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Arredios por conta do caso Cielo, nadadores veem momento difícil do esporte

Gustavo Franceschini

Em Guaraulhos (SP)

11/07/2011 10h00

O doping do maior nadador brasileiro da história e um dos maiores do esporte no momento mexeu com a rotina dos demais atletas. No embarque da seleção brasileira para o Mundial de piscina longa em Xangai, na China, a delegação evitou falar do caso Cesar Cielo e admitiu que a modalidade está em xeque no Brasil.

O campeão olímpico e mundial, assim como outros quatro atletas, testou positivo para furosemida, substância usada para mascarar outras drogas, no trofeu Maria Lenk. Após receber uma advertência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Cesar Cielo viu a Federação Internacional (Fina) apelar para a Corte Arbitral do Esporte, que pode puni-lo com até dois anos de suspensão.
“[O caso Cielo] afeta. A seleção está nessa crise. É ruim porque fica essa energia... Você abaixa um pouco a cabeça”, disse Leonardo de Deus.

“Eu não diria que é uma crise. Foi uma infelicidade ter sido em um ano pré-olímpico. Eu diria que é um momento ruim”, disse Henrique Rodrigues.

Além de Cielo, Henrique Barbosa, Nicholas Santos e Vinicius Waked forma flagrados no exame. Semanas antes, a veterana Fabíola Molina também havia testado positivo e teve seu índice para o Mundial de Xangai cassado.

O clima de instabilidade contagiou a delegação. Cielo contrariou a programação divulgada por sua assessoria pessoal e a da CBDA e não viajou com os colegas na madrugada de domingo para segunda. Sempre que foram questionados pela reportagem sobre o paradeiro do nadador, os demais atletas davam respostas evasivas, evitavam comentar o doping.

“As pessoas que têm de se preocupar com isso estão fazendo isso”, limitou-se a dizer Bruno Fratus, que pode rivalizar com Cielo nas provas de 50m e 100m livre.

“Eu estou focada em fazer o meu melhor e reduzir meus tempos. Só posso falar sobre isso”, disse Daynara de Paula.

Um dos poucos que se manifestou mais abertamente, Felipe França falou em apoiar Cielo. “Ele é um grande amigo, mas eu ainda não falei com ele depois disso. Eu não tenho certeza de que ele não usou, mas tenho certeza que ele é meu amigo e vou orar por ele”, disse o nadador.