Topo

Fina tem até 20 dias para contestar advertência a Cielo após doping

Cielo perdeu os resultados do Troféu Maria Lenk, mas escapou de suspensão - Satiro Sodré/Divulgação/CBDA
Cielo perdeu os resultados do Troféu Maria Lenk, mas escapou de suspensão Imagem: Satiro Sodré/Divulgação/CBDA

Alexandre Sinato

Em São Paulo

01/07/2011 16h20

Cesar Cielo e os outros três nadadores que testaram positivo em exame antidoping podem receber punição mais severa que a advertência aplicada pela Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). A Federação Internacional de Natação (Fina) pode não acatar o parecer enviado pela entidade brasileira e contestar a punição.

CÁPSULA DE CAFEÍNA FOI RESPONSÁVEL POR CONTAMINAÇÃO ALEGADA POR CIELO

Uma simples cápsula de cafeína foi a vilã do caso de doping de Cielo. Marcus Bernhoeft, médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, revelou ao UOL Esporte que a defesa do campeão olímpico se baseou na contaminação de cápsulas com a substância feitas em uma farmácia de manipulação. O uso de cafeína é permitido.

"Ele usa esse suplemento, a cafeína. Ela é feita em farmácia de manipulação e de repente pode estar contaminada. Isso que foi bem esclarecido pela equipe do Cielo no painel. A defesa foi baseada em de onde surgiu a furosemida e eles chegaram à conclusão de que foi de uma contaminação na farmácia de manipulação. Por isso foi a surpresa geral", disse Bernhoeft, que estava com Cielo no Aberto de Paris, na semana passada, onde o campeão olímpico conquistou três medalhas de ouro.

A Fina tem até 20 dias para se manifestar sobre o caso. A entidade sediada na Suíça pode tomar dois caminhos. O primeiro é aceitar as explicações dos nadadores e a pena aplicada pela CBDA e arquivar o processo. O segundo é pedir mais detalhes da CBDA e aprofundar a investigação.

Enquanto isso, Cesar Cielo, Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked foram apenas advertidos pela CBDA por testarem positivo para a presença de furosemida, em exame antidoping realizado no Troféu Maria Lenk, no início de maio deste ano.

O painel de Controle Antidoping da CBDA aplicou apenas uma advertência aos quatro atletas, “uma vez que não foi identificada culpa ou negligência por parte dos mesmos no episódio”.

Cielo e os demais nadadores alegaram que houve uma contaminação em suplemento de cafeína produzido por uma farmácia de manipulação. Nadadores consomem cafeína regularmente em treinos e competições. Por isso, os quatro atletas não pediram amostra B do exame e confirmaram que usaram o suplemento comum em suas rotinas.

CBDA APLICA PUNIÇÃO MENOR POR “HISTÓRICO”

CBDA/Satiro Sodré

A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) realizou nesta sexta-feira o julgamento do caso de Cesar Cielo e dos outros três atletas flagrados com furosemida. Apesar da infração, o quarteto levou apenas uma advertência.

“O Painel de Controle de Doping instaurado pela CBDA na sexta-feira, 01/07, presidido pelo Prof. Dr. Eduardo de Rose e também composto pela Dra. Sandra Soldan, Dr. Marcus Bernhoeft e o Dr. Cláudio Cardone considerou o histórico dos atletas e o regulamento da Federação Internacional de Natação”.

ENTENDA O QUE É FUROSEMIDA; OUTROS BRASILEIROS JÁ TESTARAM POSITIVO

A substância encontrada no exame antidoping de Cesar Cielo é um diurético e não é um estimulante artificial para ganhos esportivos. Considerado proibido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), a furosemida pode esconder substâncias dopantes. Os efeitos do remédio se manifestam rápido no corpo, de uma a três horas.

Vários atletas já foram pegos no antidoping por uso de furosemida. Um dos casos mais emblemáticos foi o da triatleta Mariana Ohata, em 2009. Por ser reincidente, ela pegou seis anos de suspensão.

Na natação, Daynara de Paula foi suspensa por seis meses em 2010. Ela alegou que uma farmácia havia incluído sem autorização a substância proibida na fórmula de seu suplemento. No futebol, Renê, goleiro do Bahia, também testou positivo para furosemida no ano passado.

FABÍOLA MOLINA TAMBÉM FOI PEGA NO ANTIDOPING, EM JUNHO

No final de junho, Fabíola Molina testou positivo para uma substância proibida e foi suspensa por dois meses pela Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). Ela afirma ter consumido um suplemento alimentar e não procurou a CBDA para saber a legalidade do produto. "“Foi uma coisa idiota, sem objetivo algum. Eu já tinha o índice para o Mundial, não tinha por que me dopar”. LEIA MAIS