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UFC implementará programa de controle de peso para proteger atletas

UFC irá implementar nova política para controle de peso dos atletas - William Lucas/inovafoto
UFC irá implementar nova política para controle de peso dos atletas Imagem: William Lucas/inovafoto

Do UOL, em São Paulo

13/05/2016 12h31

O UFC segue desenvolvendo novas políticas visando melhorar os processos de agendamento de lutas e preparação dos atletas que têm contrato com a organização. Após implementar uma agência para controle de dopagem e vetar a reidratação por uso de substâncias intravenosas, o UFC deverá anunciar uma nova mudanças nos próximos meses.

Segundo o site norte-americano “MMA Fighting, a organização irá implementar um novo programa de gerenciamento de peso, basicamente formado por coleta de dados, a partir do UFC 200. Muitos especialistas acreditam que os atletas se desidratam severamente para atingir os limites de peso das atuais categorias, o que é prejudicial para o organismo. A Comissão Atlética do Estado da California (CSAC) já havia encaminhado uma solicitação para que a organização monitorasse este tipo de atividade, algo que começará a ser feito.

O vice-presidente do UFC para questões ligadas à saúde e performance dos atletas, Jeff Novitzky, trabalhou junto a Marc Ratner para chegar a um modelo que garanta a integridade dos lutadores. Na nova “Política de Gerenciamento de Peso”, os lutadores precisarão provar, na semana da luta, que não estão com mais de 8% a mais do peso que precisam atingir na pesagem. Caso seja constatado que o atleta está com o índice superior a 8%, ele precisará fazer checagens de peso diárias até a pesagem oficial, além de receber conselhos sobre gerenciamento de peso para a próxima luta.

“A principal mudança, e que será a mais difícil, mas que eu acho que, provavelmente, será a mais importante deste novo manual é em relação ao controle dos 8%. Se eles não conseguirem, não quer dizer que a luta não vai acontecer, mas nós vamos ter muita atenção a esses atletas, incluindo pesagens diárias, controle dos sinais vitais. Se, com o passar dos dias, eles mostrarem sinais de desidratação, eles serão retirados da luta”, explicou Novitzky, em entrevista ao jornal norte-americano “Las Vegas Review-Journal”.

Além da nova medida, o UFC começou a realizer reuniões com atletas e seus treinadores para alertar sobre a importância de um corte de peso seguro. Como parte do novo programa, o UFC irá coletar dados sobre os sinais vitais dos lutadores, tais como temperatura, pressão sanguínea e batimentos cardíacos, e irá compara-los com seu peso. Após o atleta realizar a pesagem oficial, os dados obtidos serão armazenados em um banco de dados que gerará análises automáticas.

A organização também irá inaugurar, no próximo ano, o Centro de Performance e Saúde do Atleta do UFC, onde ficará um nutricionista que poderá fornecer aos atletas planos de nutrição, além de outros materiais educacionais. O local também será utilizado por um órgão militar norte-americano após parceria firmada com o UFC.

No UFC 196, realizado dia 5 de março, em Las Vegas, a organização já iniciou um trabalho de monitoramento dos atletas. Após a pesagem, uma sala com diversos tipos de comidas saudáveis foi disponibilizada para que os lutadores recuperassem o peso perdido para atingir o limite das categorias.

A partir do UFC 199, que acontecerá no dia 4 de junho, na California, o UFC já começará a implementar algumas medidas que entrarão em vigor com o novo programa. A pesagem será realizada mais cedo para que os atletas tenham mais tempo para se reidratarem, médicos ficarão monitorando os atletas para identificar possíveis sinais de desidratação e testes específicos para medir o nível de hidratação do organismo serão realizados.

Todas as mudanças foram motivadas por problemas recentes envolvendo o processo de corte de peso. A desidratação severa para atingir o limite de peso das categorias já provocou diversas doenças e lesões, resultando inclusive em alguns casos fatais. Cortes de peso muito extremos podem tornar o lutador mais suscetível a lesões, concussões, traumas cerebrais e nocautes, segundo estudos realizados pelo UFC.

“Muitos destes atletas pensam ser ‘a prova de balas’. Mas quando eles abrem os olhos e os ouvidos é que realmente começam a conversar sobre performance. Você pode até dizer: ‘olha, isso não será bom apenas para você, mas se você fizer as coisas de um jeito extremo, com rápidos cortes de peso, sua performance vai ser afetada’. No entanto, a anedota é que, após as noites de lutas, eu sempre acabo escutando: ‘Nossa, você tinha razão. Realmente eu me senti melhor, com mais energia, como se eu tivesse mais pernas’. É muito encorajador ouvir essas coisas”, concluiu Novitzki.