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De Rose diz que doping de Fabíola é "muito leve" e não ameaça disputa do Pan

Rafael Krieger

Em São Paulo

21/06/2011 21h33

Responsável pelo Painel de Controle da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e membro-fundador da Agência Mundial Antidoping (Wada), o médico Eduardo de Rose assegurou que a nadadora Fabíola Molina não foi beneficiada pelo uso de doping porque o estimulante ingerido por ela é “muito leve”.

De Rose enviou esse parecer para a Federação Internacional de Natação (Fina), que deverá aprovar a punição de dois meses aplicada em Molina. Assim, a nadadora não corre risco de perder o direito de disputar o Troféu José Finkel de agosto e os Jogos Pan-Americanos de outubro, próximas competições de seu calendário.

Segundo o médico, a Fina não deverá aumentar a pena de Fabíola por levar em conta que a competição não valia medalha, e a substância não fez com que ela melhorasse seu desempenho a ponto de prejudicar outros atletas.

“Esse é um estimulante muito leve, que praticamente não adiciona nada à performance”, explicou De Rose. A Metilhexanamina é tolerada em treinamentos, mas proibida em competições. “Foi mais um descuido do que qualquer outra coisa, e ela pagou muito caro com esses dois meses. Então eu acredito que a Fina não vá discutir essa punição”, completou.

FABÍOLA RECONHECE USO DE DOPING

"No momento do exame, relatei os suplementos que tinha tomado, inclusive o sache que havia recebido. Quando o relatei, o médico responsável me alertou para o componente nocivo do produto para a minha surpresa. Reconheço que por um descuido ingeri essa substancia que não é permitida em competição, e que não tive a intenção de obter ganho de performance (e nem houve)".

Fabíola Molina foi flagrada no exame da seletiva do Mundial de Xangai no dia 22 de abril, após tomar um suplemento de amostra grátis sem consultar seu médico. Segundo a carta divulgada pela nadadora nesta terça, ela foi alertada no ato do exame sobre a proibição da substância, mas nada pôde fazer.

A CBDA se reuniu para analisar o caso e decidiu punir Fabíola com uma suspensão de dois meses a partir de sua última prova, disputada no dia 8 de maio. Com isso, a nadadora ficará fora do Mundial de Xangai no mês que vem, e ainda perdeu o índice conquistado para os Jogos Olímpicos de 2012.

Como deverá disputar o José Finkel e o Pan, Fabíola terá mais chances de recuperar o índice olímpico e assegurar a sua vaga em Londres. Ela ainda irá disputar os Jogos Militares em agosto, mas essa competição não será afetada pela sua punição.  

Quanto às providências a serem tomadas contra os fabricantes de produtos que contém doping, De Rose explicou que se trata de uma responsabilidade dos órgãos judiciais: “São empresas internacionais, e é muito complicado controlar. Isso acontece normalmente nesses casos de menor periculosidade”.

A irresponsabilidade do fabricante é outro fator que a Fina deverá considerar na análise da punição de Fabíola: “Eles levam isso em conta e trabalham muito em cima disso, na parte de educação junto aos atletas”, concluiu De Rose.