Sem responder a perguntas, Cielo usa exames constantes como defesa

Durante o painel, eu e meus colegas informamos todos os dados que poderiam ajudar a esclarecer como essa substância foi encontrada. Esse suplemento, que tomo sempre, tem eficácia comprovada para velocistas. Sempre fiz uso desse suplemento e nunca tive problemas em exames anteriores. Acredito que foi um fato isolado

Saio desse episódio com três grande ensinamentos. O primeiro é que quem não deve não teme. Estou de cabeça erguida e de peito aberto. O segundo é que a verdade sempre aparece e isso foi provado aqui. O último é que o que não te derruba te fortalece. Sairemos mais fortes depois disso e faremos tudo o que for possível para continuar representando bem o Brasil

Eu nado desde criança e durante toda minha carreira sempre tive cuidado com todo tipo de medicamento. Nunca utilizei nenhum recurso ilícito que pudesse melhorar meu desempenho

Acredito que todo mérito é resultado de treino, dedicação e seriedade. Tenho convicção de que todos os resultados de um nadador vêm desses pilares. Sem isso, resultados não vêm. Em nenhum momento fomos negligentes ou imprudentes

O painel da CBDA

Nesta sexta-feira, a CBDA chocou o mundo esportivo brasileiro ao anunciar que o campeão olímpico Cesar Cielo tinha sido flagrado em exame antidoping durante o Troféu Maria Lenk, no início de maio. Além dele, Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked foram flagrados.

Vilão em cápsulas de cafeína

A substância encontrada foi o diurético furosemida, que faz parta da lista proibida porque pode mascarar a presença de outras substâncias. A defesa usada pelos nadadores foi que as cápsulas de cafeína usadas por Cielo tinham sido contaminadas. Os outros três atletas usaram a mesma substância, por confiança no material do campeão olímpico.

Farmácia admite contaminação

Para corroborar com sua versão, Cielo apresentou um laudo da farmácia de manipulação que elaborou as cápsulas, admitindo a contaminação com diuréticos. Sandra Soldan, chefe de antidoping da CBDA, confirmou que exames mostraram, além da furosemida, outro diurético – e que as amostras dos atletas não apontavam o perfil de quem usou a substância para perder líquidos.

Fina tem 20 dias para contestar

Após a análise do caso, a CBDA puniu os atletas apenas com uma advertência. Os documentos da audiência foram, então, enviados para a Fina (Federação Internacional de Natação). Agora, o órgão máximo da modalidade tem 20 dias para analisar o caso. A entidade ainda pode pedir novas informações para a CBDA e mudar a punição. Caso concorde com a punição aplicada pelos brasileiros, o caso será arquivado.

Mundial pesou para advertência?

Ao comentar o caso, dois dos médicos que participaram do painel da CBDA que advertiu os nadadores mostraram opiniões divergentes sobre a punição. Sandra Soldan, responsável pelo controle antidoping da Confederação, disse que “seria descabido fazer os meninos perderem o Mundial por causa disso. Esse fator [a proximidade do Mundial] e as provas contaram”. Já o especialista Eduardo de Rose falou que “[a proximidade do Mundial] Não interferiu em coisa nenhuma. A Sandra [Soldan] fala o que quer”.