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Anderson Silva apoia Aldo, mas elogia McGregor: "Não temos alguém como ele"

Jeff Bottari/Zuffa LLC
Imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC

Guilherme Dorini

Do UOL, em São Paulo

12/10/2016 06h00

Um dos maiores lutadores de todos os tempos, Anderson Silva se pronunciou sobre a última grande polêmica envolvendo UFC, Conor McGregor e José Aldo. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Spider apoiou o pedido de revanche do brasileiro, mas fez questão de elogiar a forma com que o irlandês trabalha sua imagem fora do octógono, postura que, segundo ele, falta aos lutadores do Brasil.

"José Aldo merecia essa luta, sim, mas vamos lá. Isso tudo é um negócio. Eles (UFC) não estão preocupados com o que é merecido ou não. Já está comprovado pelas atitudes de Dana White que ele não está preocupado com o merecer ou não merecer. McGregor é o melhor negócio na atualidade do UFC. Não temos ninguém com a capacidade de fazer barulho como ele tem feito agora. O que ele tem feito é o que está fazendo, de certa forma, o negócio girar. E ele não está errado, está pensando no negócio dele."

Anderson evitou comparar seu problema com a organização com o de Aldo, mas concluiu que os dois terminam no mesmo lugar.

"São problemas diferentes, mas que acabam levando ao mesmo caminho. Isso é cada vez mais um negócio. Não estão preocupados com os atletas. Querem tratar o MMA como um esporte de ponta, mas ainda não é, eles não fazem com que seja. Exigem que os lutadores usem uma marca sem ao menos conversar conosco, querem que a gente faça algumas coisas para vender melhor os eventos... Mas, em contrapartida, não fazem coisas mínimas para que todos fiquem felizes. Querem o casamento ideal, mas não deixam os funcionários contentes".

Conor McGregor sabe se vender como poucos no UFC - Michael Reaves/Getty Images - Michael Reaves/Getty Images
Conor McGregor sabe se vender como poucos no UFC
Imagem: Michael Reaves/Getty Images

Spider ainda utilizou o exemplo da última disputa de cinturão de sua categoria, entre Michael Bisping e Dan Henderson, para ilustrar melhor a situação. 

"Ele (Dana White) queria aposentar o Dan Henderson. De repente, o coloca para disputar o título com Bisping. Calma, vamos entender melhor. Primeiro quer aposentar, e agora o coloca para tentar ser campeão? Claro que Dan, por tudo que já fez, merecia essa chance, é um grande lutador, mas é aí que entra a questão credibilidade. Dana fala um coisa e depois faz outra, é o que aconteceu com Aldo. É, basicamente, o seguinte: sou o dono do brinquedo, da bola. Se eu não quiser, não joga. A bola é minha e se joga do meu jogo", disse Anderson. 

Apesar das reclamações, Spider também tentou olhar o lado do UFC. "Claro que existem os descontentamentos. O Aldo tem os dele, eu tenho os meus... Cada um sabe até onde pode brigar por o que acha que é certo. Mas vale lembrar que temos um contrato, nós assinamos. Concordamos com tudo que está ali. Temos que acabar aceitando, não por imposição, mas sim porque está no contrato. Temos que fazer a nossa parte".

McGregor é a maior estrela do UFC - LE Baskow/Las Vegas Sun/AP - LE Baskow/Las Vegas Sun/AP
McGregor é a maior estrela do UFC
Imagem: LE Baskow/Las Vegas Sun/AP

NOVA GERAÇÃO BRASILEIRA

Essa "nossa parte" é a grande preocupação de Anderson em relação ao futuro dos lutadores brasileiros no UFC. Segundo ele, a nova geração não soube se adaptar ao novo momento que vive a organização, fundamental para o sucesso dos atletas nos próximos anos.

"Isso preocupa. Temos que estar preparados de todas as formas. Hoje não adianta ser apenas um bom atleta. Você precisa ter uma imagem vendável, ser carismático, passar uma verdade para o público que está assistindo... Você pode até não ser 100% fora da curva, mas precisa ser carismático, fazer com que gostem de te ver lutando, saber exatamente o que falar na hora certa, no momento certo... Isso traz o público ao seu favor e sua imagem acaba sendo vendida de uma forma mais concreta. Hoje em dia, infelizmente, não é mais artes marciais. Eles pensam exclusivamente nas vendas e nos números. E isso é o que precisa mudar na cabeça dos brasileiros, das novas gerações. Precisam saber como se portarem e direcionarem suas carreiras fora do octógono. Só assim voltaremos a ter respeito", opinou.

Anderson ainda deu uma dica aos iniciantes. "É nisso que temos que pensar. Nossos lutadores precisam montar estratégias, ter empresários mais participativos em relação as estratégias de como vender sua própria imagem. Acho que isso é cada vez mais fundamental para a carreira de um lutador", finalizou Spider.

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