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Lutadores divididos: vejam quem apoiou McGregor e quem criticou o irlandês

Conor McGregor e UFC divergiram em relação aos eventos para divulgação da luta do irlandês - Gary A. Vasquez/USA Today Sports
Conor McGregor e UFC divergiram em relação aos eventos para divulgação da luta do irlandês Imagem: Gary A. Vasquez/USA Today Sports

Do UOL, em São Paulo

22/04/2016 16h01

O racha entre Conor McGregor e UFC dividiu não só os fãs de MMA, mas também diversos lutadores que se apresentam na organização comandada por Dana White. Após o irlandês se recusar a participar da turnê de divulgação do UFC 200, evento em que faria a revanche contra Nate Diaz, a situação do duelo, que seria o principal da noite, segue nebulosa.

Segundo relatos, McGregor teria reclamado da puxada rotina para promover o confronto e pedido para não participar de todos os eventos, algo que teria incomodado o UFC, que teria optado por tira-lo da luta. No entanto, outros lutadores, que passam pela mesma situação, resolveram avaliar a atitude do irlandês.

Jon Jones e Demetrious Johnson defendem McGregor

Acostumados com a rotina intensa de divulgação dos duelos, Jon Jones e Demetrious Johnson, que se apresentam no UFC 193, neste sábado (23), defenderam o irlandês. Para Jones, que já foi campeão meio-pesado da organização, a rotina de coletivas de imprensa e entrevistas é desgastante, especialmente se você for uma estrela como McGregor, que é o atual campeão peso pena do UFC.

“É realmente desgastante. Pode acabar sendo uma distração. Você está falando sobre a sua luta, o oponente está ouvindo suas entrevistas, entendendo seu psicológico. Muitas coisas você tenta deixar no mistério, porque quanto mais entrevistas você faz, mais você expõe seu psicológico. Seu calendário de treinos é alterado. Seus padrões alimentares são alterados. Você se sente desviado do real motivo por você estar lá. Ao final do dia, nós estamos em uma competição física, e você sente que está mais se tornando uma estrela. Entende o que eu digo? Você faz todo esse trabalho que, na realidade, não tem nada ligado ao duelo em si. Isso pode ser uma distração. Mas, ao mesmo tempo, é parte do que fazemos, assim como o corte de peso. Precisamos encarar tudo isso”, relatou Jones.

No entanto, o lutador também fez questão de ressaltar que entende o lado do UFC, já que grande parte do lucro da organização é proveniente do grande trabalho de promoção das lutas que é realizado pela equipe de marketing.

“Nós somos pagos pelo nosso tempo, especialmente nós, lutadores de alto nível. Nós fazemos milhões de dólares, e parte disso é pela nossa performance, mas trazer espectadores para os duelos também faz parte do jogo. Quero dizer que, quando você pensa em o quanto você está trabalhando comparado ao quanto você está recebendo, nós temos um trabalho incrível. Temos prós e contras. Eu entendo o sentimento dele, mas ao mesmo tempo, nós temos um emprego muito bom que nos paga bem”, concluiu Jones.

 O campeão peso mosca do UFC, Demetrious Johnson, também costuma participar de grandes turnês para divulgar seus confrontos. Com sete defesas de cinturão bem sucedidas, o norte-americano se diz acostumado às turnês, mas admite que é algo cansativo.

“Isso consome muita energia. Realmente consome. Gasta energia sentar aqui e responder perguntas, sempre de maneira politicamente correta, pensar nas coisas certas a dizer para que as pessoas pensem que você é inteligente. Todo esse tipo de coisa acaba tomando muita energia que poderia ser bem gasta em casa, descansando ou simplesmente isolando sua mente de tudo isso”, explicou o campeão.

Ainda segundo Johnson, o esgotamento de Conor pode ser explicado pelas exaustivas turnês que o campeão realizou para promover os duelos contra José Aldo e Rafael dos Anjos, sendo que a luta contra o último acabou nem acontecendo. Para o campeão dos moscas, seria péssimo para McGregor interromper seu camp de treinamento, que acontece na Islândia, apenas para realizar alguns compromissos de divulgação com o UFC.

“Ele está no meio do seu camp e gostaria de se preparar adequadamente desta vez. Então ele deixaria a Islândia rumo a Nova York, então iria de lá para Las Vegas. Isso seria um tempo que poderia ser gasto treinando. Aqui, ele não terá os parceiros de treino, precisará encontrar um lugar para treinar, um lugar para comer as coisas certas, o lugar adequado para dormir, e ainda terá que responder todas as entrevistas. Eu sinceramente entendo onde Conor quer chegar. Estou com ele 110%, porque sou um grande fã de quebrar meus camps”, salientou Johnson.

Anthony Pettis e Henry Cejudo criticam postura de McGregor

Enquanto alguns lutadores apoiaram a postura de McGregor, outros optaram por ficar ao lado do UFC nesta queda de braço entre o campeão peso pena e a organização.

Um dos primeiros a defender o UFC foi o ex-campeão peso leve da organização, Anthony Pettis. Segundo o lutador, Conor até pode estar cansado da rotina e das longas turnês de divulgação, mas Pettis ressaltou que isso também faz parte do trabalho na organização.

“Faltam três meses para a luta, isso é um longo tempo. Não é como se o UFC estivesse pedindo para ele fazer coisas irreais, isso é algo normal. Todos nós fazemos isso. Nós nos planejamos para isso. Ele vem de uma derrota e sei como se sente, quer gastar seu tempo treinando”, avaliou o lutador.

O desafiante ao cinturão de Demetrious Johnson, Henry Cejudo, também criticou a postura do irlandês. Segundo o norte-americano, o UFC acertou ao retirar o irlandês do confronto contra Nate Diaz, já que ele está “se achando maior que o UFC”.

“Eu acho que isso é bom para o UFC. A organização precisa começar a fazer coisas deste tipo. Se você achar que é maior do que o UFC, se você pensar que é melhor do que os outros lutadores, então talvez você seja colocado de canto. Então, acho que foi uma bom pela disciplina”, concluiu Cejudo.