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Kimbo Slice passou pelo UFC, mas brilhou como "Street Fighter" da vida real

Kimbo Slice se prepara para o combate no Bellator - Divulgação/Bellator - Divulgação/Bellator
Imagem: Divulgação/Bellator

Do UOL, em São Paulo

08/06/2016 06h00

Enquanto “Street Fighter” era um sucesso no videogame, Kimbo Slice fazia isso na vida real. Apesar de colecionar passagens por Bellator e UFC, a fama do lutador das Bahamas se deu mesmo nas ruas dos Estados Unidos. Sem luva, disciplina ou qualquer tipo de equipamento, Kevin Ferguson, seu nome de batismo, saltava de sua van com cara de mau e ia para cima do adversário.

Com o advento da internet, seus combates viraram sucesso. Mas não no YouTube, bem antes disso: seu primeiro vídeo de sucesso foi postado em um site pornográfico. Kimbo era um sucesso entre os amantes de luta antes mesmo de o UFC conseguir ser. Morto na última segunda-feira (6) aos 42 anos, o lutador deixa seis filhos e um legado.

Natural de Nassau, nas Bahamas, tinha outro esporte em mente durante a juventude: o futebol americano. O furacão Andrew, que destruiu casas na Flórida em 1992, no entanto, acabou também com as chances de Kimbo conseguiu uma bolsa de estudos na universidade pelo esporte.

Longe da faculdade, Kimbo passou a pular de emprego em emprego como segurança para conseguir pagar as contas. Com esse objetivo, deu início no que viria a ser seu maior reconhecimento: os combates de rua.

“Eu não sabia aonde iria com isso, fazia para ganhar algum dinheiro e colocar comida na mesa. Esse era o propósito. Ainda hoje luto por aquele dinheiro”, afirmou Kimbo, ao UFC, em 2010.

Entre os diversos combates postados na internet e hoje facilmente encontrados no YouTube, apenas uma derrota de Kimbo: para Sean Gannon, um policial que chegou, inclusive, a tentar a sorte no UFC.

A vida no MMA

Fenômeno da internet, Kimbo seguiu um caminho natural: tentar a sorte em eventos profissionais, que buscam audiência para competir com os poderosos. Foi assim que o lutador chegou ao EliteXC, uma organização que em 2007 tentava fazer frente ao UFC.

Nos três primeiros combates, tudo seguindo os conformes: três vitórias, sendo duas por nocaute, contra Tank Abbott e James Thompson. Esse último, inclusive, era com quem Kimbo tinha combate agendado para o próximo mês no Bellator. Uma revanche que jamais vai acontecer.

Na sequência, Kimbo conheceu sua primeira derrota no MMA, em um combate que gerou polêmica e ajudou no fim do EliteXC. Seth Petruzelli precisou de apenas 14 segundos para nocautear o adversário com cara de mau. Logo em seguida, a Comissão Atlética da Flórida abriu uma investigação sobre influências indevidas de representantes do evento em lutas, em especial nas de Kimbo.

Quase um ano depois do percalço, Kimbo Slice entrou na décima edição do reality show do UFC, o TUF. No programa, acabou derrotado por Roy Nelson, mas ainda assim conseguiu um contrato com a organização. Sob os olhares de Dana White, fez suas lutas: vitória por decisão sobre Houston Alexander e derrota por nocaute para Matt Mitrione.

A passagem pelo UFC, em 2010, era para ser a última de Kimbo pelo MMA. Mas o Bellator começou a ganhar espaço no mundo das lutas e passou a apostar em combates no mínimo controversos para atrair audiência.

Foi assim que o combate entre Kimbo Slice, à época com 41 anos, e Ken Shamrock, 10 anos mais velho, foi marcado. Os dois iriam se enfrentar no EliteXC, mas uma lesão tirou o ex-campeão do UFC do evento. No Bellator, um “freak show” que durou apenas 2m22: Shamrock quase conseguiu uma finalização por mata-leão e acabou sendo nocauteado por uma combinação de socos logo na sequência.

A despedida de Kimbo do MMA foi ainda mais bizarra. Em fevereiro deste ano, o lutador das Bahamas enfrentou Dada 5000, outro que ficou mais conhecido por seus feitos na internet do que nas artes marciais mistas. Em um combate em que os dois acabaram flagrados no exame antidoping, o final foi um nocaute em câmera lenta de Kimbo. Mais tarde, foi descoberto que Dada sofreu duas paradas cardíacas durante a luta, chegando quase ao óbito.