com quem fala a verdade nesta empresa: é escorraçado."