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Erick Silva conta o que foi buscar nos EUA. E maior mudança foi pessoal

erick Silva - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Fernando Notari

Do UOL, em São Paulo

03/03/2016 06h00

Erick Silva, peso meio-médio brasileiro, resolveu dar reviravolta na carreira antes de entrar no octógono no próximo sábado (5), no UFC 196, em Las Vegas. “Cria” da academia carioca X-Gym, fez as malas, partiu rumo aos Estados Unidos, e agora está sob o comando de Rafael Cordeiro, eleito no começo de 2016 o melhor treinador de MMA do mundo. Ao UOL Esporte, o capixaba de 31 anos contou que a sua maior motivação para deixar seu país natal foi uma “questão pessoal”.

“Estava à procura de novos ares, de uma experiência nova”, explicou, ressaltando que não houve trauma e nem fez inimigos ao sair da X-Gym. “Queria evitar minha zona de conforto. No Brasil temos família, amigos, distrações. Coisas que desfocam. A decisão não teve nada a ver com a antiga academia ou os velhos treinos. Queria vir aos EUA também para conhecer uma nova língua, novos costumes, e fui muito bem recebido por aqui, no fim do ano passado", disse.

Erick precisava mesmo “levantar a poeira”. Quando chegou ao UFC, em 2011, tinha status de futuro campeão, mas seus desempenhos abaixo do esperado colocaram-lhe o indigesto rótulo de “eterna promessa”. Já fez 11 lutas na organização, com seis vitórias e cinco derrotas – a última delas em sua apresentação mais recente, contra Neil Magny, em agosto de 2015.

Subiu no avião em outubro de 2015. Fez primeira parada na Renzo Gracie Academy, e depois caiu nas mãos de Rafael Cordeiro – brasileiro dono da Kings MMA e treinador dos campeões Fabrício Werdum (pesado) e Rafael Dos Anjos (leves). “O diferencial foi a parte pessoal", insistiu o meio-médio. “Evolução técnica nós vamos aprendendo. O principal é conhecer pessoas novas. Tive oportunidade de treinar com Dos Anjos, Werdum, Lyoto, Shogun. De absorver conhecimento deles. Um profissional tem que fazer isso”, avaliou.

O atleta terá chance de provar que o camping longe de casa o fez bem no próximo sábado, em evento para o qual estarão voltados todos os holofotes do mundo da luta. Erick entrará em ação pouco antes de Holly Holm, a mulher que venceu Ronda Rousey, defender seu cinturão contra Miesha Tate, e de Conor McGregor, principal astro da organização atualmente, encarar o também falastrão Nate Diaz.

O brasileiro, que prometeu agressividade, terá pela frente Nordine Taleb – bem como ele, o francês vem de derrota. “Vou anular o jogo dele, mas também impor o meu estilo, o que eu estou desenvolvendo hoje em dia”, prometeu, sem entrar em detalhes, em vídeo do UFC.

“Sonho, sim, em ser campeão. Vou lutar por que, se não sonhar com isso? Os resultados me colocam no lugar em que estou”, disse o capixaba, reconhecendo que o seu cartel não condiz com o que dele se espera. “Mas prefiro não ver o que ficou para trás. Esse rótulo (de ‘eterna promessa’) não me incomoda. A pressão faz parte, e eu só quero fazer boas lutas para chegar ao topo da minha categoria”, completou o lutador.